Imobiliárias e elétricas ganham espaço em carteiras de recomendações para maio

Por outro lado, com a elevação da inadimplência e redução de spreads, instituições financeiras perdem votos em portfólios

Nara Faria

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SÃO PAULO – O Ibovespa refletiu as preocupações em relação à crise europeia e encerrou o mês de abril em queda de 2,2%. Desta vez, as atenções se voltaram para a Espanha, com foco principal na situação do setor financeiro e na possibilidade de o país precisar de ajuda do fundo de resgate europeu.

Nos Estados Unidos e China, números desfavoráveis na economia contribuíram para o cenário negativo no período. Enquanto isso, no Brasil, a equipe de análise da Ativa Corretora explica que ganhou destaque a disputa entre o Governo e os bancos privados acerca da redução dos juros e do spread praticado pelos bancos, enquanto o Banco Central seguiu as expectativas e cortou a taxa básica de juros para 9% ao ano.

Perspectiva para o mês de maio
Já para o mês de maio de 2012, o cenário macroeconômico global não deve se alterar significativamente, na visão da equipe de análise da Ativa. O período deve contar com a instabilidade do preço do petróleo e o cenário político das principais economias mundiais pesando no humor dos investidores.

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Na Europa, a questão da Espanha e os embates políticos devem continuar ditando o tom dos mercados, enquanto nos EUA a recuperação do crescimento deve permanecer lenta nos próximos meses. Por aqui, a pressão para a redução dos juros e do spread cobrado pelos bancos começa a preocupar a trajetória da inflação para o restante do ano.

A equipe de análise do BB Investimentos ressalta que para o mês de maio, o mercado deverá continuar seletivo na busca de ações, após o movimento de realização de lucros no final de março. “Os dados que poderão ou não sinalizar a recuperação gradual da economia dos EUA e uma possível desaceleração na China também continuarão a ser acompanhados de perto”, afirma a equipe de análise do banco.

Preferência por imobiliárias favorece BR Malls e EzTec
O cenário externo ainda instável e as recentes mudanças em relação ao crédito e juros no Brasil levaram os bancos e corretoras a mostrarem preferência por setores mais ligados ao consumo doméstico e que possam se beneficiar com as recentes medidas anunciadas pelo Governo.

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Na compilação de carteiras mensais de 28 bancos e corretoras realizada pelo Portal InfoMoney, um dos setores que ganhou preferência foi o de construção civil. As ações da BR Malls (BRML3) e EzTec (EZTC3) viram as suas recomendações se elevarem de 2 votos em abril para 5 e 4 citações, respectivamente, no mês de maio.

O analista Felipe Rocha e a economista Nastássia Romanó Leite de Castro, da Omar Camargo, afirmam que além de ser ligada ao consumo interno, optaram por incluir as ações da BR Malls pelo fato de a companhia ser atualmente a maior empresa de shopping centers do Brasil, com participação em 46 empreendimentos.

“Além de suas ações serem ligadas ao consumo interno também tem algo de defensivo devido às receitas advindas dos aluguéis -lembrando que parte da receita de aluguéis está atrelada as vendas dos lojistas -, os quais são reajustados pela inflação”, afirmam Rocha e Natássia.

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Em relação à Eztec, a equipe de análise da Geral Investimentos afirma que a empresa segue com projeções elevadas de investimentos e vendas, além de consistência nas margens operacionais.

O analista da Técnica Corretora, Renato Assunção Campos, reforça ainda que após atingir seu guidance em 2011, a companhia anunciou dois empreendimentos no primeiro trimestre de 2012, que totalizam R$ 144,0 milhões em VGV (Valor Geral de Vendas), e espera alcançar 50,0% de guidance de R$ 1,2 bilhão a R$ 1,4 bilhão até o final do primeiro trimestre.

“Diante disso, da disciplina financeira da empresa e do banco de terrenos consistente com sua estratégia, estamos mantendo Eztec em nossas recomendações”, afirma Campos.

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Inadimplência e spreads reduzem exposição aos bancos
O setor financeiro ganhou os holofotes no mercado no mês de dezembro, que acompanhou o anúncio de novos cortes de juros pelo Banco Central e, por outro lado, os bancos anunciando o aumento da inadimplência e redução dos spreads bancários.

Todos esses fatores trouxeram pressão sobre os papéis do Itaú Unibanco (ITUB4). Apesar de o analista da Técnica Corretora, Renato Campos, lembrar que o aumento da carteira de crédito ainda mantém a companhia em uma posição confortável em termos de alavancagem e caixa, os papéis do banco tiveram o número de recomendações reduzido no período.

As ações ITUB4 passaram de 11 votos no mês de abril, para 7 recomendações neste mês. Com isso, a companhia perdeu a terceira colocação no ranking das mais recomendadas para as ações da OGX (OGXP3), que ficaram entre as mais citadas depois da Vale (VALE5) e Petrobras (PETR4). No período, o número de recomendações dos ativos OGXP3 passou de 7 no mês de abril para 10 votos em maio.

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Além disso, com perspectivas negativas para o setor financeiro, a equipe de análise da UM Investimentos optou por retirar tanto os ativos ITUB4, como as ações do Banco do Brasil (BBAS3) de sua carteira para o mês de maio. “Acreditamos em uma performance negativa para as instituições bancárias para os próximos períodos e, por isso, optamos pela exclusão dos ativos de bancos na carteira recomendada de maio”, destaca a equipe de análise da corretora.

No mês de maio, as ações do Banco do Brasil perderam dois votos, passando de 4 votos em abril para 2 recomendações em maio. O Bradesco (BBDC4) foi outra instituição a registrar queda de recomendações no período. O número de recomendações da BBDC4 caiu pela metade no mês, passando de 6 votos em abril para 3 no mês de maio.

Defensivas ganham espaço
Em um cenário econômico ainda de cautela, as companhias mais defensivas ganharam espaço entre as recomendações em carteira. Neste mês, as ações da Cemig (CMIG4) passaram de 5 citações no mês passado para 8 votos em maio. No mesmo sentido, as ações da Cesp (CESP6) ganharam um voto a mais no período, passando de 3 para 4 votos neste mês, enquanto a Copel (CPLE6) manteve os mesmo 4 votos no mês anterior. 

A Citi Corretora aponta como motivo para a recomendação da Cemig o valuation atrativo em relação aos pares do setor elétrico, o player integrado, com exposição reduzida ao segmento de distribuição, e o fato de ser menos afetada pelo terceiro ciclo de revisão tarifária.

Em relação à recomendação da Cesp, o analista da SLW Corretora, Pedro Galdi, justifica que embora as ações da companhia tenham apresentado uma performance moderada na Bovespa no mês passado, a expectativa é de que a tendência de alta seja mantida. “Também acreditamos que a proximidade da definição do governo sobre a questão da renovação das concessões pode aumentar a volatilidade das ações, mas num viés de alta”, completa Galdi.

Por fim, sobre a Copel , a equipe de analistas da UM Investimentos explica que os principais pontos atrativos são os múltiplos com relação ao setor, as positivas perspectivas quanto ao preço do kWh no mercado livre, e o baixo risco político com relação a Eletrobrás (ELET3, ELET6).

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