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Os números do quarto trimestre de 2022 (4T22) do Grupo Pão de Açúcar, ou GPA (PCAR3) decepcionaram os analistas de mercado, com uma expressiva compressão de margem em cima de um prejuízo bilionário e muito acima do esperado. As ações fecharam em queda de 7,17%, a R$ 15,54.
A varejista de alimentos registrou prejuízo líquido consolidado de R$ 1,102 bilhão no quarto trimestre de 2022, revertendo lucro de R$ 777 milhões apurado um ano antes.
Em seu release de resultados, a empresa destaca que os números do quarto trimestre foram impactados por elementos excepcionais que totalizaram R$ 956 milhões. O prejuízo líquido consolidado normalizado, excluindo esses elementos
excepcionais, foi de R$ 146 milhões. O impacto quase bilionário ocorreu por conta de resultados ainda fracos na Cnova, despesas não recorrentes relacionadas à reestruturação da companhia, contingências e provisões fiscais, além de margens mais fracas no Éxito.
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O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) Ajustado ficou em R$ 835 milhões, recuo de 25,3% em relação ao quarto trimestre de 2021. Já a margem Ebitda Ajustado registrou uma queda de 2,3 p.p, passando de 9,3% para 7% na mesma base de comparação.
A receita líquida ajustada, por sua vez, apresentou leve baixa de 0,9%, chegando a R$ 11,859 bilhões frente aos R$ 11,966 bilhões registrados um ano antes.
O Credit Suisse aponta que o reportou números muito fracos, enquanto que as vendas líquidas do GPA atingiram R$ 4,9 bilhões (+10,9% na base anual), com vendas mesmas lojas subindo 3,7% na comparação anual (+7,3% ex postos de gasolina), em linha com as suas estimativas. O Proximity, Pão de Açúcar e Mercado Extra/Compre Bem tiveram crescimentos respectivos de SSS de 17,3%, 6,7% e 4,1% ao ano, respectivamente.
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Já as pressões inflacionárias afetaram a margem bruta, que diminuiu 450 pontos-base na comparação anual, atingindo 22,3% das vendas, significativamente abaixo das expectativas do banco suíço. Por outro lado, as eficiências relacionadas ao redimensionamento de projetos foram parcialmente compensadas.
Para o Morgan Stanley, o resultado do quarto trimestre foi de “transição” para a companhia. “O GPA está mudando para uma estrutura operacional de varejo de alimentos no Brasil mais simplificada”, aponta, mas mantendo recomendação equivalente à neutra (equalweight, exposição em linha com a média), ainda à espera de tração em direção ao guidance de 2024.
Por outro lado, o Bradesco BBI segue com recomendação equivalente à compra (outperform, desempenho acima da média do mercado), com preço-alvo de R$ 30 (potencial de alta de 79% em relação ao fechamento de segunda-feira).
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Para o banco, os resultados do 4T22 mostraram a continuação do progresso do GPA Brasil na recuperação da marca Pão de Açúcar e forte vantagem digital em comparação com outros varejistas brasileiros de alimentos, “embora notemos a queda de 60 pontos-base na participação online das vendas no trimestre”.
Além disso, os analistas veem como positiva a aceleração da abertura de lojas de proximidade e o crescimento consistente do SSS em todos os formatos (excluindo postos de gasolina), que são elementos-chave para o GPA Brasil retomar a alavancagem operacional e melhorar a margem Ebitda para o seu guidance de médio prazo (margem de 8% a 9% até 2024).
“Por outro lado, a queda de 4,2 pontos percentuais na margem bruta no 4T22 Brasil mostrou uma abordagem promocional mais agressiva da administração, embora ainda não tenhamos visto sua assertividade na retenção de clientes”, afirmam.
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No geral, o prejuízo de R$ 1,1 bilhão foi o principal dado que chamou a atenção neste release de resultados, principalmente pela longa lista de impactos “excepcionais” relacionados a diversos temas, afirma a casa.
Porém, à medida que se aproxima o spin-off (cisão) do Grupo Éxito (esperado para perto de junho/julho), os analistas esperam que as despesas não recorrentes sejam de fato apenas pontuais e não afetem substancialmente os ganhos ao longo de 2023. Assim, veem o negócio do Grupo Éxito como um possível fator para destravar os ativos da empresa.