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O GPA, dono da bandeira varejista Pão de Açúcar (PCAR3), realizou seu primeiro Investor Day depois do começo do seu processo de reestruturação e anúncio do spin-off do Grupo Éxito. O cenário não é o dos melhores para a ação, que caía cerca de 15% no acumulado de 2022, mais do que seus pares, e com baixa de mais de 6% na tarde desta quinta-feira (8). Em fala recente, o novo CEO da companhia, Marcelo Pimentel, destacou que ela deve voltar “a ser um supermercado premium” e, durante o evento, foram dados mais sinais da estratégia da companhia.
A apresentação, conforme destaca a equipe de análise da XP, focou nas principais iniciativas da companhia que sustentam os seus pilares estratégicos: (i) Crescimento de receita; (ii) Nível de serviço; (iii) Digital; (iv) Expansão; (v) Rentabilidade; e (vi) ESG e Cultura.
Os executivos da companhia apresentaram as principais iniciativas que dão sustentação para a execução do seu plano estratégico, explorando cada um dos pilares acima. Pimentel ressaltou a importância de focar na execução dos principais projetos, compartilhando durante o evento um pouco mais sobre o caminho para chegar aonde a empresa quer chegar até o fim de 2024.
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“Na nossa visão, o GPA percebe a categoria de perecíveis como um de seus principais diferenciais frente à concorrência, sendo ela uma ferramenta essencial para serem capazes de entregar os pilares de crescimento do digital, além de ser uma das principais propostas de valor dos formatos do Pão de Açúcar e Minuto”, aponta a XP.
A companhia também publicou um fato relevante, compartilhando o seu plano de expansão até o fim de 2024, com mais de 300 aberturas de lojas planejadas para 2022-24. O GPA vai focar no formato de proximidade (250 lojas) e em regiões em que já possuem a sua marca e rede logística estabelecidas, com potencial de incrementar o canal online e com forte presença de classes sociais mais altas (A/B).
O GPA também está focado na melhora de rentabilidade, através de três principais alavancas: i) melhores condições comerciais; ii) redução dos índices de quebra de estoques; e iii) otimização da estrutura de custos e despesas. O objetivo da companhia é de entregar uma margem Ebitda (Ebitda, ou lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, sobre receita) de 8% e 9% até 1o fim de 2024.
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Na receita, a principal tarefa será crescer pelo menos em linha com a inflação, já que o crescimento médio anual da receita da marca Pão de Açúcar está em 2,4 % nos últimos cinco anos, contra uma inflação de 5,3% (entre 2017 e 2022).
Os analistas veem as iniciativas como positivas, mas a maioria das casas ainda “espera para ver” como será o andamento das medidas.
O Credit Suisse, em relatório chamado “você não pode dar uma arrancada em uma maratona” (em tradução livre), os analistas apontam que, dada a complexidade e a dimensão das questões operacionais que a empresa começou a enfrentar,
a administração acredita que a recuperação do crescimento sustentável e da lucratividade devem ser um processo gradual.
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O Morgan Stanley vê de forma construtiva as iniciativas do GPA para aprimorar as operações no Brasil, com foco operacional na bandeira premium Pão de Açúcar e um plano de expansão voltado para o formato de proximidade. “Vemos valor com a negociação de ações em cerca de 11 vezes o lucro por ação esperado para 2024, mas aguardando a execução do plano, continuamos com classificação equalweight (exposição em linha com a média do mercado, ou equivalente à neutra).”, apontam os analistas.
O GPA tem um plano estratégico bastante claro e alinhado internamente na companhia, mas que possui riscos de execução, com potenciais ventos contrários pelo cenário macro e cenário competitivo, avalia a XP, com a equipe de análise da casa seguindo com uma visão mais cética no que diz respeito à materialização dos seus planos de monetização de ativos de curto-prazo. “Por fim, atualizamos nossas estimativas e ajustamos o nosso preço-alvo para R$ 21, mantendo nossa recomendação neutra”, aponta a XP.
O Bradesco BBI, por sua vez, está mais otimista com os ativos e possui recomendação de compra para PCAR3, com preço-alvo de R$ 30 por ativo ao final de 2023, pois vê a ação como excessivamente descontada. O banco retomou a cobertura para os ativos no fim de novembro, com visão positiva.
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Para os analistas, o Investor Day do GPA confirmou os primeiros sinais de reviravolta nas operações brasileiras. “Iniciativas
detalhadas para reviver as vendas e melhorar a experiência do cliente parecem estar valendo a pena, pois as avaliações (medidas pelo NPS) continuam a melhorar. Além disso, consideramos positivo que executivos experientes do varejo alimentar tenham se juntado ao GPA Brasil em junho de 2022 para desempenhar funções importantes, como Comercial (Joaquim Sousa) e Operações (Geraldo Monteiro)”, avalia o BBI.
O BBI espera que a margem Ebitda do GPA Brasil atinja 8,2% no ano fiscal de 2024, que caiu no limite inferior da faixa de orientação de Ebitda declarada hoje. “Em suma, o turnaround ainda está longe de ser concluído e os riscos de execução permanecem. Mas, daqui para frente, estaremos atentos às melhorias nas vendas e margens nos resultados trimestrais de 2023″, concluem.