A expectativa de analistas de mercado é de que o Itaú (ITUB4) estaria como um dos destaques positivos da temporada de resultados do primeiro trimestre de 2023 (1T23) entre os bancões. Neste sentido, a instituição financeira não decepcionou, o que leva a uma alta que chegou a ultrapassar 2% no início da sessão. Os ativos chegaram a virar para leve queda mas, em linha com o dia de ganhos do mercado, viraram para alta e fecharam com ganhos de 1,39%, a R$ 26,35.
O banco divulgou nesta manhã lucro líquido recorrente de primeiro trimestre em alta de 14,6% sobre o mesmo período do ano passado, a R$ 8,435 bilhões, em um resultado em linha com as expectativas do mercado e marcado por controle de custos e inadimplência estável na comparação com o final do ano passado.
O patrimônio líquido do maior banco da América Latina era de R$ 164,932 bilhões, número 14,2% maior que um ano antes, e 2,5% superior ao observado em dezembro de 2022. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) do Itaú foi de 20,7%, alta 0,3 ponto porcentual em um ano, e de 1,4 ponto em um trimestre.
O maior banco privado do país terminou o primeiro trimestre com 4.173 agências e pontos de atendimento, redução de 42 unidades em relação ao final de março do ano passado e queda ante dezembro, quando a base era de 4.231 agências. A base de caixas eletrônicos encolheu em 1.141 pontos.
Apesar do enxugamento da presença física do Itaú Unibanco, o banco elevou o número de funcionários em 862 empregados no primeiro trimestre na comparação anual, com a linha outras despesas operacionais crescendo 9,3% no período, a R$ 16,16 bilhões.
O Itaú Unibanco encerrou março com índice de inadimplência de operações vencidas há mais de 90 dias de 2,9%, estável sobre o final de 2022, mas acima dos 2,6% registrados um ano antes. Mas a carteira de crédito subiu 11,7% no período, para 1,153 trilhão de reais.
O chamado índice de inadimplência antecedente, de operações vencidas entre 15 e 90 dias, passou de 2,3% no final do ano passado para 2,5% em março, o que, segundo o Itaú, marca a menor alta para um primeiro trimestre desde 2018.
O chamado “custo do crédito” disparou 30,4% na comparação anual, para R$ 9,1 bilhões, no primeiro trimestre, com os descontos concedidos crescendo 56,1%, a 868 milhões de reais. “Essa variação (no custo do crédito) ocorreu principalmente nos negócios de varejo no Brasil, com aumento de R$ 1,625 bilhão da despesa de provisão para créditos de liquidação duvidosa, em função da maior originação em produtos de crédito ao consumo e sem garantia”, afirmou no balanço.
“Mais uma vez, vemos os resultados do 1T23 do Itaú como sólidos”, aponta a XP. Embora em linha com suas estimativas, o lucro líquido recorrente alcançou R$ 8,4 bilhões (o mais alto desde 2015).
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As receitas operacionais aumentaram em 13,4%, impulsionadas pela receita líquida de juros (NII) com clientes, tarifas, e seguros. Por outro lado, a XP vê a diminuição da NII com o mercado (-36,0% ao ano) como o destaque negativo. A inadimplência permaneceu estável sequencialmente, enquanto as Provisões para Perdas aumentaram dois dígitos ao ano (-7,3% no trimestre) e ficaram 7% acima do que a XP esperava.
“Como resultado, vemos os resultados gerais do banco como robustos e reiteramos nossa visão positiva sobre a instituição”, avaliam os analistas da XP.
Para o Citi, a qualidade dos ativos mostra sinais de estabilização no 1T23. O Itaú reafirmou o guidance de 2023, indicando que o Itaú segue navegando bem apesar do momento econômico atual difícil, na avaliação dos analistas. O Citi tem recomendação de compra para o Itaú, com preço-alvo de R$ 31 por ação.
O JPMorgan também destaca que o lucro foi em linha com as suas expectativas, citando o crescimento da carteira de crédito em 1% na base trimestral e em 12% na comparação anual, superior ao do Bradesco (BBDC4, em queda trimestral de 2% e alta anual de 4%) e impulsionada principalmente por grandes empresas (+2% no trimestre) e pessoas físicas (+1% no trimestre), enquanto para pequenas e médias empresas encolheu 2%.
A NII total subiu em relação ao ano anterior, 3% abaixo do esperado pelo JP, “mas também substancialmente mais forte do que a queda anual de 2% do Bradesco”, destacam os analistas, apontando que as métricas de qualidade de ativos foram especialmente boas à luz da sazonalidade e após o balanço do Bradesco.
O Goldman Sachs destaca que o banco teve queda trimestral de 1% da NII dos clientes, mas alta anual de 20%, desfrutando de volumes e margens de passivos ligeiramente melhores, parcialmente compensados pelo mix mais fraco, spreads e número de dias úteis, enquanto a margem de lucro do mercado caiu 14% no trimestre para R$ 600 milhões.
Sobre a inadimplência, levando em conta a sazonalidade, os números também não foram altos, avalia o JPMorgan. As taxas de serviço também foram razoáveis, em alta de 6% na base anual, enquanto o seguro permaneceu forte com avanço de 11% ano a ano, mas desacelerando em relação ao trimestre anterior e 4% abaixo do esperado pelo banco. O opex (despesa operacional) ficou 1% acima do estimado pelo JP, com um aumento de 8% em relação ao ano anterior.
Para o Goldman Sachs, enquanto o lucro líquido recorrente ficou praticamente em linha com as suas estimativas, a receita líquida ficou modestamente abaixo, principalmente levando em conta a receita líquida de juros, enquanto as provisões para perdas com empréstimos permaneceram elevadas, mas estão operando no limite inferior do guidance.
Do lado positivo, também aponta que a inadimplência ficou estável no trimestre, com o Itaú seguindo com um desempenho melhor do que os pares. Os depósitos de clientes também se saíram relativamente melhor do que o setor, enquanto a demanda por empréstimos corporativos caiu no trimestre.
Os ganhos antes dos impostos ficaram 5% abaixo do esperado pelo Goldman e 3% abaixo do consenso, já que a empresa divulgou uma alíquota efetiva de imposto de 26,8% (versus 30,0% do esperado pelo banco americano).
“No entanto, acreditamos que os resultados foram em sua maioria positivos, considerando o ROE [retorno sobre o patrimônio líquid0] elevado e as tendências positivas para a qualidade dos ativos”, apontam.
Tanto XP quanto JPMorgan e Goldman Sachs possuem recomendação de compra ou equivalente à compra para os ativos do Itaú, confirmando uma visão positiva para os ativos ITUB4 dentre os preferidos entre os bancões.
(com Reuters)