Japoneses se impressionam e brasileiros vibram com premiê vestido de Mario: mas quem é Shinzo Abe?

Shinzo Abe roubou a cena no encerramento da Olimpíada ao aparecer vestido de Mario Bros: porém, você sabe quem é ele?

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A Olimpíada do Rio de Janeiro acabou no último domingo e a preparação para os próximos Jogos, que serão em Tóquio (Japão), já começaram. Em meio a tantas demonstrações da cultura brasileira e também da japonesa na festa de encerramento dos Jogos, quem roubou a cena foi o primeiro-ministro do país, Shinzo Abe, que se vestiu de Mario Bros, personagem icônico de desenho e games, para representar o país.

A fantasia “inusitada” viralizou nas redes sociais e Shinzo Abe acabou virando quase uma “celebridade instantânea”, uma vez que se tratava de um político pouco conhecido no nosso País. Enquanto isso, o Japão reagiu com surpresa e admiração à situação inusitada em que embarcou o seu principal líder. 

Apesar de pouco conhecido no Brasil, Abe é um ator político bastante importante – e de grande influência para os mercados. 

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Abe tem 61 anos e estudou Ciência Política na Universidade de Seikei, formando-se em 1977. Vindo de uma família de diversos políticos como o seu pai (Shintaro Abe) e seu avô (Kan Abe), Shinzo entrou na carreira política em 1982 e teve uma rápida ascensão. Ele entrou no Parlamento em 1993 e já em 2006 virou primeiro-ministro. Assim, aos 52 anos, ele se tornou o mais jovem primeiro-ministro do pós-guerra no Japão e o primeiro nascido depois da Segunda Guerra Mundial. 

Porém, seu primeiro mandato foi bastante turbulento, em meio a acusações de corrupção política e gafes de integrantes de seu governo, o que o enfraqueceu politicamente e levou à sua renúncia em setembro de 2007. No final de dezembro de 2012, contudo, Abe foi reconduzido ao posto. 

Nesta segunda fase, um novo plano ganhou destaque: o conhecido “Abenomics”, um agressivo programa de flexibilização monetária de forma a reverter a estagnação econômica combinada à deflação que afeta o Japão há duas décadas. Em 2013, o anúncio impulsionou a bolsa do país para os maiores patamares desde 2008 e contribuiu para a desvalorização do iene, mas passaram a ser vistas com desconfiança uma vez que não se traduziram em uma melhora significativa da atividade econômica. O presidente do Bank of Japan, Haruhiko Kuroda, guiou as políticas monetárias durante esse período. 

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Apesar do BoJ ter feito sua parte, o Partido Liberal Democrático, de Abe, não acompanhou. Um aumento de impostos inoportuno em 2014 empurrou o Japão para a recessão. A inflação continua dando sinais mornos e a economia segue fraca.

No início de 2016, houve uma nova tentativa do BoJ de animar a economia, com o Japão entrando para o clube das economias que adotaram uma política de taxas de juros negativas, exigindo que as instituições financeiras paguem ao Banco Central para deixar seu dinheiro além dos níveis de reservas exigidos. 

A medida também animou os mercados inicialmente, mas logo levaram a ceticismo sobre a real efetividade dessas políticas e os investidores estrangeiros, que foram grandes compradores nos primeiros anos do mandato de Abe, passaram a perder a confiança nele.

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Neste cenário, em agosto, Abe afirmou não acreditar que o BoJ tenha  esgotado suas medidas para atingir uma inflação de 2%, logo após a autoridade monetária do país ter decepcionado em reunião realizada em julho por não ter anunciado nenhum grande plano de flexibilização monetária. Um assessor do primeiro-ministro chegou a dizer que o BoJ  provavelmente tomará medidas ousadas em setembro, rechaçando especulação de que o banco central japonês poderia aproveitar uma revisão prevista de sua política para reduzir estímulos monetários.

“Independentemente da forma que eles conduzirem a avaliação, já há uma resposta: a política monetária não foi suficientemente relaxada”, comentou o assessor, Etsuro Honda, que também é o embaixador japonês para a Suíça. Se não houver medidas, disse Honda, “as pessoas vão desistir” da ampla política econômica que o governo japonês vem adotando nos últimos três anos e meio para combater a deflação. Ou seja, o “Abenomics”. 

Assim, será necessário avaliar os próximos passos de política monetária para saber se Abe será tão bem-sucedido na gestão econômica quanto foi nas redes sociais no último domingo. Caso for, ele poderá tomar de vez o título de “Super Mario” de um grande nome da política internacional: o presidente do BCE (Banco Central Europeu), Mario Draghi. Ele já foi alvo de montagens e comparações com o desenho em meio a suas tentativas de reanimar a economia europeia através da política monetária.

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A briga pelo título parece ser intensa – e ninguém quer ser o Luigi nesta história. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.