Itaú BBA vê demanda robusta por hedge cambial no Brasil ao longo de 2015

Com a economia brasileira se aproximando da maior recessão em duas décadas, as empresas têm enfrentado custos maiores de empréstimos e calotes de clientes

Reuters

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SÃO PAULO – Empresas brasileiras seguirão demandando instrumentos financeiros para se protegerem contra oscilações cambiais e preservar margens este ano, em um momento em que condições adversas de refinanciamento se fazem sentir, disseram executivos do Itaú BBA em entrevista.

Com a economia brasileira se aproximando da maior recessão em duas décadas, as empresas têm enfrentado custos maiores de empréstimos e calotes de clientes. A volatilidade do mercado também está aumentando a demanda por hedge cambial das empresas de grande e médio portes, disse Renato Collaço, chefe de vendas para mercado de médias empresas no Itaú BBA.

“No segmento de empresas de médio porte, o número de clientes que lida com gestão de risco está crescendo. Eles buscam os mercados de derivativos para mitigar a volatilidade e proteger as margens”, disse Collaço. Cerca de 10 por cento dos clientes do banco que buscam hedge cambial nunca tinha negociado com o Itaú antes, disse ele.

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No ano até abril, as empresas brasileiras levantaram 127,7 bilhões dólares nos chamados contratos a termo de moeda, que usam para amortecer a volatilidade de seus balanços, de acordo com dados da Cetip.

As empresas compraram 76,6 bilhões dólares e venderam 51,1 bilhões em contratos a termo de moeda no período, segundo os dados. O real teve desvalorização de 12 por cento em relação ao dólar no ano até o fim de abril.

O chefe de vendas do segmento corporate do Itaú BBA, Eric Altafim, disse que a incerteza sobre o calendário de aumentos da taxa de juro nos Estados Unidos e a desaceleração da China vão manter a volatilidade alta nos próximos meses.

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Incertezas domésticas, envolvendo a recessão e o impacto das mudanças na tributação dos contratos de derivativos a partir de julho também tendem a pressionar a demanda por hedge, disse ele.

A expectativa dos executivos é de que as condições de financiamento no Brasil piorem, uma vez que a crise econômica impedirá as empresas de repassar custos maiores de empréstimo para os clientes, pressionando suas margens, disse Altafim.

“As condições de financiamento em geral devem se manter difíceis no segundo semestre”, disse.