Ibovespa fecha perto da máxima e retoma os 105 mil pontos puxado por bancos

Mercado foi na contramão dos EUA, que sofreram com a possibilidade de impeachment de Donald Trump

Ricardo Bomfim

Painel de ações (Crédito: Shutterstock)
Painel de ações (Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou perto da máxima do dia nesta quinta-feira (26) puxado por bancos (Itaú subiu 2,5%, Bradesco avançou 1,4% e Banco do Brasil registrou ganhos de 0,6%) em meio a uma melhora no ambiente de negócios aqui e lá fora. Para ler mais destaques de ações, clique aqui.

Na reta final do pregão, o Ibovespa se descolou dos índices dos Estados Unidos, que fecharam em baixa pressionados entre o recente alívio comercial e a abertura do processo de impeachment do presidente Donald Trump.

Por aqui, o alento ficou por conta do acordo entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o Congresso para viabilizar o trecho da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da cessão onerosa necessário para a realização do leilão do pré-sal no início de novembro.

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Hoje, o principal índice da B3 subiu 0,8% a 105.319 pontos com um volume financeiro negociado de R$ 13,678 bilhões.

Mais cedo, a Bolsa chegou a zerar ganhos, pressionada por notícia de que uma autoridade do governo americano disse que os EUA provavelmente não estenderão a trégua que permite que as empresas americanas forneçam peças e equipamentos à Huawei.

As preocupações com essa disputa envolvendo propriedade intelectual impactaram mais o câmbio, que não conseguiu se recuperar do choque.

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O dólar comercial teve ganhos de 0,17% a R$ 4,161 na compra e a R$ 4,1618 na venda. O dólar futuro para outubro valorizou 0,35% a R$ 4,1645.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2021 recua dois pontos-base a 4,97% ao passo que o DI para janeiro de 2023 tem queda de três pontos-base a 6,08%.

O mercado também reagiu ao Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos do segundo trimestre, que teve um crescimento de 2%, em linha com as expectativas dos economistas no consenso Bloomberg.

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Ao longo do dia, o presidente do Federal Reserve de Dallas, Robert Kaplan, afirmou que a incerteza no comércio exterior está provocando uma desaceleração no investimento das empresas. Já o vice-presidente do Fed, Richard Clarida, destacou que as expectativas de inflação estão consistentes com a estabilidade de preços e que aumentar os salários não irá pressionar os preços no futuro.

Entre os indicadores, o Relatório Trimestral de Inflação do Banco Central mostrou uma revisão das projeções do BC para o PIB de 2019 de 0,8% para 0,9%. No caso da inflação, o BC manteve a projeção anterior. Para a autoridade monetária, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) deve terminar o ano em 3,4%.

A revisão do PIB reflete o resultado mais forte que o esperado no segundo trimestre (alta de 0,4%) e as expectativas de aumento no ritmo da atividade depois que for liberado o saque das contas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

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Já o Supremo Tribunal Federal (STF) retoma hoje às 14h o julgamento que pode definir o destino de diversos processos que tramitam na Justiça relativos à operação Lava Jato.

PIB dos EUA

O PIB dos Estados Unidos cresceu 2% no segundo trimestre deste ano, ficando em linha com a expectativa mediana dos economistas, compilada no consenso Bloomberg.

Essa foi a terceira estimativa do dado que é calculado pelo Departamento de Análises Econômicas (BEA na sigla em inglês), do país. Na segunda estimativa, tinha sido registrada uma expansão de 2,4% na atividade da maior economia do mundo.

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No primeiro trimestre, o PIB dos EUA cresceu 3,1% mesmo com os impactos da guerra comercial.

Noticiário Corporativo

Segundo o jornal Valor Econômico, a Petrobras (PETR3; PETR4) propôs aos seus acionistas mudanças no estatuto para rever a prática de distribuição de dividendos trimestrais. Segundo a publicação, o tema está na pauta da assembleia geral extraordinária da próxima segunda-feira e o assunto está em linha com a nova política de remuneração aos acionistas apresentada em agosto.

O conselho da Vale (VALE3) aprovou a proposta de encerramento do programa de listagem dos ADSs na Euronext Paris. “A Companhia submeterá o pedido de deslistagem na Euronext Paris nas próximas semanas e o efetivo encerramento do programa estará sujeito à aprovação da Euronext Paris”, disse a empresa em fato relevante, acrescentando que a decisão está em linha com a estratégia de simplificação de processos

O Congresso Nacional decidiu, em sessão realizada ontem à noite manter o veto do presidente Jair Bolsonaro à franquia de bagagens despachadas no transporte aéreo de passageiros. Para o veto ser derrubado eram necessários 257 votos contrários, mas faltaram dez votos. Foram 247 votos contrários ao veto e 187 favoráveis. Com isso, as empresas aéreas poderão continuar cobrando pela bagagem despachada.

A notícia impacta Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4).

Governo e Congresso

Para tentar acelerar o andamento de pautas prioritárias à equipe econômica do governo no Congresso, Rodrigo Maia (presidente da Câmara), Davi Alcolumbre (presidente do Senado) e Paulo Guedes (ministro da economia) se reuniram ontem, por cerca de uma hora e meia, buscando um “acerto” no mundo político para o avanço de propostas que são essenciais para o ajuste nas contas do País.

Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, ficou acordado que a equipe econômica vai apoiar a PEC do deputado Pedro Paulo (DEM-RJ) para acelerar e ampliar os “gatilhos” de ajuste nas despesas obrigatórias, que incluem benefícios previdenciários e salários de servidores. Essa PEC é considerada pela área econômica como um “primeiro passo” na direção do chamado “pacto federativo”.

Outra medida que esteve na agenda prioritária debatida na reunião é o chamado ‘Plano Mansueto’, que busca conceder a Estados pouco endividados, mas com dificuldades de caixa, acesso a novos empréstimos em troca de medidas de ajuste fiscal.

Durante audiência pública, no Congresso, Guedes afirmou que, se a reforma do pacto federativo, que desvincula recursos federais e aumenta a partilha da União com estados e municípios, não for aprovada, serviços públicos correm o risco de serem paralisados a partir do próximo ano.

“O Orçamento de 2020 prevê déficit [primário] de R$ 124 bilhões, um pouco melhor que neste ano [déficit de R$ 139 bilhões]”, afirmou Guedes, acrescentando: “As previsões são dramáticas, não apenas para o governo federal, mas também para estados e municípios, se a classe política não recuperar o controle do Orçamento”.

Para o presidente da Câmara, o Orçamento público tornou-se uma peça de ficção, que atende a frações privilegiadas da sociedade. Ao mesmo tempo, ressaltou Maia, os gastos públicos aumentam de forma descontrolada, enquanto a maior parte da população tem acesso insuficiente a serviços públicos e empresários conseguem R$ 400 bilhões em subsídios e em incentivos fiscais.

Sobre a reforma da Previdência, o jornal O Globo traz que o adiamento por uma semana da votação da PEC no Senado abriu brechas a lobbies do setor privado e pressões dos partidos da oposição buscando desidratar a proposta. Segundo a publicação, as mudanças têm potencial de redução em cerca de R$ 152 bilhões a economia dos gastos em dez anos.

Entre as propostas que os grupos tentam mexer na reforma da Previdência estão a retirada do aumento de 5% na alíquota da CSLL, defendida pela Febraban; enquanto partidos da oposição buscam derrubar ao menos dois pontos: um que trata do abono salarial e o que fixa a idade mínima para trabalhadores que lidam com atividades prejudiciais à saúde, diz o Globo.

Ainda sobre o governo, Guedes fechou um acordo com a cúpula do Congresso para viabilizar a realização do megaleilão do pré-sal marcado para novembro, mesmo que deputados voltem a mudar a partilha entre Estados e municípios dos recursos previstos, pontua o Estadão.

(Com Agência Estado, Agência Brasil, Agência Câmara e Bloomberg)

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.