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O grande destaque da agenda desta quarta-feira (14) fica para a decisão de juros do Federal Reserve, com o resultado da reunião do Fomc (Federal Open Market Committee) sendo revelado às 15h (horário de Brasília).
Há um grande consenso no mercado (de mais de 90%) de que a reunião desta quarta marcará a primeira manutenção dos juros pelo Banco Central americano desde março de 2022, com a taxa básica seguindo assim na faixa atual entre 5% e 5,25% ao ano.
Com essa expectativa, e também guiado pelo ânimo recente do mercado brasileiro com a projeção de cortes de juros pelo BC local no segundo semestre, o Ibovespa tem uma sessão de forte valorização, com o índice saltando 1,39%, a 118.367 pontos, às 11h50 (horário de Brasília), enquanto o dólar comercial tem baixa de 0,37%, a R$ 4,844 na compra e R$ 4,845 na venda. As ações da Petrobras (PETR3;PETR4) subiam cerca de 3% no mesmo horário, em um dia de ganhos também para o petróleo à espera do Fed.
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Desta forma, analistas também apontam o que pode levar a um maior desânimo do mercado com relação à decisão de juros por lá.
Conforme destaca a XP, o consenso do mercado é que o Fed manterá as taxas de juros, enquanto adota uma postura agressiva no discurso pós-decisão. Ou seja, haverá uma pausa, mas ela será “hawkish” (ou seja, dura, mostrando preocupação com a inflação).
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Assim, ao final de sua reunião nesta quarta-feira, as autoridade do Fed podem sinalizar que mais aumentos de juros ainda estão por vir, conforme avaliam como a economia está evoluindo, se o sistema financeiro permanece estável e se a inflação segue em queda.
“Provavelmente precisamos de um pouco mais de aperto, mas não está claro quanto”, disse à Reuters Blerina Uruci, economista-chefe para os EUA na divisão de renda fixa da T. Rowe Price Associates, observando que, apesar da força nos relatórios recentes de emprego e inflação, uma leitura “diferenciada” dos dados mostrou que ambos podem enfraquecer. “Quando há tanta incerteza, faz sentido proceder com cautela”, disse ela.
Embora seja provável que não optem pelo aumento nos custos de empréstimos após 10 altas consecutivas que levaram a taxa de juros de referência para a faixa atual de 5,00% a 5,25%, as autoridades do Fed devem mostrar ao mesmo tempo, tanto em sua linguagem quanto nas projeções, que mais um ou talvez dois aumentos de 0,25 ponto percentual ainda sejam necessários até o final de 2023.
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Com esse cenário no radar, além da decisão sobre os juros em si, as atenções estarão voltadas para os comentários do presidente do Fed, Jerome Powell, em coletiva de imprensa meia hora depois (às 15h30, horário de Brasília), principalmente para trazer sinais sobre eventuais novos aumentos.
“Pode ser que o Fed entenda que a dose de juros foi suficiente, e agora é caso de esperar o remédio fazer efeito. Ou pode ser que ele indique que a estabilidade é apenas uma pausa, mas que todos seguem vigilantes”, afirmou em relatório a Levante Corp.
“Ou, na menos provável das hipóteses, pode ser que Powell esteja de mau humor com os juros e o Fed anuncie uma elevação dos juros. Isso provocará uma volatilidade intensa nos preços”, acrescentou. “Agora é esperar a reunião.”
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O comunicado da decisão também virá acompanhado de projeções econômicas trimestrais da autoridade monetária.
As perguntas passaram então a ser: “o processo de alta acabou, ou ainda será preciso seguir elevando os juros?” e “se é necessário subir mais o juro, para quanto e até quando?”
Cabe ressaltar que, enquanto alguns analistas veem uma alta de juros pelo Fomc na reunião desta quarta como a menos provável das hipóteses, outros veem que há uma chance expressiva de elevação.
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O Citi, em relatório da última segunda-feira (12) manteve a sua leitura “fora do consenso” de que o Fed irá elevar os juros na reunião de hoje em 0,25 ponto percentual, ainda que vejam esse cenário agora com uma probabilidade um pouco menor.
“As autoridades do Fed se comprometeram a tomar decisões dependentes de dados. O núcleo da inflação PCE subiu 0,4% em abril na base mensal, 339 mil novos empregos foram criados em maio e o núcleo do CPI de maio teve alta de 0,37%, o que aponta para novos aumentos. O quanto os dados surpreenderam ficará evidente nas revisões para cima das projeções para o núcleo da inflação do PCE e crescimento do PIB e uma revisão para baixo da taxa de desemprego”, avaliam os economistas do banco.
Para os economistas do Citi, quer o Fed suba ou “pule” a alta de juros na reunião desta semana, os “pontos” médios de projeções sobre a taxa de juros final para 2023 e 2024 provavelmente serão revisados para cima em 25 pontos-base. “Os riscos na reunião são de um viés mais hawkish relativamente aos mercados, que antecipam cada vez mais o fim das altas”, avaliam.
(com Reuters)