Ibovespa ameniza no final, mas tem 2ª alta seguida; Bradesco dispara 4%

Índice acompanha movimento de otimismo no exterior, mas perde forças com temores sobre possível ataque a estádio de futebol na Alemanha

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Em mais um dia de apetite a riscos por parte do investidor, o Ibovespa chegou ao seu segundo pregão seguido de alta nesta terça-feira (17), acompanhando o clima de otimismo que impulsionou as bolsas mundiais. Nesta sessão, o índice fechou em alta de 0,86%, a 47.247 pontos. Do lado acionário, contribuindo para pregão positivo no mercado brasileiro, destaque para as ações de Bradesco (BBDC3, R$ 24,80, +4,60%; BBDC4, R$ 22,50, +3,73%), Banco do Brasil (BBAS3, R$ 17,61, +1,79%) e Petrobras (PETR3, R$ 9,42, +0,43%; PETR4, R$ 7,76, +0,78%), que ofuscaram as perdas das empresas dos setores de mineração, siderurgia, elétrico e exportador. O giro financeiro negociado na Bovespa foi de R$ 5,55 bilhões.

Depois de chegar a bater alta de 1,82% no começo da tarde, o índice deu uma amenizada nos ganhos, acompanhando o movimento de maior cautela dos mercados. No radar, a notícia do cancelamento da partida de futebol entre Alemanha e Holanda na cidade de Hannover como precaução após rumores sobre uma possível ameaça de explosão trouxe de volta a níveis elevados os temores globais quatro dias após os ataques em Paris. As informações trouxeram volatilidade aos índices americanos, que, ainda assim, se mantiveram no campo positivo. Até o fechamento desta matéria, os três principais benchmarks acionários dos Estados Unidos acumulavam ganhos superiores a 0,3%.

Para João Pedro Brugger, economista da Leme Investimentos, é possível que a notícia tenha impactado na Bovespa. “Sempre que surgir notícias como essas, a tendência é ficar na defensiva”, explicou. O fato de o jogo ter sido cancelado, diz, revela uma tensão das autoridades com os riscos de novos ataques. Compartilha da visão o assessor de investimentos da Monte Bravo Investimentos Bruno Madruga. Acompanhando a volatilidade dos mercados com a notícia, o dólar fechou próximo da estabilidade após operar em queda durante boa parte do dia. Nesta terça, a moeda americana fechou em leve queda de 0,04%, cotada a R$ 3,8170 na venda.

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No plano doméstico, o mercado fica atento à votação dos vetos presidenciais restantes da pauta-bomba pelo plenário do Congresso Nacional e ao novo fôlego conquistado pelo ministro da Fazenda Joaquim Levy, menos pressionado pela sombra de Henrique Meirelles – nome patrocinado pelo ex-presidente Lula. Entre os textos analisados pelos parlamentares, destaque para o veto relativo ao projeto que concede reajustes de até 78% aos servidores do Judiciário. Também vale observar a instalação da já atrasada comissão especial que vai analisar a proposta de prorrogar e elevar a alíquota da DRU (Desvinculação de Receitas da União) – projeto essencial para o equilíbrio das contas do governo no ano que vem.

Os EUA também divulgam números importantes para a economia. Os preços aos consumidores nos Estados Unidos subiram 0,2% em outubro, em linha com o esperado, após dois meses seguidos de queda, com aumento no custo da gasolina e de uma série de outros bens, sinal de que o peso sobre a inflação do dólar forte e dos preços mais baixos do petróleo começa a diminuir. Por outro lado, a produção industrial registrou queda de 0,2% em outubro, ante expectativa de alta de 0,1%.

Noticiário corporativo
No radar dos mercados, seguiu a greve dos funcionários da Petrobras. A greve está encontrando resistência de diversos sindicatos, inclusive do responsável pela Bacia de Campos, apesar do indicativo da Federação Única dos Petroleiros (FUP) pela interrupção da paralisação. O Sindipetro Norte Fluminense (Sindipetro NF), que representa funcionários da Bacia de Campos, afirmou nesta segunda-feira que permanece em greve para garantir o pagamento dos salários dos funcionários referente aos dias de paralisação e contra o plano de venda de ativos da petroleira. Campos é responsável atualmente pela produção de mais de 60% da produção brasileira de petróleo. Porém, algumas plataformas encerraram a greve.

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As ações da Vale, seguiram em forte derrocada na Bolsa, caindo cerca de 2,7% hoje, em sua nona queda em dez pregões, entre reações ao desastre com a mineradora Samarco, em Minas Gerais, e o movimento do minério de ferro. Lá fora, a commodity afundou 4,5% nesta terça-feira no porto de Qingdao, na China, indo para US$ 45,85 a tonelada, no menor patamar desde 8 de julho, em meio a receios sobre desaceleração da demanda chinesa. Acompanharam o movimento as ações da Bradespar (BRAP4, R$ 6,67, -2,77%), holding que detém participação na Vale, que renovam mínima na Bolsa desde julho de 2005. Ontem, a companhia fez uma teleconferência com o mercado para falar sobre o acidente da Samarco, mas ainda deixou algumas dúvidas, embora a empresa tenha tentado endereçar alguns pontos importantes, comentou o BTG Pactual, que segue neutro no papel, diante do atual cenário de preços de minério, queda de demanda de aço na China, além do barulho de Samarco.

As ações das siderúrgicas também fecharam em queda nesta sessão, com exceção dos papéis da Gerdau (GGBR4, R$ 5,27, +4,56%). Mais cedo, dados apresentados pelo Instituto Aço Brasil mostraram que a produção de aço no País em outubro caiu 2,3% em comparação com o mesmo período do ano passado, para 3 milhões de toneladas. O desempenho só não foi pior em decorrência da estratégia de ampliar exportações.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

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 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ESTC3 ESTACIO PART ON 16,57 +10,10 -29,20 34,64M
 BRKM5 BRASKEM PNA 25,13 +5,59 +51,20 99,29M
 SMLE3 SMILES ON 32,97 +4,67 -25,65 29,96M
 BBDC3 BRADESCO ON 24,80 +4,60 -11,81 52,30M
 GGBR4 GERDAU PN ED 5,27 +4,56 -43,28 103,32M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Ibovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 GOAU4 GERDAU MET PN 2,09 -8,73 -81,20 54,28M
 ELET3 ELETROBRAS ON 6,00 -4,15 +3,45 8,75M
 USIM5 USIMINAS PNA 2,46 -3,53 -51,02 20,22M
 VALE3 VALE ON 14,52 -3,52 -30,16 66,79M
 VALE5 VALE PNA 12,07 -3,44 -33,14 245,73M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o Ibovespa, foram :

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN 28,61 +0,70 403,50M 413,27M 34.824 
 PETR4 PETROBRAS PN 7,76 +0,78 401,46M 373,46M 45.679 
 BBDC4 BRADESCO PN 22,50 +3,73 366,10M 288,32M 41.522 
 VALE5 VALE PNA 12,07 -3,44 245,73M 276,29M 29.730 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 12,09 +0,67 180,54M 130,70M 26.793 
 ITSA4 ITAUSA PN 7,56 +1,48 170,68M 139,23M 51.513 
 BRFS3 BRF SA ON 56,45 +1,49 152,54M 231,41M 13.763 
 BBSE3 BBSEGURIDADE ON 28,20 +0,28 143,36M 126,31M 13.574 
 CIEL3 CIELO ON 37,44 +1,35 134,02M 168,84M 13.354 
 PETR3 PETROBRAS ON 9,42 +0,43 127,80M 126,81M 28.689 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) 

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.