Ibovespa opera abaixo dos 108 mil com pressão negativa do exterior: dados de inflação e retirada de estímulos impactam negócios

Commodities que operavam em alta mais cedo também inverteram sinal e operam no terreno negativo

Mitchel Diniz

B3  Bovespa  Bolsa de Valores de São Paulo  (Germano Lüders/InfoMoney)
B3 Bovespa Bolsa de Valores de São Paulo (Germano Lüders/InfoMoney)

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O Ibovespa segue em queda nos negócios desta sexta-feira (17) acompanhando o sentimento de aversão ao risco no mercado internacional. Em Nova York, é dia de evento quádruplo: vencimento de contrato de opções sobre índices, futuros de índices, opções sobre ações e futuros de ações. O dia também é de vencimento de opções na Bolsa brasileira. A conjunção de vencimentos promete trazer uma dose extra de volatilidade aos negócios, que também repercutem dados de inflação e as retiradas de estímulos pelos grandes Bancos Centrais.

Nesta madrugada, foi a vez do Banco Central do Japão anunciar que vai reduzir o financiamento emergencial da economia, adotado na pandemia. A autoridade monetária japonesa, porém, enfatizou que os juros vão continuar negativos, ainda que outros Bancos Centrais aumentem as taxas, sinalizando com uma postura ainda bastante flexível na comparação com outros BCs.

Na Europa, novos indicadores mostram que a inflação continua acelerando. Os preços ao produtor na Alemanha saltaram 19,2% em novembro na comparação anual, maior alta em 60 anos, impulsionados pelos custos de energia, que subiram quase 50%. O Banco Central Europeu (BCE) não deve subir juros no ano que vem, mas já anunciou que deve encerrar seu programa emergencial de compra de títulos até o próximo mês de março.

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O primeiro grande Banco Central a subir juros desde o início da pandemia foi o BC da Inglaterra, que subiu a taxa de 0,10% para 0,25% ao ano, surpreendendo o mercado. Como os casos de infecção pela variante ômicron do coronavírus têm aumentando no Reino Unido, levando à novas restrições, os investidores não esperavam que o BC britânico adotasse uma postura mais hawkish desde já.

Tudo isso aconteceu depois que o Banco Central dos Estados Unidos (Federal Reserve) decidiu acelerar o ritmo da retirada de estímulos (tapering), reduzindo a compra de títulos públicos em US$ 30 bilhões por mês. A expectativa é que o programa de compra de ativos também seja encerrado em março de 2022. A partir daí, o Fed deve realizar três altas de juros só no ano que vem. As taxas, hoje, oscilam entre zero e 0,25% ao ano. Os Estados Unidos também têm registrado os maiores índices de inflação em décadas.

Aqui no Brasil, já em clima de recesso, a agenda de indicadores econômicos está esvaziada. A aversão ao risco no exterior joga contra a Bolsa brasileira, assim como a queda no preço das commodities, incluindo o minério de ferro, que inverteu sinal.

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Os números do mercado

Às 12h52 (horário de Brasília), o Ibovespa caía 0,88%, aos 107.367 pontos. O Ibovespa futuro para fevereiro de 2022 recuava 0,93%, aos 108.890 pontos.

O dólar comercial inverteu sinal e opera em queda de 0,10%, a R$ 5,673 na compra e R$ 5,673 na venda. O dólar futuro para janeiro de 2022 recuava 0,32%, a R$ 5,688.

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No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2023 opera em alta de dois pontos-base, a 11,72%; DI para janeiro de 2025 sobe dez pontos-base, a 10,72%; e o DI para janeiro de 2027 sobe doze pontos-base, a 10,62%.

Bolsas no exterior e commodities

As Bolsas em Nova York operam com tendências mistas. A Nasdaq, bolsa com maior exposição a empresas de tecnologia, recuava mais de 1% mais cedo, porém inverteu sinal e tinha alta de 0,29%. O Dow Jones opera em baixa de 0,83% e o S&P 500 recua 0,33%.

Já as Bolsas europeias, que ontem descolaram de Nova York e fecharam em alta, hoje operam com comportamento semelhante ao do mercado americano. Os índices reagem à escalada da inflação e ao aumento de casos da variante ômicron, que tem se espalhado de forma alarmante no continente. O Reino Unido reportou 90 mil casos em um único dia, na quinta-feira, mas o número de mortes segue estável.

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O índice pan-europeu Stoxx 600, que mede o desempenho de empresas de 17 países, recuava 0,77%.

Na Ásia, uma boa parte das Bolsas fechou em queda. Tensões na relação entre Estados Unidos e China voltaram a pesar sobre os negócios depois que os americanos fizeram uma lista de empresas chinesas passíveis de sanções comerciais, como restrições de investimentos e exportações.

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O índice Nikkei, da Bolsa do Japão, fechou em baixa de 1,79%; o índice chinês Shanghai SE recuou 1,16%; o Hang Seng, de Hong Kong, teve queda de 1,20%; e o Kospi, da Coreia do Sul, fechou em alta de 0,38%.

Na bolsa chinesa de Dalian, o preço do minério de ferro inverteu sinal e passou. As cotações do petróleo também estão em baixa: o barril do Brent recuava 2,15%, a US$ 73,43. O do WTI caía 2,28%, a US$ 70,73.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados