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Apesar de boa parte do mercado precificar um corte da Selic em 0,5 ponto percentual, para 13,25% ao ano, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de cortar os juros nessa magnitude surpreendeu a maior parte do mercado, o que deve levar a uma reação positiva para o Ibovespa na próxima quinta-feira (2).
Por sinal, no fim da sessão desta quarta, as taxas dos contratos futuros de juros de curto prazo fecharam em alta, com investidores tendo precificado chances maiores de o Copom cortar a Selic em apenas 0,25 ponto percentual, para 13,5% ao ano – o que não aconteceu.
Uma prévia da reação amanhã da Bolsa brasileira foi observada ao olhar para o MSCI Brazil Capped ETF (EWZ), principal ETF (fundo de gestão passiva) atrelado à Bolsa brasileira e negociado na Bolsa de Nova York – mas devendo ser considerada a menor liquidez. Às 19h07 (horário de Brasília), o ativo subia 1,55%, a US$ 33,48, encerrando as negociações pós-mercado com alta de 1,30%, a US$ 33,40.
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Já no começo da manhã desta quinta-feira, o ativo operava próximo à estabilidade: às 7h25, o EWZ caía 0,18%, a US$ 32,91. Por outro lado, às 8h20, o movimento era mais forte, com o ETF em alta de 1,52%, a US$ 33,47.
Em relatório divulgado durante a manhã, o JPMorgan apontou esperar que a decisão seria acirrada, mas que projetava um corte de 0,25 ponto, sendo assim surpreendido por um corte mais forte.
Cabe destacar que a decisão foi por 5 votos a 4, com votos por um corte de 0,50 ponto de Roberto Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino, Carolina de Assis Barros, Gabriel Galípolo e Otávio Damaso. Os diretores Diogo Guillen, Fernanda Guardado, Maurício Moura e Renato Gomes defenderam corte de 0,25 ponto.
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O JPMorgan pontuou que um corte na Selic de 0,50 ponto poderia dar um impulso aos mercados na sessão pós-Copom e ainda destacou o potencial de ganhos com os cortes para baixo nos juros.
“Nos próximos meses, o ritmo da flexibilização, juntamente com a magnitude total do ciclo, continuará a guiar os movimentos do mercado, desde que haja uma sensação de que há uma oportunidade de reavaliação dos ativos à frente”, avaliaram os estrategistas do banco. O banco projeta o Ibovespa a 135 mil pontos até o fim do ano de 2023, isso exclusivamente devido à expansão de múltiplos impulsionada por taxas mais baixas.
Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos, destacou que a redução estava dentro dos cenários previstos, mas não era a aposta majoritária, o que embasa a repercussão positiva no mercado.
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“A gente deve ver com isso uma sustentação de um ambiente mais otimista e, consequentemente, a continuidade desse fluxo de compras no mercado. Essa redução da taxa de juros já vem sendo aguardada há mais de 6 meses e isso é uma sinalização clara de que os fatores técnicos estão suficientemente confortáveis para poder iniciar essa flexibilização monetária. Isso com certeza tende a contribuir para o resultado das empresas no segundo semestre e também melhorar a dinâmica econômica”, avalia o especialista.
Desta forma, a expectativa é que essa redução de 0,5 ponto, por ser a primeira, seja seguida outras dessa magnitude ou talvez até uma mais agressiva até o fim do ano. “Isso já deixa o mercado com um campo aberto para poder reprecificar os ativos, revisar a curva de juros, também podendo trazer um fluxo estrangeiro também maior para o país”, avalia, uma vez que pode reduzir a expectativa de crescimento baixo para a economia do Brasil por conta da taxa de juros a níveis atualmente bastante elevados, que prejudicam a atividade.
“Um corte de 50 pontos-base era esperado por uma menor parcela do mercado, não era um consenso do mercado, então surpreendeu positivamente. Com isso, os ativos de risco devem ganhar uma boa tração, os ativos de renda fixa vão ter um impacto ainda maior nas taxas ofertadas já a partir de amanhã, em relação ao que era disponibilizado até hoje. A gente vai ter algum alívio inclusive no mercado de crédito privado. Com isso deve acontecer menos ruído político, menos declarações e críticas do governo contra o Banco Central e um clima mais harmonioso entre BC e governo”, avalia o economista e assessor de investimentos Bruno Monsanto, sócio na RJ+ Investimentos.
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Isabel Lemos, gestora de renda variável do Fator, também vê que a decisão deve ter um forte impacto positivo nos ativos, já que o mercado estava bem dividido sobre a magnitude do corte.
“Devemos ter um ajuste tanto na parte de câmbio como na parte de Bolsa. Mais especificamente na parte de Bolsa será visto como positivo com a redução no custo de capital das empresas ao longo do tempo, não é só por conta dessa redução de juros, mas ao longo do tempo já está precificando juros mais baixos”, avalia Isabel, destacando que isso será positivo aí para os resultados das empresas no médio e longo prazo.
Assim, caso não haja nenhum movimento atípico nos mercados externos, o ajuste para o mercado acionário será para cima. Os setores mais impactados serão os mais sensíveis a juros, como o imobiliário, consumo, industrial, então são empresas mais voltadas à economia doméstica. “Todo mundo acaba ganhando com juros mais baixos, mas a gente entende que esses sejam os setores que tenham uma reação melhor”.
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Outro ponto importante na queda de juros é que provavelmente também vai ter mais investimentos. Empresas que vão ter uns resultados operacionais um pouco melhores e vão poder começar a voltar a reinvestir. Outras empresas que se beneficiam são empresas endividadas em moeda local.
Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, também projeta Bolsa em alta, a ponta curta da curva de juros em baixa, mas a ponta longa em alta. Já para o câmbio, o movimento é uma incógnita, já que esses movimentos têm impacto ambíguo no curto prazo. Porém, avalia que o real pode se valorizar com um volume maior de recursos de renda variável vindo para o Brasil. “Câmbio é a variável menos segura e que deve oscilar mais durante esse processo”, aponta.