IRB (IRBR3): números melhoram, mas é a hora da virada? Por que analistas seguem cautelosos com a companhia

Primeira geração de caixa nesse trimestre depois de muito tempo pode ser ponto de inflexão no caminho, aponta Genial

Lara Rizério

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A ação do IRB (IRBR3) chegou a saltar quase 15% na máxima do dia, na sessão após o ressegurador divulgar seus resultados do quarto trimestre de 2022 (4T22), com queda no prejuízo e geração de caixa. Contudo, ao longo do pregão, o ânimo diminuiu e os papéis fecharam a sessão desta quinta-feira (9) com alta de 4,97%, R$ 20,69.

resseguradora teve prejuízo líquido de R$ 38,8 milhões no período, queda de 89,5% ante o resultado negativo de R$ 371 milhões um ano antes. A sinistralidade total caiu de 123,5% para 93,8% no período.

Em relatório, a Genial Investimentos destacou ainda que, após muito tempo (quatro trimestres), o IRB conseguiu reportar uma geração de caixa, deixando o forte consumo dos últimos trimestres e que deixavam dúvidas sobre uma possível nova emissão de ações.

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A companhia teve um caixa positivo no 4T22 de R$ 220,1 milhões, comparado a um consumo de caixa de R$ 1,182 bilhão no 4T21. “A geração de caixa nesse trimestre deu-se, principalmente, pelo menor volume de pagamento de sinistros e menor repasse de prêmios por cessão de riscos, ou seja, retrocessão”, informou a companhia.

Apesar disso, houve prejuízo no trimestre, acumulando um resultado negativo de R$ 631 milhões em 2022 versus um prejuízo de R$ 683 milhões em 2021.

“O resultado do 4T veio em linha com nossas estimativas, sendo que era esperado um prejuízo de R$ 43 milhões”, destacou a Genial. O trimestre foi marcado pelo resultado negativo de subscrição (R$ 152,8 milhões), mas que foi compensado pelo resultado financeiro positivo de R$ 153 milhões, que contempla um ganho patrimonial de R$ 53 milhões da venda de uma participação no Casa Shopping. Expurgando esse ganho, o prejuízo do IRB seria de R$ 71 milhões.

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A Genial destaca que, ao longo de 2022, o IRB foi fortemente impactado pela sinistralidade do rural e pessoas.

Neste sentido, a primeira geração de caixa nesse trimestre depois de muito tempo pode finalmente significar um ponto de inflexão no caminho de um restabelecimento da lucratividade. Com o Retorno sobre o Patrimônio (ROE) ainda negativo em 2022, a geração de caixa pode ser um passo importante de uma saída de sucessivos anos com prejuízos para o um lucro em 2023, mesmo que pequeno.

“Além da melhora na subscrição de risco com menores índices de sinistralidade, os níveis de juros mais altos devem ajudar o resultado financeiro da empresa”, avaliam os analistas.

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A indústria de resseguros cresceu 22% em 2022, enquanto o IRB seguiu encolhendo com prêmios emitidos cedendo 10% ao ano, resultado da profunda reestruturação que segue desde 2020.

O Citi avalia que houve uma melhora significativa para o IRB na linha do resultado líquido, mas a companhia segue apresentando prejuízo. Além disso, apesar da sinistralidade ter caído, o nível atual ainda é muito alto para o IRB sustentar uma lucratividade no longo prazo (o que pode elevar novamente as preocupações sobre liquidez da companhia).

Para a Guide, o IRB entregou um resultado em linha com a sua nova estratégia corporativa, focando sua expansão na sua principal região de expertise, o Brasil, e entregando melhores números. Por outro lado, a queda do patrimônio líquido ajustado continua sendo um dos pontos principais de atenção para o investidor.

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O JPMorgan, por sua vez, destaca que a combinação de rentabilidade ainda medíocre e a possibilidade de eventual necessidade de capital adicional ainda no radar deve continuar pesando sobre as ações, na visão dos analistas.

O banco tem recomendação neutra para os ativos, a mesma do Citi, este último com preço-alvo de R$ 27 para as ações. O Safra também tem recomendação neutra para os ativos, dados os resultados operacionais ainda fracos no curto prazo, bem como a incerteza quanto ao nível de rentabilidade sustentável da empresa no médio e longo prazo. A Genial, por sua vez, segue com recomendação de venda para os ativos, com preço-alvo de R$ 21. A inflexão parece estar mais perto, mas analistas seguem reticentes.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.