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A Minerva (BEEF3) é o primeiro frigorífico a, nessa quarta-feira (9), publicar seu balanço do segundo trimestre de 2023. O balanço deve ser, muito provavelmente, o ponto mais alto do período.
JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e BRF (BRFS3) divulgam, todas, seus resultados na próxima segunda.
Confira os consensos da Refinitiv:
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Empresa | Receita líquida | Ebitda | Lucro líquido |
Minerva | R$ 7,3 bilhões | R$ 679,7 milhões |
R$ 304,6 milhões
|
JBS | R$ 89,6 bilhões | R$ 4,4 bilhoes | R$ 75,8 milhões |
Marfrig | R$ 27,2 bilhões | R$ 1,7 bilhão |
R$ 370,8 milhões
|
BRF | R$ 13,1 bilhões | R$ 917,4 milhões |
– R$ 281,5 milhões
|
O intervalo que vai de abril a junho deve ser marcado, mais uma vez, por resultados pouco animadores – mas ao menos melhorando na comparação com o primeiro trimestre.
“Após um primeiro trimestre muito negativo para todos os frigoríficos da nossa cobertura, cada um com sua particularidade, esperamos uma recuperação, embora tímida”, falam os analistas da XP Investimentos.
Para carne bovina na América do Norte, onde JBS e Marfrig têm as maiores exposições, a corretora diz projetar uma recuperação devido ao sazonal mais positivo com a chegada da “temporada de churrascos”, embora o momento do ciclo do gado ainda seja negativo.
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Por lá, o número de cabeças de gado diminuiu recentemente, em um movimento natural após um período de maior oferta e de preços baixos. Isso pressiona as margens dos frigoríficos, que pagam mais caro pelos animais e não podem repassar todo o custo para os consumidores.
O Bank of America trouxe uma visão parecida. “Esperamos que as empresas brasileiras de alimentos apresentem um conjunto fraco de resultados no segundo trimestre. Acreditamos, no entanto, que elas devam se recuperar de um primeiro trimestre muito difícil, já que alguns dos eventos vistos no passado acabaram, caso da proibição chinesa à carne bovina brasileira”, dizem, mencionando a questão decorrente da detectação de um caso de Vaca Louca atípica no Brasil, em fevereiro.
Nesse caso, a Minerva é a que tem maior exposição ao gigante asiático.
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Do outro lado, eles afirmam que o real mais forte deve ser algo a ser monitorado, uma vez que pode pressionar as margens. Ao levar em conta o preço de fechamento de todos os pregões do primeiro e segundo trimestre, a moeda americana saiu de uma média de R$ 5,15 para R$ 4,84, com queda de 6%. Como os produtos são vendidos em dólares e as companhias gastam em reais nas suas produções, a valorização da moeda brasileira diminui as margens de ganhos.
O Itaú BBA também pontua que a fraqueza do mercado americano, a questão da China e o dólar mais fraco devem ser os destaques do trimestre – mas acrescenta a queda do preço dos grãos como algo a pesar do lado positivo.
Sinais de que a economia mundial está mais fraca, atrapalhando a demanda, bem como super safras, do lado da oferta, deram certo alívio aos preços dessas commodities, usadas nas rações dos animais.
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Minerva entre China e a valorização do real
Para a Minerva, os especialistas do BBA, que esperam um Ebida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) de R$ 672 milhões, mencionam que aguardam ver volumes melhores, uma vez que a liberação da China para as carnes brasileiras, em abril, deve impulsionar as vendas. “Porém, a demanda atrasada na China e a valorização cambial durante o trimestre provavelmente afetarão os preços, mantendo a receita em níveis abaixo do ótimo”, ponderam.
O BofA expõe que espera que a companhia trará resultados sólidos, com as margens ainda se recuperando no Brasil. Ao contrário dos Estados Unidos, o país se encontra em um momento do ciclo do gado que conta com o aumento das cabeças disponíveis, diminuindo os gastos dos frigoríficos.
“No entanto, a recuperação é mais lenta do que o esperado. Estimamos um Ebitda de R$ 702 milhões, um aumento de 32% em relação ao trimestre anterior e uma queda de 10% em relação ao ano anterior, devido aos preços muito mais altos da carne bovina em real”, diz o time do banco americano.
O BTG Pactual diz esperar uma sólida recuperação de margem para a Minerva, bem como um balanço positivo, com um Ebitda de R$ 702 milhões.
“A receita deve continuar sendo o principal obstáculo (estamos modelando uma queda de 13% no ano, para R$ 7,4 bilhões), já que os preços mais baixos da carne bovina compensam os volumes mais altos no Brasil e a incorporação da ALC. À medida que o ciclo positivo entra em ação e aumenta a diferença entre os preços da carne bovina e do gado, porém, as margens devem se recuperar bem”, explicam.
JBS e Marfrig
Para JBS e Marfrig, os resultados devem continuar pressionados por conta da já mencionada exposição maior aos Estados Unidos.
“Esperamos que o segmento de carne bovina nos Estados Unidos ainda se mantenha fraco no curto prazo”, fala o BTG sobre a JBS. “As margens da Marfrig dos EUA seguem acima dos seus pares, mas o bom momento está diminuindo”, completam sobre a outra empresa.
Segundo os analistas da instituição financeira brasileira, a JBS deve continuar a ver a carne bovina nos EUA como o principal detrator do seu balanço.
“ A JBS deve endereçar as ineficiências comerciais nos EUA e os preços do gado na Austrália despencaram. O segmento de suínos US deve permanecer fraco, o que, juntamente com os resultados da PPC [Pilgrim’s Pride], divulgados anteriormente, deve levar a um Ebitda da JBS nos EUA de R$ 2,9 bilhões, queda de 65% no ano”, falam.
No Brasil, o excesso da oferta global de aves deve pressionar o resultado da Seara, com apenas a JBS Brasil tendo uma melhora significativa projetada. O BTG projeta um Ebitda de R$ 4,1 bilhões, com a margem em 4,5%, queda de 680 pontos-base no ano.
“A JBS ainda deve ter um trimestre cheio de desafios”, diz o BofA, que vê o Ebitda em R$ 4,05 bilhões. “Esperamos que os resultados ainda sejam fracos, embora devam se recuperar do primeiro trimestre, com melhora das margens em todas as divisões, exceto na frente de suínos nos EUA. Seara e carne bovina dos EUA devem continuar a enfrentar dificuldades”.
O BBA projeta o Ebitda em R$ 4 bilhões e diz que, apesar da melhora sequencial, a JBS deve ter uma lucratividade abaixo dos niveis normais.
As opiniões para a Marfrig são parecidas.
“Embora continuemos esperando que a National Beef supere seus pares, acreditamos que a base de comparação mais difícil e a alta dos preços do gado devem continuar a resultar em números mais fracos na divisão”, fala o BTG, que tem consenso de Ebitda fixado em R$ 1,2 bilhão.
O BofA, com projeção de Ebitda em R$ 1,3 bilhão, vai no mesmo sentido, afirmando que espera que a Marfrig supere seus pares em termos de margens nos Estados Unidos – apesar da queda forte na base anual, por conta do alto preço do gado.
“Na América do Sul, os resultados devem melhorar em relação ao trimestre anterior devido ao fim da proibição chinesa à carne bovina brasileira, mas os preços de exportação da carne bovina não estão se recuperando como esperado devido à provável demanda mais fraca”, mencionam.
“Prevemos um Ebitda consolidado de R$ 1,3 bilhão (aumento de 42% em relação ao trimestre anterior), devido à sazonalidade positiva da temporada de churrascos nos EUA e ao impacto positivo da revogação da proibição na China nas operações na América do Sul”, fecha o BBA.
BRF sofre com oferta alta de aves
A BRF, por fim, deve continuar a sofrer com uma maior oferta de proteínas de aves e de suínos no mundo.
“O cenário é bastante parecido para aves e suínos no Brasil, apesar de esperamos que a queda nos custos dos grãos comece a se traduzir em arrefecimento de custos”, fala a XP.
Para o BofA, um real mais forte, juntamente com uma recuperação mais limitada dos preços de exportação de aves, deve manter as margens internacionais sob grande pressão, apesar de uma melhora sequencial.
“O segmento internacional ainda deve ser o obstáculo, já que o persistente excesso de oferta global de frango impulsionado pelo Brasil e, principalmente, pelos EUA continua prejudicando o ritmo de recuperação dos preços. As pressões de custo também devem permanecer, já que os custos de ração mais baixos devem fluir mais claramente no segundo semestre”, menciona o BTG.
BofA, BTG e Itaú têm projeções de Ebitda fixadas, respectivamente, em R$ 807 milhões, R$ 702 milhões e R$ 810 milhões.