Gerdau (GGBR4) tem resultado apontando desaceleração, mas dentro do esperado: ações caem 4%

Pior resultado nos Estados Unidos, por conta de paradas para manutenções, e menor fluxo de caixa foram surpresas negativas

Vitor Azevedo

Publicidade

As ações preferenciais da Gerdau (GGBR4) caíram forte na sessão desta quarta-feira (9) após a companhia ter, na véspera, divulgado um balanço do segundo trimestre pouco animador – mas já dentro do esperado. Os ativos GGBR4 fecharam a sessão pós-resultado com queda de 4,04%, a R$ 25,86.

“A Gerdau divulgou seus resultados com Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês] ajustado de R$ 3,7 bilhões, queda de 12% no trimestre e de 43% no ano, mas em linha com o nosso consenso”, diz o time do Credit Suisse, liderado por Vanessa Quiroga. “As receitas líquidas também vieram em linha, mas caíram 3% sequencialmente, para R$ 18,3 bilhões, seguindo a menor receita do braço norte americano”.

Com o mercado brasileiro pouco animador, devido à situação do cenário macroeconômico local, as operações da companhia nos Estados Unidos vêm carregando, já há algum tempo, o otimismo com os balanços da metalúrgica. O país tem sua economia ainda aquecida e viu o governo liberar pacotes de infraestrutura.

Continua depois da publicidade

“Em nossa visão, a normalização da lucratividade para a Gerdau North America já era esperada e destacamos que as margens permaneceram fortes em comparação com a média histórica, mesmo sendo afetadas pela menor diluição de custo”, fala o time.

Em parte, o Credit Suisse explica que o pior desempenho se deu por parte da menor oferta da Gerdau no país, com manutenção mais longa da unidade de Whitby e uma revisão não programada na planta de produção de vergalhões, em Charlotte.

O Ebitda do braço americano ficou em R$ 1,7 bilhão, queda de 25% no trimestre e de 37% no ano. As margens saíram de 30,2% no primeiro trimestre para 26,1%.

Continua depois da publicidade

“A Divisão América do Norte da empresa foi afetada por paradas de manutenção, o que ajudou os volumes de vendas a caírem 12% trimestralmente e 13% no ano. Como resultado, seu Ebitda caiu 25% frente ao primeiro trimestre”, corrobora a equipe do Santander, encabeçada por Rafael Barcellos.

Nas operações brasileiras, do outro lado, o Ebitda de R$ 992 milhões dividiu opiniões. O Credit Suisse viu o número 3% acima do seu consenso, mas o Morgan Stanley projetava um valor 4% maior.

Segundo a instituição suíça, o braço brasileiro conseguiu aumentar sua receita líquida 5% trimestralmente, para R$ 7,2 bilhões, apostando em maiores volumes, já que o faturamento por tonelada caiu 0,8% na mesma base.

Continua depois da publicidade

“Apesar de uma contração do mercado doméstico de 1,4% t/t, segundo o IABr (Instituto Aço Brasil), as remessas aumentaram 5% trimestralmente, para 1,3 milhão de toneladas, 2,5% acima do que esperávamos, impulsionadas por maiores volumes de exportação”, falam.

O Morgan, do outro lado, defende que os menores preços realizados foram apenas parcialmente compensados pelo aumento do volume.

“O Brasil viu um pequeno aumento no volume devido à dinâmica do mercado estrangeiro, apesar da redução no preço realizado causada pelo aumento na exportação de produtos semiacabados”, explica a Genial. “Produtores chineses de aço doméstico estão vendendo seus produtos em outros mercados globais devido à fraca atividade econômica na China, levando a um prêmio de 10% para aço longo (2/3 do portfólio da Gerdau) e de 20 a 25% para aço plano (1/3 do portfólio da Gerdau). Isso resultou em dificuldades nos ajustes de preços, pois os players começariam a perder uma participação de mercado significativa no Brasil”.

Continua depois da publicidade

Recentemente, outras metalúrgicas, como Usiminas e CSN, reclamaram da falta de proteção ao aço brasileiro.

Por fim, os segmentos de aços especiais e América do Sul foram, consensualmente, os destaques positivos do trimestre.

“O Ebitda para a divisão da América do Sul atingiu R$ 481 milhões, 19% acima das nossas projeções. O número foi apoiado por um forte desempenho das joint ventures na Colômbia e na República Dominicana.”, diz o Credit Suisse. “Quanto à divisão de Aços Especiais, o Ebitda de R$ 603 milhões ficou 5% acima do nosso consenso, com melhora de margem principalmente devido a remessas mais altas”.

Continua depois da publicidade

O Santander menciona que “o principal destaque positivo foi sua Divisão de Aço Especial, impulsionada por uma recuperação de volume no Brasil e pela demanda consistentemente sólida na América do Norte”.

Por fim, especialistas chamam a atenção para o fato de que o fluxo livre de caixa, de R$ 784 milhões, ficou aquém do esperado, por conta do aumento do capital de giro. O ciclo de conversão de caixa saiu de 78 dias no primeiro trimestre para 81 dias no segundo.