Ibovespa descola do exterior com discurso de Guedes, fecha praticamente estável e acumula alta de 1,8% na semana

Dólar acumula queda pela segunda semana seguida; Bolsas em NY recuaram pelo quarto pregão consecutivo

Mitchel Diniz

B3  Bovespa  Bolsa de Valores de São Paulo  (Germano Lüders/InfoMoney)
B3 Bovespa Bolsa de Valores de São Paulo (Germano Lüders/InfoMoney)

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Em dia de vencimento de opções na B3, o que acrescenta uma dose extra de volatilidade aos negócios, o Ibovespa passou o dia operando entre altas e baixas e fechou próximo da estabilidade. Com uma leve queda 0,15%, o índice fechou aos 108.941 pontos, enquanto as Bolsas em Nova York fecharam em forte baixa, encerrando a semana com quatro pregões consecutivos de queda.

Na sessão de hoje, o índice movimentou R$ 29,7 bilhões. Na semana, o Ibovespa subiu 1,8% e no ano, até agora, avançou 3,92%.

A combinação que ajudou a Bolsa a subir nos últimos dias não se repetiu nesta sexta-feira. O dólar fechou em alta os juros mais longos também voltaram a subir. Ainda que o minério de ferro tenha subido novamente, o petróleo devolveu ganhos. Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3;PETR4), ativos de peso do Ibovespa, recuaram. Porém, as perdas foram ainda bastante limitadas se comparadas com Wall Street.

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Segundo Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, tudo indica que a Bolsa se apoiou nos discursos de Paulo Guedes, ministro da Economia, em evento do Fórum Econômico Mundial, na Suíça.

Guedes afirmou que o Brasil “tomou a dianteira na alta dos juros”, enquanto os demais países, só agora, começam a adotar uma política de aperto monetário para conter a inflação.

“Entendo que a fala do ministro ajudou a sustentar o Ibovespa. O discurso está em linha com o do Banco Central, de que o ajuste foi iniciado em 2021 de forma rápida. Isso deve abrir espaço no final do ano para avaliar uma normalização”, afirma Cruz.

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O dólar comercial fechou em alta de 0,72%, a R$ 5,455 na compra e R$ 5,455 na venda. Na semana, porém, a moeda americana acumulou queda de 1,05%. Foi a segunda semana seguida de queda para o dólar.

Os juros DI mais curtos, para janeiro de 2023 caíram quatro pontos-base, a 11,88%; a taxa para janeiro de 2025 subiu cinco pontos-base, a 11,17%; o DI para janeiro de 2027 avançou 16 pontos-base a 11,30% e no vencimento janeiro 2029 subiu 19 pontos-base, a 11,49%.

“Os juros futuros subiram, principalmente na ponta longa, refletindo as preocupações com o quadro fiscal, após o presidente Jair Bolsonaro admitir que o governo negocia com o Congresso uma PEC para zerar PIS/Cofins de combustíveis”, escreveu Alexsandro Nishimura, economista e sócio da BRA.

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A renúncia fiscal pode custar mais de R$ 50 bilhões, pelos cálculos do governo, mas no mercado se fala em até R$ 100 bilhões. “Há preocupação sobre o viés populista da medida, adotada em um ano de eleições, com alívio nos preços de combustíveis e energia elétrica”, acrescenta Nishimura.

Segundo apurou a Reuters, Bolsonaro deve sancionar Orçamento de 2022 ainda hoje, com R$ 4,9 bilhões para o fundo eleitoral e corte de R$ 3 bilhões em outras áreas.

Em Nova York, às vésperas da primeira reunião de política monetária do Federal Reserve, as Bolsas caíram pelo quarto dia seguido. Ainda que o Banco Central americano não aumente os juros no encontro da semana que vem, deve dar um indicativo de que como será o aperto monetário a partir de março.

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O Dow Jones fechou em queda de 1,30%, a 34.265 pontos, o S&P 500 fechou em baixa de 1,90%, a 4.397 pontos; a Nasdaq, por sua vez, derreteu 2,72%, a 13.768 pontos, com a baixa intensificada pela decepção com os números da Netflix (NFLX34).

“O mercado americano está passando por uma adaptação, com uma expectativa de juros mais altos. É semelhante ao que vivemos no Brasil em setembro, outubro do ano passado”, conclui Gustavo Cruz.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados