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IRB (IRBR3) quer fechar ano com carteira mais limpa para retomar crescimento em 2024; El Niño não impacta negócios

Segundo o CEO, a empresa está trabalhando para que este patamar de resultados continue assim em 2024 e nos próximos anos

Felipe Alves

IRB Brasil (Foto/Reprodução: Youtube)
IRB Brasil (Foto/Reprodução: Youtube)

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Em teleconferência de resultados na manhã desta sexta-feira (10), o CEO do IRB (Re) (IRBR3), Marcos Falcão, afirmou que a companhia está entregando os resultados prometidos no início do ano e comemorou o balanço do terceiro trimestre de 2023. As ações IRBR3 fecharam com ganhos de 2,20%, a R$ 44,13.

Segundo o CEO, a empresa está trabalhando para que este patamar de resultados continue assim em 2024 e nos próximos anos. “Estamos confiantes. Sabemos que temos volatilidade no curto prazo, mas temos que olhar os dados com foco em médio e longo prazo”, afirma. O IRB (Re) registrou lucro líquido de R$ 47,7 milhões no 3T23 ante prejuízo de R$ 298,7 milhões no 3T22.

O foco da empresa continua em nacionalizar cada vez mais os seguros. Assim, permanece com expectativa de manter 80% da carteira no Brasil, 15% na América Latina e 5% em outros mercados. Ao fim do 3T23, os negócios no Brasil respondiam a 85%.

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Para ter condições de voltar ao crescimento em 2024, a diretoria do IRB segue focada em limpar a carteira até o fim deste ano. De acordo com Daniel Castillo, Vice-Presidente de Resseguros do IRB, a empresa tem hoje uma carteira menor, mas mais rentável, com objetivo de ter mais equilíbrio, com melhor qualidade e rentabilidade.

Em 30 de setembro, o indicador de cobertura de provisões técnicas apresentou suficiência de R$ 608 milhões, em comparação ao saldo de R$ 326 milhões em 30 de setembro de 2022. “Mantemos provisões técnicas robustas e em linha com evolução do negócio”, afirmou Castillo.

O índice de sinistralidade de IRB no 3T23 ficou em 74%, registrando queda de 42,8 pontos percentuais (p.p.) na comparação com o 3T22, de 116,8%. “A sinistralidade é o fator de maior relevância para atingir os resultados esperados”, destacou Castillo.

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Sem impactos do El Niño

Questionado sobre os efeitos do El Niño nos seguros do IRB, Castillo destacou que a empresa não prevê grandes impactos do fenômeno nos negócios até o final do primeiro semestre de 2024.

Segundo ele, o agro é um negócio que tem dispersão geográfica e permite equilíbrio das exposições. Mas, até o momento, a sinistralidade do segmento é bem melhor do que a esperada.

Índices regulatórios

Desde que a IRB sofreu desenquadramento regulatório em 2022, todos os trimestres os investidores acompanham de pertos os indicadores analisados pelos reguladores. No 3T23, o índice de suficiência regulatória do PLA chegou a 150% no 3T23, maior que os 122% do 2T23 e bem acima do comparativo anual. No 3T22, o índice estava em 109%.

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Segundo Thaís Ricarte Peters, Diretora de Controles Internos, Riscos e Conformidade, o índice reflete o conjunto de melhorias que a companhia vem implementando ao longo dos últimos trimestres.

Já o índice combinado (ex-LPT) de IRB alcançou 108% no 3T23, o que “não é ideal, mas demonstra grande avanço”, segundo Rodrigo Botti, Vice-Presidente de IRB. Ele destacou que o percentual é bem melhor do que os 143% referente ao 3T22, mas ainda aquém do que a companhia almeja.

Ao comentar sua visão para 2024, Marcos Falcão destacou que espera preços favoráveis para subscrição e ambiente alto de juros, assim como um mercado volátil, e demanda por capacidade maior que a oferta. Com as renegociações de contratos, o CEO espera entrar o ano com uma carteira “mais limpa”, afastando o IRB das subscrições antigas.

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Visão do mercado sobre os números

Apesar de abaixo do esperado pelo consenso de mercado, o lucro de R$ 47,7 milhões do IRB foi visto como um bom progresso pelos analistas que, contudo, ainda preferem ficar “à margem” dos papéis.

A Genial destaca que o resultado ficou 8% abaixo das suas expectativas e 12% abaixo das estimativas do consenso de mercado. “Apesar do lucro ter ficado abaixo das projeções, a companhia mostra uma sequência de crescimento e melhora de rentabilidade, sinalizando que o processo de reestruturação pode estar sendo eficaz e que talvez possamos ver melhores resultados nos próximos trimestres”, aponta.

O trimestre apresentou um resultado de subscrição positivo em R$ 11 milhões, uma melhora significativa em relação ao 3T22 que apresentou um valor negativo de R$ 539 milhões. Os analistas ressaltam que o resultado operacional continua fraco com saldo negativo, porém apresenta uma melhora significativa na comparação anual, marcado por um índice combinado de 111% no 3T23 versus 156% no 3T22. “No entanto, essas melhoras não são suficientes para gerar lucro, que acaba sendo desenvolvido pelo resultado financeiro”, aponta.

No 3T23, a companhia divulgou suas estimativas de uso dos créditos tributários para os próximos anos. Na análise da Genial, a empresa estaria estimando um lucro de R$ 140,6 milhões para 2023, R$ 450 milhões para 2024 e chegando a R$ 1,1 bilhão em 2028.

“Acreditamos que o lucro para 2024 deve ficar um pouco mais fraco, mas esperamos que os anos seguintes fiquem próximos dos valores estimados com base no crédito tributário. Assim, vemos que a empresa deve começar a melhorar gradualmente seus resultados e voltar a entregar uma rentabilidade em patamares mais atrativos no longo prazo”, aponta.

A Genial reitera recomendação de manutenção, com preço-alvo para o final de 2024 em R$ 45,40, upside de 11%. “No momento, vemos os múltiplos da companhia em patamares justos”, avalia.

Já o Santander tem recomendação underperform (desempenho abaixo da média do mercado, equivalente à venda), com preço-alvo de R$ 29, ou queda de 33% frente o fechamento da véspera.

“O índice de sinistralidade, de 74% (estável no trimestre), decepcionou, em nossa opinião, pois esperávamos mais melhorias. Numa nota positiva, o crescimento dos prêmios superou o nosso número, aumentando localmente, ao mesmo tempo que reduziu a exposição internacional. As receitas financeiras também nos surpreenderam positivamente, impulsionadas pela valorização do dólar no período”, afirma o banco.

“Embora reconheçamos que o IRB está a passar por uma recuperação e saudemos a estratégia da empresa de reduzir os sinistros e a sua exposição a prêmios internacionais, preferimos ficar à margem enquanto a empresa percorre este caminho de recuperação. No entanto, reconhecemos as conquistas da empresa e a melhoria gradual dos resultados”, aponta.