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SÃO PAULO – O ex-presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, disse em painel na Expert 2019 que a questão mais relevante para o mercado global hoje é saber como a economia americana e a chinesa irão coexistir. Para ele, se a guerra comercial entre os dois países piorar muito, os EUA podem entrar em recessão pela primeira vez desde a crise do subprime.
“O sistema financeiro global não tem hoje nada que se pareça com a bolha imobiliária de 2008 ou a bolha das ponto-com de 2000, mas essa tensão geopolítica com a China pode ser muito danosa aos mercados globais”, afirma.
Bernanke disse que a situação delicada em que se encontra o Banco Central Europeu (BCE) – que teve de renovar estímulos monetários por causa da persistência da estagnação econômica no continente – tem a ver com essa disputa de forças.
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“A Europa se afastou da deflação ao promover um relaxamento monetário agressivo em 2015, mas os europeus estão muito expostos ao comércio internacional, que sofreu com a guerra comercial”, avalia.
O ex-presidente do Fed defende que a Europa precisará de uma coordenação maior entre os países da zona do euro para não ter o mesmo problema do Japão, que nem com taxas de juros negativas conseguiu promover um crescimento econômico robusto.
Trump
Bernanke criticou ainda o presidente dos EUA, Donald Trump, por querer interferir na política de juros do Fed. O ex-chairman ressaltou que isso é algo que não existiu nas gestões do republicano George W. Bush e do democrata Barack Obama.
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Como exemplo, ele lembra que no dia em que o Fed anunciou a segunda rodada de quantitative easing, programa de expansão monetária em que o banco central dos EUA comprou títulos da dívida norte-americana, Obama estava em viagem no Sudeste Aisático e foi pego de surpresa.
“Perguntaram como ele deixou que eu e minha equipe fizessem isso e o presidente só respondeu que o Fed é independente. Quando voltou, não fez nada além de perguntar se eu não poderia ter esperado uma semana”, recorda.
A situação do atual presidente do Fed, Jerome Powell, contudo, é bem diversa. O chairman sofre pressões constantes para cortar juros e estimular a economia norte-americana.
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“Não é legal acordar com um tuíte do presidente dizendo que você é idiota”, comenta Bernanke.
Ben Bernanke foi presidente do Fed de 2006 a 2013, estando no olho do furacão durante a crise econômica de 2008, depois da qual o banco central dos EUA foi obrigado a zerar taxas de juros e realizar um socorro bilionário aos grandes bancos do país.
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