Ibovespa resiste à pressão do exterior e fecha em leve alta; juros DI voltam a subir com temor de inflação

Bolsa voltou a descolar de Nova York, onde os índices fecharam em forte baixa com expectativa de alta de juros

Mitchel Diniz

B3  Bovespa  Bolsa de Valores de São Paulo  (Germano Lüders/InfoMoney)
B3 Bovespa Bolsa de Valores de São Paulo (Germano Lüders/InfoMoney)

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Preocupações com a escalada da inflação, alta de juros e até o risco de uma guerra movimentam os mercados nesta terça-feira (18). Para as Bolsas em Nova York, a volta do feriado não poderia ser mais agitada, com os índices registrando perdas expressivas. O Ibovespa, porém, manteve resiliência e, ainda que tenha caído 0,5% na mínima do dia, subiu 0,28% no fechamento, terminando a sessão aos 106.667 pontos.

“O principal índice da B3 se apoiou no desempenho das ações ligadas às commodities, como mineradoras e siderúrgicas, além da sinalização de forte fluxo comprador dos investidores estrangeiros na bolsa brasileira”, escreveu Alexsandro Nishimura, economista sócio da BRA.

PetroRio (PRIO3) foi a maior alta do índice no dia e na lista das maiores altas também ficaram Cogna (COGN3), com aumento da participação da gestora Alaska no capital social da empresa e Gerdau (GGBR4), que subiu junto com outras siderúrgicas e o preço do minério de ferro no mercado internacional. As ações da Vale (PRIO3), não apareceram no Top 5 de alta do índice, mas é uma ação de peso do Ibovespa que subiu forte hoje: os papéis terminaram a sessão valendo R$ 86,31, em alta de 2,45%.

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Na ponta oposta, as techs e algumas varejistas voltam a repercutir um cenário de juros mais altos, com a inflação global dando novos sinais de aquecimento. Locaweb (LWSA3) e Banco Inter (BIDI11) tiveram as maiores baixas do dia. Alpargatas (ALPA4) também entrou na lista, pelo terceiro dia seguido.

Nos Estados Unidos, a temporada de balanços do quarto trimestre não está sendo tão bem avaliada quanto os números do trimestre anterior. A queda de 13% no lucro do Goldman Sachs foi um dos gatilhos de queda para as Bolsas, que também repercutem as commodities em alta e a perspectiva de que os juros podem subir com mais intensidade do que o esperado já no próximo mês de março.  Isso refletiu em alta para os rendimentos dos títulos do Tesouro americano, que caminham no sentido oposto das ações, sobretudo as do setor de tecnologia.

“Há especulações de que o Federal Reserve poderá elevar a taxa básica de juros em mais de 0,25 ponto percentual em março”, explica Nishimura.

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As quedas das Bolsas americanas também se acentuaram depois que a Casa Branca emitiu um alerta dizendo que a Rússia poderá atacar a Ucrânia a qualquer momento.

As Bolsas europeias também caíram com pressão negativa das ações de tecnologia, acompanhando o movimento dos Estados Unidos.

Com a aversão ao risco, o dólar ganhou e aqui no Brasil fechou em alta de  0,61%, a R$ 5,560 na compra e na venda. E os juros DI voltam a subir hoje: os contratos para janeiro de 2023 subiram seis pontos-base a 12,08%; o DI para janeiro de 2025 avançavou 14 pontos-base, a 11,48%; no vencimento janeiro de 2027 a alta foi de 15 pontos-base a 11,45%; e os juros para janeiro de 2029 subiram 16 pontos-base, a 11,55%.

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O avanço dos preços do petróleo no mercado internacional reforçou a perspectiva de escalada da inflação global. Na máxima do dia, o petróleo tipo Brent, referência de preço para a Petrobras (PETR3;PETR4), chegou a ultrapassar os US$ 88 o barril, nas máximas desde 2014, com tensões geopolíticas no Oriente Médio.

No fechamento, o barril do Brent para março avançou 0,89%, a US$ 87,25; o WTI, por sua vez, avançou 1,48%, a US$ 84,53.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados