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O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, chamou a atenção para o peso que tem ganhado nos Estados Unidos a explicação de que os juros americanos têm subido, entre outros possíveis motivos, pela necessidade de financiamento da economia da América do Norte.
Segundo ele, depois de tantas tentativas de explicar o que estava acontecendo nos EUA para a abertura de taxas, como a reversão do afrouxamento quantitativo, que enxuga a liquidez da economia, e até mesmo uma menor demanda do Japão pelos Treasuries, parece se consolidar a percepção de que os juros de longo prazo sobem por questões fiscais e pelo maior custo da dívida.
A necessidade de financiamento dos Estados Unidos, pontuou Galípolo, gira em torno de US$ 200 bilhões por mês, levando a um aumento das emissões de títulos, que leva os juros para cima.
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O diretor do BC observou que a discussão agora é sobre quão alta e por quanto tempo se manterão as taxas de juros nos EUA. Esse foi, inclusive, tema de discussão no Copom anterior, segundo Galípolo.
O comitê, disse o diretor do BC, debateu o que significaria esta taxa de juros mais alta nos Estados Unidos. Ele apontou o receio de que os juros americanos levem a discussões sobre taxa de juros neutra mais elevada. Afinal, a maior economia do mundo entrou num cenário “higher for longer”, ou seja, de taxas de juros mais altas por mais tempo.
“Muitas pessoas têm destacado que pode ser uma ideia de risco fiscal. Esta discussão é bastante complexa, e bastante nova, quando a gente analisa a que tipo de aflições a economia norte-americana está submetida hoje. Mas a verdade é que isso é um ponto de atenção para a economia brasileira e a política monetária brasileira, e para as economias emergentes”, disse Galipolo.
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De acordo com o diretor do BC, “passamos um bom tempo achando que, através do quantative easing afrouxamento quantitativo, que a taxa de juros tinha acabado, e agora temos vários de nossos pares sofrendo muitos desses problemas que a gente conhecia antes, especialmente os que têm moeda de carry.
Ele frisou que a queda do diferencial de juros gera preocupações em mercados emergentes. Considerou, porém, que o Brasil está em situação melhor do que a de seus pares na atração de investimentos internacionais, pelas reservas robustas e vantagens significativas de ter uma matriz limpa na transição energética.