Joint venture da Petrobras pede recuperação judicial e mais 3 notícias; mudança na Vale, 2 OPAs e outros destaques

Confira os destaques do noticiário corporativo desta quarta-feira (19)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O noticiário desta quarta-feira é bastante movimentado, com novidades envolvendo o aumento de capital do Bradesco, além da venda de um ativo da Renova para a AES Tietê. Enquanto isso, a Petrobras criticou o plano do governo para biocombustíveis e mais três notícias para a estatal. Atenção ainda para a prévia operacional da Gafisa. Confira os destaques:

Bradesco (BBDC4)
O Bradesco informou que o Banco Central autorizou seu aumento de capital no valor de R$ 8 bilhões, que levará seu capital de R$ 51,1 bilhões para R$ 59,1 bilhões, usando as reservas de lucro do banco.

A operação, anunciada em fevereiro de 2016, ocorrerá por meio da bonificação de 10% em ações, na proporção de 1 papel novo para cada 10 da mesma espécie. Serão beneficiados os acionistas que detiverem os papéis em 28 de abril de 2017.

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Considerando as ações bonificadas a serem incorporadas à posição dos acionistas, o Bradesco informa que haverá um incremento de 10% sobre os montantes pagos mensalmente referentes aos juros sobre o capital próprio declarados a partir de junho de 2017. O banco informa que é de R$ 14,405066098 o custo unitário atribuído às ações bonificadas.

Petrobras (PETR3; PETR4)
O noticiário da Petrobras é movimentado, com 3 notícias sobre a companhia. A petroleira demonstrou forte oposição a um programa liderado pelo governo para aumentar o uso de biocombustíveis, um movimento que acompanha sua recente decisão de retirar-se completamente do setor. Em um documento produzido pela estatal como contribuição a uma consulta sobre o programa RenovaBio, a Petrobras demonstrou preocupação sobre o impacto da maior produção de biocombustíveis sobre a proteção de florestas e produção de alimentos, e disse que usinas de cana não estão em posição financeira adequada para aumentar a produção de etanol.

A empresa também disse que o Brasil não precisa aumentar o uso de biocombustíveis para ajudar a cumprir suas metas sob o acordo climático de Paris, acrescentando que outras formas de contribuição teriam menor impacto econômico. 

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A posição da companhia está em evidente desacordo com o que foi planejado poucos anos atrás, quando a empresa queria diversificar suas fontes de energia e tornar-se uma das cinco maiores produtoras de biocombustíveis do mundo.

A Petrobras vendeu à francesa Tereos sua participação na fabricante de açúcar e etanol Guarani, vendeu uma participação de 50% na produtora de etanol Nova Fronteira e fechou algumas de suas plantas de biodiesel, à medida que prioriza investimentos nos campos de pré-sal para otimizar a geração de caixa e reduzir sua dívida de quase US$ 100 bilhões.

O diretor superintendente da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), Donizete Tokarski, disse estar surpreso com o conteúdo do documento. “Infelizmente é um retrocesso… Vejo que alguns dados que foram apresentados são ultrapassados, não acompanham a leitura global hoje”, disse ele. A Ubrabio apoia o programa do governo.

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Uma das promessas do Brasil sob o acordo climático de Paris era aumentar acentuadamente a parcela de biocombustíveis em sua matriz de energia para ajudar a bater uma ambiciosa meta de cortar as emissões de gases estufa em 43 por cento ante níveis de 2005 até 2030. Para o etanol, por exemplo, essa meta significaria quase dobrar a produção atual para 54 bilhões de litros até 2030. O governo criou recentemente o programa RenovaBio para reunir informações sobre como impulsionar o uso de biocombustíveis. Elizabeth Farina, presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), disse que a Petrobras parece estar olhando apenas para seus próprios interesses.

“Pedro Parente declarou claramente que seu foco está nos combustíveis fósseis. É claro que nenhuma companhia quer ser diminuída, mas você não pode ir contra o que está acontecendo no mundo”, disse ela. “O Brasil tem uma enorme vantagem comparativa em biocombustíveis. É claro que podemos bater a meta de Paris sem eles, mas isso seria tolo”. A Unica defende a adoção de mandatos de biocombustíveis para distribuidores de combustíveis no Brasil, de maneira similar ao que acontece nos Estados Unidos, como modo de forçar volumes maiores de etanol ao mercado.

O Valor Econômico informa ainda que, com dívidas que se aproximam de R$ 40 milhões com pequenos produtores e bancos, a BioÓleo entrou com pedido de recuperação judicial no fim de março. A empresa, localizada em feira de Santana, interior da Bahia, tem como sócios a 2R Participações e a Petrobras, cada uma com fatia de 50%. A expectativa é de que o pedido de recuperação seja deferido ainda hoje. 

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Ainda no radar da estatal,  a Folha de S. Paulo informou que a fundação Petros, que administra a previdência privada dos empregados da petroleira, fechou 2016 com um deficit acumulado de R$ 27,3 bilhões, um rombo R$ 3,4 bilhões maior do que o de 2015.  A maior parte do deficit, R$ 26,8 bilhões, refere-se ao principal plano administrado pela entidade, o PPSP (Plano Petros do Sistema Petrobras), o mais antigo, com cerca de 76 mil participantes.

Por fim, Subsea 7 disse que Petrobras antecipou o fim de contrato de PLSV. Encerramento do contrato de tarifa diária para embarcação lançadora de linha, chamada de PLSV, Seven Mar foi antecipado para 31 de maio, segundo comunicado divulgado em Luxemburgo. 

Gafisa (GFSA3)

As vendas contratadas líquidas da Gafisa tiveram alta de R$ 117,4 milhões no primeiro trimestre, 76% superior se comparado ao mesmo período de 2016. A construtora não realizou nenhum novo empreendimento no primeiro trimestre, uma vez que tinha o objetivo de vender unidades em estoque. “Apesar dos projetos estarem aprovados e disponíveis para lançamento, a companhia optou por seguir uma postura mais conservadora diante do atual cenário macroeconômico e também devido ao efeito sazonal do período”. 

Foram entregues três projetos com 610 unidades, somando R$ 265,1 milhões em valor geral de vendas (VGV).

Os distratos mais que duplicaram entre janeiro e março, somando R$ 118,2 milhões, e se concentraram nos projetos lançados até 2013. 

Elétricas

Sobre, a Transmissão Paulista, a Aneel decidiu ontem que as tarifas de energia não vão incluir a parcela referente à RBSE das distribuidoras, uma conta da ordem de R$ 9 bilhões. Algumas companhias do setor, como a Light, já estavam pagando pelo RBSE cheio. A ANEEL optou por retirar a cobrança da RBSE cheia de todos os consumidores pois eles entendem que ou se reverte a decisão ou não se aplica pois poderá haver no futuro várias ações judiciais. O pleito das associações (Abrace, Abividro e Abrafe) não questiona o valor original da RBSE tampouco a correção dos recebíveis pela inflação e sim o componente real adicionado ao fator de ajuste.

“No final, acreditamos que a punição será bem menor do que as associações estão pleiteando. Sem dúvida, o atraso no processo não ajuda (no caso de tirarem o componente real) mas mesmo reconhecendo isso como um risco de causa para a história, ainda achamos o risco/retorno assimétrico para alta das ações da Transmissão Paulista. Reiteramos compra com preço-alvo de R$ 73”, avalia o BTG Pactual.

OPAs

A Contour Global do Brasil fará a Oferta Pública para Aquisição (OPA, na sigla em inglês) das ações da Afluente Geração de Energia Elétrica pelo valor por ação de R$ 5,32. A Afluente foi comprada da Neoenergia em março deste ano pelo valor de R$ 771,948 milhões. O laudo de avaliação da OPA, realizado pelo Banco Fator, estabeleceu um preço entre de R$ 5,07 a R$ 5,57, apurado segundo a metodologia do fluxo de caixa descontado.

Já o Paraná Banco informou que os acionistas definiram preço de R$ 11,59 por ação em OPA. 

Brasil Pharma (BPHA3)

Paulo Remy Gillet Neto foi eleito pelo conselho para substituir Gabriel Monteiro, que renunciou, segundo comunicado.  Gillet Neto ocupará o cargo de diretor presidente pelo
restante do mandato, que se encerrará na data da AGO 2017.

Anima (ANIM3)

A Anima aprovou a recompra de até 2,6 milhões de ações ordinárias em 12 meses.

Vale (VALE3;VALE5)

A diretoria executiva da Vale terá mais uma mudança, de acordo com a coluna do Broad. Além de Murilo Ferreira, que deixa a presidência no próximo mês, Humberto Freitas, responsável pela Logística e Exploração Mineral da companhia, hoje com 63 anos, decidiu sair da empresa. O executivo assumiu o cargo seis meses depois de Murilo Ferreira ser indicado como presidente da mineradora, em maio de 2011. A Vale não comentou. 

AES Tietê (TIET11), Renova (RNEW11) e Cemig (CMIG4)
A AES Tietê, da norte-americana AES, celebrou nesta terça-feira contrato para a compra do complexo eólico Alto Sertão II junto à Renova Energia, controlada pela Cemig, segundo fato relevante divulgado pela companhia. Além do valor acordado para a compra, de R$ 600 milhões, a companhia assumirá a dívida do projeto Alto Sertão II no valor de R$ 1,15 bilhão.

A AES Tietê disse ainda que o valor do negócio poderá sofrer acréscimo de até 100 milhões de reais, se o desempenho da usina após cinco anos de operação exceder as expectativas mínimas da empresa (“earn out”).

Em 2 de janeiro, a Reuters antecipou que a Renova e a AES Tietê haviam fechado acordo sobre a venda do complexo de Alto Sertão II por um valor entre R$ 600 milhões e R$ 700 milhões.

No fato relevante nesta terça-feira, a companhia esclareceu ainda que um valor de aquisição de R$ 650 milhões, anunciado em fato relevante no dia 13 de janeiro, incluía um “earn out” projetado de R$ 50 milhões. O complexo eólico, localizado no Estado da Bahia, possui capacidade instalada total de 386,1 MW e energia contratada por 20 anos.

A AES Tietê disse ainda que a “aquisição está alinhada com sua estratégia de, até 2020, compor 50% de seu Ebitda com fontes não hidráulicas, com contratos regulados de compra de energia de longo prazo.

O negócio ajuda a Cemig, que tem buscado parceiros ou formas de capitalizar a Renova desde o fracasso em 2015 de uma transação que previa a entrada da norte-americana SunEdison no capital da companhia, cancelada após dificuldades financeiras da empresa nos EUA. 

Biosev (BSEV3)
A Biosev, segunda maior processadora de cana-de-açúcar do Brasil, previu nesta terça-feira uma moagem de 31,5 milhões a 33,5 milhões de toneladas na safra 2017/18, ante um total realizado de 31,5 milhões de toneladas na safra passada.

A moagem tem 2016/17 foi a maior das últimas seis safras, crescendo 1,9% ante 2015/16, com melhorias na gestão dos canaviais e um aumento da produtividade, segundo a Biosev.

A empresa registrou açúcar total recuperável (ATR) de 129 kg por tonelada na safra 2016/17 e projeta o ATR da nova safra entre 129 kg/t e 131 kg/t. A safra 17/18 começou oficialmente no início deste mês.

(Com Reuters, Bloomberg, Agência Estado)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.