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Em uma semana, na próxima terça-feira (26), acaba o prazo para que os acionistas da Gol (GOLL4) exerçam o seu direito de subscrição dos bônus anunciados no último dia 15 de agosto pela empresa. Desde que a operação foi comunicada ao mercado, as ações da companhia acumulam queda de quase 40%.
Nesta segunda-feira (18), porém, as ações fecharam com ganhos, de 1,82%, com os papéis cotados a R$ 6,70. A ação subiu mesmo após o JPMorgan cortar o preço-alvo da aérea, de R$ 12,50 (final de 2023) para R$ 7 (final de 2024). O banco citou incertezas após a emissão dos títulos que podem diluir a participação de minoritários em até 70%.
Não bastasse a operação, as últimas semanas da empresa, assim como de sua concorrente, a Azul (AZUL4), têm sido turbulentas, por conta da recente alta do preço do barril do petróleo no mercado internacional, visto que os combustíveis representam em torno de 40% dos custos dessas empresas.
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Outra Casa que também está pessimista com a Gol é o Citi, que cortou sua recomendação logo após o anúncio da subscrição. No dia seguinte, as ações da companhia aérea caíram 12,5%.
Os detalhes da emissão da Gol
A Gol informou que o conselho de administração da companhia aprovou a emissão de até 1,9 bilhão de bônus de subscrição de ações preferenciais, de acordo com as seguintes condições:
- O valor por cada bônus foi precificado em R$ 5,84;
- O detentor do bônus tem o direito de subscreve-lo em uma ação preferencial da companhia, desde que desembolse mais R$ 5,82;
- Cada ação preferencial detida pelo investidor da Gol hoje dá direito a adquirir até 4,5 bônus de subscrição;
- Cada ação ordinária, por sua vez, dá direito à subscrição de 0,13 bônus;
- A conversão poderá ser feita até 2028.
Sendo assim, o custo total para adquirir uma ação preferencial da companhia via subscrição do bônus sairia por R$ 11,66, quase o dobro do valor atual do papel.
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“A emissão desses bônus pode implicar em um aumento de capital, dado que os acionistas vão precisar injetar dinheiro na companhia para manter seus direitos”, observam os analistas do Itaú BBA, Gabriel Rezende, Daniel Gasparete e Luiz Capistrano.
A equipe de análise aposta que os minoritários não devem fazer parte da oferta. “Até para os investidores mais confiantes, faria mais sentido comprar novas ações GOLL4 do que subscrever o bônus”.
Diluição dos minoritários
Ao anunciar a emissão, a Gol informou que seu acionista controlador, a holding Abra, se comprometeu a subscrever a totalidade da parte desses bônus a qual tem direito (991,95 milhões de bônus). A Abra, que também controla a Avianca, é também o maior credor da Gol atualmente e possui US$ 1,2 bilhão em secured senior notes da Gol.
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A holding anunciou, em fevereiro, um investimento de US$ 451 milhões na companhia e recomprou US$ 1,1 bilhão em bonds.
O Goldman Sachs observa que, caso haja apenas a conversão desse volume mínimo de bônus, a diluição da base seria de 70%. “Em um cenário no qual todos os bônus sejam convertidos, a diluição para aqueles que não tem os bônus poderia chegar a 82%”, afirmam os analistas do banco.
Assim, o Goldman conclui que os acionistas que optarem por participar da emissão podem não ser diluídos, enquanto aqueles que ficarem de fora tendem a sofrer uma “significativa diluição”. A Casa se mantém neutra com relação a Gol e tem preço-alvo de R$ 13,50.
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Já o Citi baixou a recomendação dos ADRs, os ativos da companhia negociados na Bolsa americana, de compra para neutra/alto risco após o anúncio da emissão. Os analistas avaliam que a Gol parece estar no caminho certo, do ponto de vista operacional. Mas vê a emissão dos bônus de subscrição como algo drástico.
“A participação da companhia na Abra, juntamente com a colombiana Avianca, e agora uma planejada e massiva emissão de bônus, parecem medidas drásticas que criam desafios importantes para os acionistas minoritários”, avaliam.
O preço-alvo dos ADRs passou de US$ 7,75 para US$ 4,20.
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“A Gol precisa de caixa para se capitalizar e hoje o mercado privado no Brasil está bem fechado para esse tipo de companhia”, afirma Luan Alves, analista-chefe da VG Research.
“De todo jeito, é uma emissão negativa para o mercado, uma sinalização ruim. Diluição só é bom quando gera mais valor ao acionista e nesse cenário de tanta incerteza, é difícil ficar confortável com esse tipo de estratégia operacional”, afirma o analista.
Até o fechamento da última segunda-feira (18), GOLL4 acumulava baixa de 4,69% em setembro, estando entre as 12 maiores quedas do Ibovespa. No acumulado do ano, a ação já caiu 8,7%.