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SÃO PAULO – A atual conjuntura econômica, com inflação em alta e aposta de elevação da Selic, dá margem para os investidores reverem suas estratégias de investimento, a fim de adequar seus retornos ao novo cenário. Pensando nisso, a InfoMoney quis saber dos leitores quais as melhores opções de alocação dos recursos em meio ao clima de preços e juros maiores. O resultado dividiu a opinião dos usuários.
Em enquete, 2.150 leitores deram sua opinião sobre o assunto. Destes, 722 avaliam que a melhor estratégia para um cenário de inflação em alta e aposta de elevação da Selic é aumentar sua exposição a títulos indexados a índices de preços. O número representa 33,58% do total de votos compilados pela InfoMoney no período.
Logo em seguida, a segunda opção mais votada revela que 713 usuários, ou 33,16% do total, acreditam que na atual conjuntura econômica a melhor estratégia seria apostar em ações menos sensíveis à alta dos juros e da inflação. Enquanto isso, a opção de elevar a exposição a títulos pré-fixados recebeu 412 votos na enquete, ou 19,16% do total apurado.
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Há ainda quem adote outras estratégias para adequar seus retornos ao ambiente de preços e juros maiores. Essa foi a alternativa escolhida por 303 leitores, correspondendo a um percentual de 14,09% do total de respostas compiladas pela InfoMoney na enquete deste início de ano.
Ativos menos sensíveis ao atual cenário
A primeira reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) terá desfecho nesta quarta-feira (19) e deve trazer uma decisão já aguardada pelo mercado: a alta da taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, em 0,5 ponto percentual, chegando a 11,25% ao ano.
Certamente o impacto dessa elevação não será igualmente distribuído no mercado acionário, pois algumas empresas estão mais expostas a uma alta da Selic e outras menos. Quem ganha e quem perde nesse contexto? Será que os bons fundamentos de uma empresa podem falar mais alto e sobrepujar os efeitos do ciclo de aperto monetário? Os analistas do Goldman Sachs, Stephen Graham e Alexander Kazan, elaboraram um relatório avaliando o impacto da alteração nos juros sobre as ações de alguns setores específicos e trazem respostas importantes para o investidor neste momento.
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Para os analistas, o aumento total da Selic no ciclo que deve ter início nesta quarta-feira deve ser de 250 pontos-base, levando a taxa a 13,25% a.a. ao final do terceiro trimestre – uma projeção que prevê um aperto maior do que o consenso do mercado, já que as projeções compiladas no último relatório Focus apontam a Selic em 12,25% a.a. no fim de 2011. A percepção de Graham e Kazan é que, com o tempo, as estimativas do mercado irão convergir para aquela estipulada pelos seus economistas.
Segundo a equipe do Goldman Sachs, as recentes medidas de aperto monetário – incluindo o pacote de medidas macroprudenciais anunciado em dezembro de 2010 – não foram totalmente precificadas pelo mercado, devendo ser incorporadas apenas quando um novo ciclo – já indicado pela autoridade monetária – começar.
Sendo assim, as ações que devem apresentar bom desempenho são aquelas ligadas às commodities, pois funcionam, na opinião do banco, como um investimento que oferece proteção à inflação. Além disso, a exposição dessas ações ao ciclo de aumento dos juros é limitada, o que não deve impactar profundamente seus desempenhos. Vale destacar que o preço das commodities, especialmente as energéticas e agrícolas, segue elevado no mercado internacional.
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Os economistas do banco de investimentos apostam em um crescimento na demanda por esses produtos, em decorrência de fortalecimento da economia, inclusive a norte-americana. O Goldman Sachs possui, no momento, projeções para as economias centrais superiores ao consenso do mercado.
Outro ponto a se destacar são os múltiplos atrativos dessas ações, ainda mais quando comparadas aos papéis de empresas voltadas ao consumo doméstico. Sendo assim, as top picks no setor são Vale (VALE3, VALE5) , OGX (OGXP3) e BR Foods (BRFS3).
Os setores mais defensivos devem ser a grande aposta em um momento de alta dos juros. Assim, a recomendação para ações ligadas a utilities foi elevada, saindo de underperform para neutral. ” Se estivermos corretos quanto à leitura de que o mercado ainda não digeriu totalmente o aumento dos juros que virá e diante do risco de mais medidas cambiais, os setores mais defensivos devem ter desempenho acima da média do mercado no curto prazo”, avaliaram. Assim, a recomendação é de compra para Cesp (CESP6) e Copasa (CSMG3).
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Títulos: vantagem ou não?
Apostar em títulos de renda fixa emitidos pelo Tesouro Nacional sempre foi uma boa opção de investimentos para aqueles que querem correr poucos riscos. No entanto, engana-se quem pensa que, até mesmo dentre esses papéis, não seja necessário a adoção de estratégias.
Entre tantas notas oferecidas – títulos pré-fixados, títulos com indexação à taxa Selic e títulos indexados a índices inflacionários -, é necessário atentar com cuidado para tomar a escolha certa, um processo que passa também pela análise do momento da economia brasileira. De acordo com o gerente de renda fixa da Um Investimentos, André Mallet, com o aumento dos juros, algumas modalidades tendem a render mais, enquanto quem tiver dinheiro investido em outros tipos de investimento, pode deixar de lucrar.
“Como o intuito do aumento dos juros é conter a elevação da inflação, títulos atrelados à inflação tendem a render menos. Agora, títulos pré-fixados, onde se sabe com antecedência quanto vai render, embora estejam precificados, eles nunca trazem a elevação real, pois não dá para saber em quanto o BC vai subir os juros. Então, ao comprar um título pré-fixado em um cenário onde se espera que os juros subam, você não perde dinheiro, mas deixa de ganhar o que os juros sobem”, disse.
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Por isso, o gerente afirma que os investimentos mais adequados, diante da expectativa de novo ciclo de aperto monetário, são os títulos indexados à taxa Selic. “Esses títulos não possuem riscos. Se o BC subir em 2% ou 3% a Selic, esses títulos vão acompanhar essas elevações e o investidor não terá nenhum prejuízo, ou perda de rendimento, como pode ocorrer com os pré-fixados”, explica. “No vencimento do papel você terá uma Selic semelhante ao que seu papel está rendendo, sem desconforto para o investidor”.
Confira o resultado da enquete:
Com a inflação em alta e a aposta de elevação da Selic no início de 2011, a melhor estratégia é: |
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Respostas |
Votos |
% |
Elevar exposição a títulos pré-fixados | 412 | 19,16% |
Elevar exposição a títulos indexados a índices de preços | 722 | 33,58% |
Apostar em ações menos sensíveis à alta dos juros e da inflação | 713 | 33,16% |
Apostar em outras alternativas de investimento | 303 | 14,09% |
Total | 2.150 | 100% |