Governo corre para evitar prejuízos para um dos maiores negócios da economia brasileira

A Operação Carne Fraca ameaça atingir um negócio que, com 7% do receita, ocupa o terceiro lugar na pauta de exportações brasileiras. A vigilância sanitária brasileira está sob suspeita. E são claras as influências políticas no Ministério da Agricultura.

José Marcio Mendonça

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Com uma rapidez e uma eficiente estratégia, desconhecidas até então, o governo Temer montou uma ofensiva para tentar conter os prejuízos para a economia brasileira, tanto no campo interno como no externo, mais neste último, das revelações da Operação Carne Fraca sobre falcatruas num dos setores econômicos mais bem sucedidos do país: a produção, processamento e venda de carne e derivados. E que pega as duas maiores empresas brasileiras do setor: JBS Friboi e BRF Foods, também grandes financiadoras de campanhas políticas.

Em uma frente, por exemplo, anunciou que vai apertar a fiscalização do setor, fazer investigações mais rigorosas sobre o que aconteceu nos 21 frigoríficos investigados pela Polícia Federal, fazer reuniões com os paises que consomem o produto nacional. Na outra, critica o exibicionismo da PF na operação e leva embaixadores creditados em Brasília para jantar numa churrascaria.

O governo garante que é um problema pontual, apenas das áreas investigadas, porém há dúvidas, suspeitas mais generalizadas. E com uma boa dose de razão, pois não são desconhecidas das influências político-partidárias em indicações e nomeações para esse setor. Haja vista a conversa gravada pela PF entre o então deputado e hoje ministro da Justiça, Osmar Serraglio, e um dos fiscais suspeitos de liderar o esquema no Paraná.

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Ninguém desconhece o poder de influência da bancada ruralista no Ministério da Agricultura. As nomeações das representações regionais da pasta passam por ela. Informa, por exemplo, a repórter André Sadi, da Globonwes, que o ministro Blairo Maggi recebeu sinal verde do presidente Michel Temer para fazer mudanças nesta área.

Reverter a imagem desgastada da carne brasileira, que já está correndo mundo desde sexta-feira, Alguns dos maiores compradores de nossa produção, como a União Européia, a China e os Estados Unidos já pediram explicações detalhadas sobre a vigilância sanitária brasileira. O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, definiu bem a situação. “A reputação do Brasil está em jogo”. Mais que a reputação, corre risco o rico negócio: a exportação de carnes, com 7% de receita é o terceiro item da pauta de comércio exterior brasileira, atrás apenas dos grãos e dos minérios.

AS VOTAÇOES NO CONGRESSO

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E O COMÍCIO DE LULA

A expectativa do Palácio do Planalto é que mais este “pepino” não venha a prejudicar o andamento de seus projetos de reforma no Congresso, além das expectativas para a liberação dos processos das delações premiadas da Odebrecht, que começam a ser analisadas a partir de hoje pelo ministro Edison Fachin.

A esperança é que a Câmara vote pelo menos o projeto de terceirização da mão-de-obra, adiada da semana passada, ponha da pauta do plenário a reforma trabalhista e comece a discutir efetivamente na Comissão Mista a reforma da Previdência, uma vez que se encerrou o prazo para apresentação de emendas.

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Para o governo e os partidos aliados meditarem: o evento ontem promovido para a “inauguração” de um trecho da transposição do Rio São Francisco pelo ex-presidente Lula teve uma presença popular bem maior e bem mais entusiástica de o evento do governo com Temer dez dias atrás com o mesmo propósito.

Destaques dos

jornais do dia

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– “Acordo pode levar empreiteiras da Lava-Jato a voltar às licitações públicas” (Globo)

– “BNDES refuta críticas e tentar salvar concessões; Odebrecht espera R$ 600 milhões” (Valor)

– “Segundo o TCU, governo deve cortar até R$ 65 bilhões do Orçamento” (Estado)

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– “União tem 18 mil imóveis desocupados e paga alugueis” (Estado)

– “EUA esvaziam o G-20; Brasil adere à OCDE” (Valor)

LEITURAS SUGERIDAS

Paulo Guedes – “’Outsiders’ em 2018” (diz que a corrupção sistêmica lança omissão e cumplicidade sobre tradicionais lideranças, preparando sua derrota em eleições disruptivas) – Globo
Editorial – “Casuísmo reformista” (diz que proposta de voto em lista fechada visa dificultar renovação da classe política acossada pela Lava-Jato) – Folha
Editorial – “Caixa 2 é crime” (diz que a prática não requer regulação, trata-se, a priori, de crime de falsidade ideológica) – Estado
Fernando Limongi – “A reforma eleitoral e as duas listas” (diz que a idéia é eliminar a chance de os eleitores se expressarem) – Valor

Destaques dos jornais

do fim de semana

SÁBADO

– “Petrobras reajusta em 9,8% o gás de cozinha” (Globo/Estado)

DOMINGO

– “Prazo médio para julgamento no STF sobe para quatro anos” (Estado)