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A temporada de balanços corporativos das companhias aéreas listadas na Bolsa brasileira começa oficialmente nesta quarta-feira (26). Gol (GOLL4) dá a largada e vai apresentar seus números do primeiro trimestre antes da abertura do pregão. A Azul (AZUL4), que inicialmente divulgaria resultado esta semana, remarcou a publicação para o dia 15 de maio.
Para a Gol, o consenso Refinitiv prevê mais um trimestre de lucro, com uma cifra positiva de R$ 58,11 milhões. O número é inferior aos R$ 230,9 milhões do quarto trimestre de 2022, mas reverte o prejuízo de R$ 2,608 bilhões de um ano antes. A média das projeções do mercado aponta para receita de R$ 4,729 bilhões.
No caso da Azul, o mercado espera por um novo prejuízo, de R$ 553,72 milhões, revertendo o lucro de R$ 231,2 milhões obtido no trimestre imediatamente anterior. As receitas, por sua vez, devem vir em R$ 4,480 bilhões, levemente acima dos R$ 4,454 bilhões no quarto trimestre.
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Os três primeiros meses do ano foram marcados por números operacionais fortes. Além disso, no período, as aéreas anunciaram avanços importantes nas renegociações de suas dívidas, visando a redução de pagamentos de leasings e juros. Porém, os analistas acreditam que esses acordos ainda não devem ter impacto nos resultados que serão divulgados nas próximas semanas.
Prévias operacionais das companhias surpreenderam positivamente os agentes de mercado, mostrando uma taxa de ocupação mais alta do que a usual para o período período.
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No caso da Gol, o volume total de passageiros transportados (RPK) no trimestre foi de 9,3 bilhões e a oferta total de assento (ASK) foi de 11,1 bilhões. A taxa de ocupação foi de 83,3% contra 81% no mesmo trimestre do ano passado.
Já o RPK da Azul no primeiro trimestre foi de 8,6 bilhões e o ASK, de 10,8 bilhões. A taxa de ocupação foi levemente inferior à do mesmo trimestre do ano passado (79,6% contra 80,4%).
Impacto de câmbio e dólar nos balanços: o que esperar?
A Genial Investimentos acredita que o yield deve se manter em níveis elevados no primeiro trimestre. Os analistas destacam a sazonalidade favorável dos três primeiros meses do ano para o setor. Além disso, as companhias foram favorecidas pelo efeito integral de isenção do PIS/Cofins no período, assim como a desoneração de ICMS do querosene de aviação (QAV), que foi estendida. Também joga a favor de Gol e Azul a queda significativa no preço do petróleo ao final do ano passado e um dólar relativamente inferior.
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“Utilizando o câmbio de fechamento dos três primeiros meses [de 2023], podemos observar uma redução marginal do preço do dólar, que por sua vez apresentou média de fechamento inferior à que havíamos visto nos últimos trimestres”, diz a prévia da Genial, escrita pelos analistas Ygor Bastos e Bernardo Noel.
“Com isso, acreditamos que o resultado financeiro não deverá comprimir o bottom line [lucro líquido] das empresas nos mesmos níveis que observamos em 2021 e 2022.”
Quanto ao combustível, apenas parte da redução do preço do QAV deve se refletir nos resultados do trimestre, pois há uma defasagem de aproximadamente 45 dias para que o ajuste seja efetivamente repassado às aéreas.
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Bastos e Noel observam que o cenário de retomada fez com que o bom nível de demanda persistisse ao longo do primeiro trimestre. Isso ajudou a manter o nível de tarifa por quilômetro voado em patamar elevado.
Mais um trimestre de recuperação
A expectativa é que ambas as empresas reportem números sólidos, tanto em termos operacionais quanto em margens. Nesse sentido, a Genial se mostra mais otimista com Gol, lembrando que a companhia segue abaixo dos níveis pré-pandemia.
A XP acredita que o primeiro trimestre vai ser mais um período de recuperação para a companhia. A casa vê melhora nos níveis de rentabilidade, mas também enxerga pressão nos custos operacionais.
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Na semana passada, a companhia soltou guidance em que elevou suas estimativas de lucro por ação no primeiro trimestre, para R$ 0,60.
Bastos e Noel esperam um trimestre sem muitas novidades para a Azul. “A recente adição dos slots de Congonhas ainda não deve surtir efeito significativo no trimestre, visto que a operação deles se iniciou no dia 26 de março”.
Já a XP fez uma avaliação positiva das prévias da companhia e espera que a Azul dê sequência ao seu processo de recuperação no trimestre.
Para a Genial, ao longo do semestre, as aéreas também podem se beneficiar do ritmo de recuperação do corporativo. A casa também observa que mesmo com uma queda no preço das passagens aéreas de 10% na média do trimestre, o patamar das tarifas ainda é mais elevado que a série histórica.
No entanto, os analistas alertam que a demanda esperada pelas companhias pode não se sustentar no patamar de tarifas projetado por elas. “No nosso cenário base, ainda estamos mais pessimistas que o mercado em relação à trajetória do câmbio em 2023”, afirmam Bastos e Noel.
Diante de incertezas quanto a eficiência do arcabouço fiscal proposto pelo governo, a Genial espera que o dólar possa voltar a ficar acima de R$ 5,50. O real também poderia ser impactado negativamente por uma possível mudança na meta de inflação de longo prazo.
Olhando para os próximos 12 meses, a Genial reitera a recomendação “vender” para Gol e “manter” para Azul. A XP tem avaliação neutra para ambos os papéis.