Índice de ADRs brasileiros fecha em alta de 0,44% na NYSE com maior ânimo nos EUA; confira o desempenho dos principais papéis

Contudo, dia foi novamente de queda para o petróleo, em meio às preocupações com o aumento de casos de coronavírus na Índia

Equipe InfoMoney

(Getty)
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SÃO PAULO – A quarta-feira (21), dia em que a B3 esteve fechada por conta do feriado de Tiradentes, foi movimentada para as ações brasileiras negociadas no exterior.

Após chegar a cair 1% no início da sessão, o principal índice de ADRs (na prática, as ações de empresas de fora dos EUA negociadas em Nova York) do Brasil, o Dow Jones Brazil Titans 20 ADR, fechou com ganhos, ainda que modestos, acompanhando o movimento de Wall Street. O índice subiu 0,44%, a 18.649,93 pontos. Enquanto isso, o ETF EWZ iShares MSCI Brazil Capped, que replica o Ibovespa em dólar, fechou com alta de 0,23%, a 35,10 pontos.

O dia começou morno para os mercados americanos, seguindo a realização de lucros das últimas duas sessões e em meio às preocupações com a aceleração dos casos de coronavírus na Ásia, notoriamente na Índia.  O país já conta com mais de 15 milhões de casos de covid, sendo assim o segundo país mais afetado – em primeiro, estão os EUA, que reportou mais de 31 milhões de contaminações. Por esta razão, foram impostas novas restrições no país.

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Ontem, a Índia, que é a segunda nação mais populosa do mundo, reportou 295.041 novos casos de covid – o maior aumento diário reportado a nível global.

Contudo, durante a sessão, os índices americanos foram ganhando força, com os investidores à procura de ações mais sensíveis à recuperação econômica com a expectativa de forte crescimento da atividade dos EUA no ano, também levando em conta as discussões sobre o bilionário plano de infraestrutura proposto pelo presidente Joe Biden para o país.

O Dow Jones fechou com expressivos ganhos de 0,94%, a 34.138,23 pontos, enquanto o S&P500 subiu 0,93%, a 4.173,43 pontos, enquanto o Nasdaq teve alta de 1,19%, a 13.950 pontos.

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As ações de companhias como do setor aéreo e ligadas ao setor de turismo, como a United Airlines, passaram a ter forte desempenho, também puxando os ativos de empresas brasileiras negociadas no exterior. É o caso do ADR da Gol (GOLL4) e da Azul (AZUL4) na NYSE, que fecharam com ganhos entre 2% e 3%. Além disso, também favoreceu ativos como da mineradora Vale (VALE3), que teve alta de 1,41%.

Mesmo com a recuperação dos ativos durante a sessão, as ações da Netflix caíram 7,40%, a US$ 508,90, após a gigante de streaming divulgar um número de novos assinantes que fica bem abaixo das estimativas de analistas de Wall Street, após a demanda adicional de clientes por conta da pandemia arrefecer. Além disso, a empresa afirmou que espera adicionar apenas cerca de 1 milhão de novos assinantes no trimestre atual, bem abaixo das estimativas.

Por outro lado, mesmo com o maior ânimo com a recuperação americana, o petróleo fechou em queda, tanto por conta do aumento de casos na Índia, terceiro maior importador mundial da commodity, quanto pelo aumento dos estoques de petróleo nos EUA. Os estoques da commodity subiram 594 mil barris na última semana no país, enquanto os analistas ouvidos pela Reuters esperavam uma queda da ordem dos três milhões de barris.

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O contrato futuro do WTI com vencimento em junho teve queda de 2,65%, a US$ 61,01 o barril, enquanto o brent para o mesmo mês caiu 2,37%, a US$ 64,99, seguindo o movimento da véspera.

A baixa acabou impactando os ADRs da Petrobras (PETR3;PETR4) na NYSE, que chegaram a cair quase 2% acompanhando o desempenho da commodity, mas depois amenizaram seguindo a melhora de humor em Wall Street. Os ativos PBR, equivalente aos ordinários, fecharam estáveis, enquanto o PBR-A, equivalente ao preferencial, teve queda de 0,70%.

No radar da estatal, a companhia informou que os termos da transação feita com a União em relação às compensações que serão pagas à estatal referentes aos contratos de partilha do pré-sal nos campos de Atapu e Sépia. Essa compensação refere-se aos investimentos feitos pela estatal para a exploração nos dois campos.

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Pelo acordo feito entre a Petrobras e a Pré-Sal Petróleo (PPSA, empresa vinculada ao Ministério de Minas e Energia), firmado em 9 de abril, a compensação antes de impostos é de US$ 3,253 bilhões para o Campo de Atapu e US$ 3,200 bilhões para o Campo de Sépia. Esse valor poderá ser complementado a cada ano, entre 2022 e 2032, caso o preço do petróleo tipo Brent atinja média anual superior a US$ 40 por barril até o limite de US$ 70 por barril.

Confira o desempenho dos principais ADRs de empresas brasileiras na NYSE nesta quarta-feira, dia de Bolsa fechada no Brasil: 

Empresa ADR Preço (em US$) Variação
Petrobras PBR 8,33 0%
Petrobras PBR.A 8,48 -0,70%
Vale VALE 19,42 +1,36%
Itaú Unibanco ITUB 4,86 -0,82%
Bradesco BBD 4,12 -0,24%
Embraer ERJ 11,02 +2,04%
Cemig CIG 2,37 -0,84%
Ambev ABEV 2,90 +2,11%
CSN SID 8,55 +2,15%
Santander BSBR 6,89 -0,29%
BRF BRFS 4,33 +0,23%
Ultrapar UGP 3,83 -0,78%
Sabesp SBS 7,62 -0,13%
Pão de Açúcar CBD 6,92 -1,56%
Eletrobras EBR.B 6,32 -1,25%
Telefônica Brasil VIV 7,81 -1,01%
TIM TIMB 10,70 -0,37%
Gol GOL 8,16 +2,77%
Azul AZUL 20,69 +2,07%
Gerdau GGB 5,93 +2,60%

Na Europa, as bolsas europeias subiram, com otimismo sobre uma temporada de fortes resultados corporativos neutralizando preocupações sobre um rápido aumento nos casos de Covid-19 em alguns países.

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O índice pan-europeu STOXX 600 subiu 0,65% após um rali de sete semanas desencadear um movimento de realização de lucros, que fez o índice cair 1,9% na terça-feira. O índice FTSEurofirst 300 .FTEU3 avançou 0,78%, a 1.681,93 pontos.

Os lucros das empresas europeias devem registrar um aumento recorde de 61% no primeiro trimestre de 2021, com base nos dados do IBES Refinitiv. Já a Hugo Boss saltou 6,7%, com operadores citando uma reportagem sobre o interesse de compra da empresa de moda alemã, incluindo da fabricante de produtos de luxo francesa LVMH.

Ainda nesta quarta-feira, a União Europeia também superou um dos últimos grandes obstáculos para lançar um fundo de recuperação de 750 bilhões de euros.

Orçamento segue no radar

No noticiário nacional, os jornais seguem destacando o Orçamento, após o acordo para a sanção pelo presidente. A Lei de Responsabilidade Fiscal prevê que o decreto sobre o Orçamento seja editado até 30 dias após a aprovação da lei orçamentária, o que faz com que o prazo para sanção presidencial se esgote já na quinta-feira (22).

Sem a sanção do Orçamento de 2021 até o momento, o presidente Jair Bolsonaro editou na terça um decreto que altera os limites provisórios da execução orçamentária dos órgãos, dos fundos e das entidades do Poder Executivo federal.

A medida busca atender às necessidades de verbas de AGU (Advocacia Geral da União); a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil); e os ministérios da Educação; da Infraestrutura; do Desenvolvimento Regional; da Saúde; da Ciência, Tecnologia e Inovações; da Defesa e das Comunicações.

De acordo com o jornal Valor Econômico, esses órgãos solicitaram um aumento dos limites de pagamento de despesas primárias discricionárias do exercício corrente. E de restos a pagar referentes a despesas de exercícios anteriores.
Segundo nota da Secretaria-Geral da Presidência, a medida tem validade até que seja editado o decreto de programação orçamentária definitivo.

O Orçamento de 2021, recentemente aprovado pelo Congresso Nacional expôs um impasse entre o Congresso, a ala política e a equipe econômica do governo. Isso porque ele foi aprovado com uma reestimativa de R$ 26,5 bilhões para baixo das despesas obrigatórias do governo e uma elevação dos recursos direcionados a emendas parlamentares e a áreas como defesa e segurança pública.

Segundo o Tesouro, da forma como está o Orçamento cria o risco de “paralisação das atividades essenciais do Estado”, o que faz com que seja chamado de fictício.

Na segunda-feira, o Congresso aprovou um projeto de lei que altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e traz ajustes, com o aval do governo, para permitir a controversa sanção do Orçamento.

“Como a lei orçamentária ainda não foi sancionada, o Executivo continua efetuando as suas programações com base na execução provisória do Orçamento. Essa situação, contudo, deverá ser superada a partir do mês de maio, quando a programação definitiva já estará em vigor”, informou a Secretaria-Geral em nota.

Além disso, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Jens Arnold, economista da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) responsável pelas análises sobre o Brasil afirmou que: “Muitas pessoas ainda precisam de ajuda, mais de um ano após a Covid-19 chegar ao Brasil. E a segunda onda da pandemia agrava ainda muito mais a situação social”.

Ele também avaliou que “a conta que o Estado terá de pagar como legado da Covid-19 complicará ainda mais as finanças públicas, que já estavam complexas antes da crise”. Isso dificulta retomar o ajuste fiscal, afirmou.

(com Reuters e Estadão Conteúdo)

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