Com IRB (IRBR3), Barsi quer incentivar ativismo de acionistas em assembleia

Barsi busca aprovação de chapa alternativa no conselho fiscal do IRB; intenção em 2023 é indicar vaga para integrar conselho de administração

Rodrigo Petry

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Um fato consumado entre as companhias abertas é a falta de participação dos acionistas minoritários nas decisões das assembleias, quando temas de importante relevância para o futuro das empresas são definidos. Mesmo com a disparada do número de investidores ativos nos últimos três anos, poucos sabem exercer o seu direito de acionista.

Dessa maneira, o principal acionista pessoal física da bolsa brasileira, Luiz Barsi Filho, resolveu inovar – e com a resseguradora IRB (IRBR3), que atravessou maus bocados nos últimos dois anos. Ele quer incentivar o ativismo dos acionistas da empresa engajando-os a votar na próxima assembleia, dia 31 de março, às 10h.

Para isso, formulou um Pedido Público de Procuração (PPP) para que os acionistas possam votar favoravelmente, desfavoravelmente ou se abster em relação às matérias da ordem do dia. Especialmente para Barsi, o que ele procura incentivar é a votação de uma chapa alternativa para composição do conselho fiscal.

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No último dia 16, junto com a Geração Futuro L Par Fundo de Investimento em Ações, Luiz Barsi solicitou a inclusão de candidatos para concorrer a membros do Conselho Fiscal do IRB, com a indicação sua filha, Louise Barsi, como membro efetivo, e Daniel Alves Ferreira, como suplente.

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“Há muita burocracia e nem todos os acionistas têm tempo para participar das assembleias”, disse Louise Barsi, ao InfoMoney. “O fato do IRB ser uma corporation (sem controlador definido) aflora a necessidade de maior participação dos acionistas”, completou.

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No caso do IRB, os dois maiores acionistas são Itaú Seguros (11,51%) e Bradesco Seguros (15,78%), enquanto 71,72% do capital é de outros.

Entre os acionistas, são mais de 285,4 mil pessoas físicas, enquanto investidores institucionais somam 652 e pessoas jurídicas, 1.380.

Com cerca de 26 milhões de ações, Barsi conta com pouco mais de 2% do capital da empresa.

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Participação ativa e evitar novos erros

Conforme Louise, a ideia com a iniciativa é trazer voz aos acionistas minoritários e, mesmo sem poder antecipar votos, diz que a recepção tem sido bem grande. “Se o resultado for positivo, vai ser algo sem precedentes no ativismo dos acionistas minoritários”, disse.

Segundo ela, a intenção é abrir o canal de comunicação com a companhia e ano que vem, na próxima assembleia geral ordinária, pleitear uma vaga no Conselho de Administração, que será renovado. “Nossa ideia é estar no conselho fiscal e de administração, participando ativamente e mergulhando nos números da empresa”, disse.

Louise reforçou que a intenção é evitar que os problemas contábeis que derrubaram o valor de mercado da empresa “não aconteçam nunca mais”. “Queremos ajudar nos controles internos e na criação de uma história de transparência”, acrescentou.

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Inovação

Segundo especialistas consultados pelo InfoMoney, pedidos públicos de participação em assembleia são bastante raros. Conforme Luiz Marcatti, presidente da Mesa Corporate Governance, o investidor brasileiro ainda é muito passivo às decisões dos blocos de controle das empresas.

“O PPP ainda não é um instrumento muito usado, ao contrário dos EUA, onde os acionistas mandam seus votos de várias partes do país e até mesmo do exterior, com segurança no acesso ao voto, com mecanismos de token para assegurar a contagem correta dos votos”, disse.

O especialista em governança corporativa Renato Chaves ressalta que os votos em assembleia ainda são considerados “eventos burocráticos para advogados e não como um prestação de contas para os investidores”. “As empresa não fazem um evento amigável e convidativo às pessoas físicas a la Buffett“, acrescentou.

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Levantamento da MZ, feito a pedido do InfoMoney, apontou que, em 2021, foram mapeados apenas dois documentos sobre PPP. Neste ano, porém, entre janeiro e março, foram cinco: Padtec (PDTC3), Dexco (DXCO3), IRB, BRF (BRFS3) e Positivo (POSI3).

Crescimento da Pessoa Física na bolsa

Esse debate encontra respaldo sobretudo nesse momento de aumento do número de investidores pessoa física na bolsa. A B3 atingiu, em janeiro de 2022, a marca de 5 milhões de contas de pessoas físicas abertas em corretoras no Brasil.

O número se divide entre 1.2 milhão de contas de mulheres e 3.8 milhões de homens, já o número de CPFs únicos é de 4,2 milhões, uma vez que uma mesma pessoa pode ter conta em mais de uma corretora.

Investidores na bolsa disparam. Fonte: B3
Investidores na bolsa disparam. Fonte: B3

IRB histórico de problemas

A companhia foi uma queridinha do mercado desde o sua abertura de capital, em julho de 2017, até fevereiro de 2020, quando a gestora Squadra publicou uma carta de 184 páginas apontando uma série de “inconsistências” no balanço do IRB.

Logo após a publicação, a empresa tentou rebater as acusações, mas uma tréplica veio uma semana depois, dessa vez de apenas 50 páginas, rebatendo cada ponto levantado pelo IRB em sua defesa. Por seu ramo de atuação, o mercado de resseguros, poucos entendiam a dinâmica da empresa.

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Como consequência dos fatos e repercussões, o CEO José Carlos Cardoso e o CFO Fernando Passos renunciaram aos seus cargos. Enquanto isso, as ações da empresa saíram de R$ 33,25 para R$ 9,68, batendo em R$ 6,43 (uma queda de 85%) em pouco mais de um mês – também influenciada pela decretação da pandemia em março de 2020.

Após, houve uma reestruturação de toda a administração com a busca do aprimoramento da governança corporativa. Mas desde então, nunca mais a empresa teve a mesma confiança do mercado e resultados positivos, acumulando um prejuízo de R$ 1,4 bilhão em 2020 e outro de R$ 682 milhões em 2021.

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