IRB tem queda de 92% do lucro no 1º trimestre, a R$ 13,8 mi, reapresenta dados de 2019 e estuda aumento de capital

Os ajustes tiveram um efeito total no resultado de 2019 de cerca de R$ 553,4 milhões, e de R$ 117,2 milhões em 2018

Equipe InfoMoney

Fachada do IRB (Divulgação)
Fachada do IRB (Divulgação)

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SÃO PAULO – O ressegurador IRB Brasil (IRBR3) registrou uma queda de 92% no lucro líquido no primeiro trimestre de 2020, para R$ 13,874 milhões, ante os R$ 177,9 milhões registrados em igual intervalo de 2019. Este último número já é ajustado, após a reapresentação do resultado de 2019.

O resultado positivo foi definido em março, uma vez que a companhia informou à Superintendência de Seguros Privados (Susep) um prejuízo acumulado de R$ 110,6 milhões em janeiro e fevereiro.

O prêmio emitido do ressegurador nestes três primeiros meses foi de R$ 1,996 bilhão, um crescimento de 13% em relação ao trimestre do ano anterior.

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Em prêmios ganhos, o IRB obteve R$ 1,499 bilhão no período, contra R$ 1,241 bilhão entre janeiro e março de 2019. Já com referência ao pagamento de sinistros, a companhia desembolsou, em indenizações, o montante de R$ 1,147 bilhão no trimestre, montante superior aos R$ 959 milhões gastos no mesmo intervalo do ano passado. Já o patrimônio líquido do IRB, calculado em R$ R$ 3,94 bilhões no último trimestre do ano passado, recuou para R$ 3,56 bilhões em março deste ano.

“A revisão dos números e os resultados do primeiro trimestre mostram uma empresa sólida, mas que ainda necessita de ajustes na sua estrutura de atuação geográfica, linhas e tipos de negócios de forma a adequá-la ao perfil de ressegurador de classe mundial, com foco em seus clientes e resultados consistente e sustentáveis” disse o presidente do Conselho de Administração e atual diretor-presidente, Antonio Cassio dos Santos, no comunicado de resultados.

Dados revisados

A companhia informou as demonstrações financeiras revisadas do ano de 2019, sendo que estas últimas foram reapresentadas após uma análise liderada pela nova diretoria, empossada a partir da segunda quinzena de março de 2020, “que demonstrou fatos e indícios de que uma série de registros contábeis conduzidos pela antiga gestão estavam efetivamente incorretos e demandavam ajustes”, informou a companhia.

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Os ajustes tiveram um efeito total no resultado de 2019 de cerca de R$ 553,4 milhões, e de R$ 117,2 milhões em 2018. O efeito no patrimônio líquido do IRB foi de R$ 727,2 milhões em 2019 e R$ 369,1 milhões em 2018.

Com isso, o lucro líquido do exercício, após a revisão, ficou em R$ 1,21 bilhão em 2019 (contra R$ 1,76 bilhão nas demonstrações anteriormente divulgadas) e R$ 1,10 bilhão em 2018 (contra R$ 1,21 bilhão anteriormente divulgado).

Segundo a nota explicativa divulgada nas demonstrações revisadas, os principais motivos para as alterações foram o registro em competências inadequadas de determinados sinistros, a ausência de registro da provisão para um número de outros sinistros e provisão subestimada para um grande número de casos, dentre outros ajustes detalhados nas Notas Explicativas das Demonstrações Financeiras, informou a companhia.

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“Revisar demonstrações financeiras já apresentadas nunca é desejável. Porém, isto foi necessário frente ao que foi encontrado e ao nosso compromisso de apresentar ao mercado um quadro completo e verdadeiro sobre a Companhia”, disse Werner Suffert, vice-presidente Executivo, Financeiro e de Relações com Investidores, no release de resultados.

As apurações contaram com procedimentos internos de auditoria e compliance, que levaram aos ajustes e também identificaram os Diretores e demais colaboradores responsáveis pelos registros realizados de forma inadequada, informou a empresa. Ela ainda comunicou que apresentará essas conclusões à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e à Susep, e analisará o oferecimento de denúncia às autoridades competentes sobre os fatos e indícios apurados, visando as devidas investigações.

Na semana passada, o IRB Brasil RE já havia apresentado a esses órgãos, bem como ao Ministério Público Federal (MPF), as conclusões relativas à investigação independente sobre a divulgação intencional de informações falsas ao mercado e apurações internas sobre pagamentos realizados de forma indevida, destacou a companhia.

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Possível capitalização

A companhia informou também que o Conselho de Administração aprovou a contratação de dois bancos – o Bradesco BBI e o Itaú BBA – para avaliar alternativas visando uma solução técnica para o cumprimento das regras da Susep (Resolução CNSP 321/2015) quanto ao volume de ativos garantidores para a cobertura de Provisões Técnicas e de liquidez regulatória.

Essas alternativas incluem um potencial aumento de capital da companhia, o que permitiria o reenquadramento imediato aos critérios definidos pela Susep. “Além disso, uma capitalização, se efetivada, fortaleceria a estrutura de capital do IRB Brasil RE, bem como a melhoraria sua posição de caixa”, informou a empresa.

“A capitalização, ainda em estudo, é parte da solução para a companhia, no sentido de que a fortalece perante os necessários enquadramentos regulatórios e melhora ainda mais os níveis já elevados de solvência, gerando mais valor para os nossos stakeholders”, destacou Antonio Cassio.

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O Credit Suisse destacou que o lucro do IRB veio abaixo do consenso de mercado (R$ 205 milhões) e que o papel, que tem uma forte participação das pessoas físicas, sofreu forte volatilidade nas últimas semanas. “A empresa anunciou a contratação de bancos para uma potencial capitalização para o reenquadramento de reservas técnicas, que está em R$ 2,1 bilhões. O montante equivale a 21% da capitalização de mercado”, explicaram os analistas.

Já o JP Morgan reduziu a recomendação para as ações do IRB de “neutro” para “underweight”, mas manteve o preço-alvo em R$ 8.

A reavaliação do JP Morgan leva em conta que com os ajustes feitos nas demonstrações, o IRB deve ter potencialmente atingido seu melhor ano em 2019. Além disso considera que dada a necessidade de melhorar a liquidez, a resseguradora precisaria de R$ 2 bilhões em capital.

“É improvável que o crescimento seja superior aos anos anteriores; a receita financeira não será tão favorável, dadas as baixas taxas de juros; e o fluxo de notícias (positivas) se dissipará”, avaliaram os analistas.

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