Itaú (ITUB4) tem resultado positivo e acima dos seus pares, mas ação fecha em queda em dia de aversão ao risco

Inadimplência subindo menos do que a dos pares e bom controle de despesas foram pontos destacados como positivos, mas ação tem baixa

Lara Rizério Felipe Alves

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O Itaú (ITUB4) divulgou seus números na manhã desta segunda-feira (9) com um lucro recorrente de R$ 7,36 bi no 1º tri de 2022, alta de 15% na base anual.

Já a inadimplência medida por atrasos acima de 90 dias atingiu 2,6% da carteira de crédito do Itaú Unibanco no final do primeiro trimestre deste ano. O número representa um aumento 0,3 ponto porcentual (p.p.) na comparação com o mesmo período do ano passado, e é 0,1 p.p. maior que o registrado no quarto trimestre de 2021.

Houve um aumento no custo do crédito, para que totalizou R$ 6,968 bilhões no primeiro trimestre, alta de 69,5% em relação frente o 1T21. O banco destacou que esse aumento ocorreu devido à alta de 57,8% das despesas de provisão para créditos de liquidação duvidosa (PDD), em razão da expansão da carteira de crédito de varejo no período.

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De um modo geral, analistas de mercado destacaram que os números do banco foram positivos, ainda que a sessão seja de queda para os ativos em meio ao cenário de aversão ao risco global, que fazia o Ibovespa cair cerca de 1,8% no final da dia. Os ativos ITUB4 ainda fecharam em queda inferior a do Ibovespa, de 1,43%, a 23,45.

Para o Morgan Stanley, o banco entregou resultado sólido e superou expectativa de crescimento de crédito. A equipe de análise do banco também destacou o aumento de margens do banco no período e um maior controle de custos. E nota que, assim como Santander (SANB11) e Bradesco (BBDC4), o Itaú também se beneficiou com o aumento da taxa básica de juros e uma mudança no mix de concessão de crédito ao consumidor.

A Levante  também citou que, mais uma vez, o Itaú superou os seus dois principais concorrentes, o Bradesco e o Santander. “O banco tem um mix saudável de produtos que garante uma carteira saudável e com qualidade, inadimplência em níveis tranquilos, ainda inferiores aos números apresentados no período pré-pandemia, e um bom desempenho no controle de despesas, que permitiram mais uma vez um aumento do ROE no período”, afirma a Levante.

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O Morgan Stanley também observa que o banco conseguiu reduzir seus custos em 4% de um semestre para o outro, bem abaixo da inflação e de seu crescimento de receita.

Outros destaques foram a normalização das Provisões de Devedores Duvidosos (PDD) e de empréstimos não performados (NPL). “Acreditamos que essa normalização a níveis pré-pandemia aconteceu por conta do grande volumes de renegociações feitas em 2020 e 2021. Além disso, acreditamos que o aumento no volume de empréstimos e a mudança no perfil da concessão de crédito para consumidores de maior risco contribui com um aumento das provisões e empréstimos não pagos”, apontou o banco.

Leia também: Com margem elevada no 1º tri, Itaú (ITUB4) vê cenário volátil e convergência para o guidance em 2022

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O Morgan Stanley reiterou classificação overweight (exposição acima da média do mercado) para o ADR (recibo de ações da empresa negociado na Bolsa de Nova York) ITUB, “nosso banco large-cap favorito na América Latina”, diz a análise. O preço-alvo é de US$ 7,20, ou um potencial de valorização de 55% em relação ao fechamento de sexta-feira.

Já para o Credit Suisse, o lucro líquido foi em linha com sua estimativa. Os analistas do banco suíço destacaram o melhor desempenho da qualidade de ativos do Itaú em relação aos pares, com piora controlada da inadimplência.

Para o Bradesco BBI, o Itaú reportou um “trimestre decente”, com resultados esperados. Segundo os analistas, embora a margem do banco com clientes tenha ficado mais fraca do que os analistas do BBI esperavam, manteve-se em linha com o guidance para 2022, enquanto as provisões refletiram uma ligeira deterioração do NPL (empréstimo de crédito não produtivo).

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“Enquanto isso, os fortes resultados de seguros e operacionais mais do que compensaram as taxas de serviços [fees] sazonalmente mais fracas. Acreditamos que a menor deterioração do NPL em comparação com seus pares do setor privado pode trazer uma leitura positiva do mercado e um desempenho potencialmente positivo”, afirmou o Bradesco BBI. A recomendação do BBI para o Itaú é outperform (desempenho acima da média do mercado), com preço-alvo de R$ 32, ou um potencial de valorização de 35% em relação ao fechamento de sexta-feira.

Apesar de ter superado levemente as expectativas do Goldman Sachs (em 1%) com relação ao lucro recorrente, o Goldman Sachs notou que o NII (receita líquida de juros) ajustado ao risco do Itaú ficou 7% abaixo das estimativas, com a empresa superando as estimativas principalmente em despesas operacionais, seguros e uma alíquota de imposto mais baixa. O lucro antes dos impostos ficou 2% abaixo do esperado pelo banco, com uma alíquota efetiva de 29% (de 35% no 4T21).

Os analistas do Goldman, por sua vez, ressaltam que o NII de clientes do Itaú foi sólido, em alta de 1%, com melhores volumes, mix e margem de passivos parcialmente compensados por spreads mais fracos na América Latina. O Goldman Sachs mantém recomendação neutra para Itaú, com preço-alvo de R$ 28.

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A XP também segue com recomendação equivalente à neutra para o banco, ainda que tenha destacado seu resultado como ligeiramente positivo em virtude do forte crescimento da carteira de crédito e da margem financeira.

“Paralelamente o Itaú reportou um bom controle de despesas, apesar da piora marginal em sua inadimplência e índice de cobertura”, avaliam os analistas. O índice de cobertura (que representa a proporção que a provisão para risco de crédito é capaz de cobrir os créditos inadimplentes) teve queda de 9 pontos percentuais na comparação trimestral, para 232%.

Em termos de despesas, o banco reportou um pequeno aumento de 2,9% na base anual nas despesas não financeiras, bem abaixo da inflação do período e próximo à mínima do guidance para o ano, o que os analistas consideraram como positivo. Contudo, reiteraram recomendação equivalente

Cenário desafiador, mas resiliência

Em coletiva de imprensa nesta manhã, o CEO Milton Maluhy Filho  destacou que, apesar do cenário desafiador no início do ano, os números do Itaú foram fortes, com destaque para a boa rentabilidade e o recorde do índice de eficiência da empresa.

“Os números foram em linha com o planejado e demonstram a consistência do nosso desempenho, que é fundamental para seguirmos performando de forma sustentável”, destacou Milton Maluhy Filho.

Milton Maluhy Filho, reforçou que o banco mantém o guidance divulgado em fevereiro para todo o ano de 2022. Segundo ele, após os resultados do 1T22, a expectativa positiva para o ano continua e o banco tem “todas as condições para atravessar 2022 com um balanço bastante robusto”.

“Continuamos acreditando que continua valendo para os próximos 9 meses. Todas as linhas capturam a geografia onde imaginamos que nossos resultados podem estar ao longo do ano”, destaca o CEO.

Sobre inadimplência, o CEO destacou que ela deve voltar gradualmente a níveis anteriores aos da pandemia, com leve alta nos próximos trimestres.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.