Klabin (KBLN11) divulga resultados sem grandes surpresas, enquanto analistas ficam de olho no 4º trimestre

Apesar de queda de 88% na comparação anual, resultados superaram as expectativas e foi puxado por segmento de celulose

Camille Bocanegra

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A Klabin ([ativo=KBLN11]) divulgou seu balanço na manhã desta quarta-feira (25), antes da abertura da sessão. A companhia apresentou lucro líquido de R$ 245 milhões no terceiro trimestre de 2023, com queda de 88% em relação à comparação anual.

A expectativa para o JPMorgan era de reação neutra e foi o que ocorreu. Os papéis da companhia passaram grande parte da manhã com leve alta e, às 15h55 (horário de Brasília), subiam 0,41%, cotado a R$ 22,22.

“A Klabin acabou de divulgar seus números trimestrais, com um Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações] de R$ 1,352 bilhão, em linha com as projeções tanto da JPMorgan quanto do consenso da Bloomberg. A surpresa positiva veio do negócio de celulose, com uma combinação de melhores volumes (+27,4% em relação ao trimestre anterior) e custos mais baixos (-3,6% em relação ao trimestre anterior e -12,2% em relação às projeções da JPMorgan)”, considera o banco.

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O segmento que surpreendeu negativamente foi o de papel, com custos mais elevados que o esperado. O Ebitda do segmento ficou em R$ 913 milhões, 1,1% abaixo das estimativas.

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“A surpresa negativa ocorreu principalmente devido a custos mais altos do que o esperado, que ficaram 1,4% acima das nossas projeções, devido ao impacto da paralisação para manutenção programada em Monte Alegre”, explicou o banco.

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Entre os pontos positivos observados no balanço, de acordo com a análise do banco, está o crescimento do negócio de celulose e a redução dos custos, que ficaram 3,6% abaixo do observado no trimestre anterior e 12,2% abaixo das projeções.

A XP destacou que o aumento de dívida líquida está entre os destaques do balanço divulgado, que, em linhas gerais, apresentou resultados acima das expectativas.

“A dívida líquida aumentou para R$ 20,9 bilhões (ante R$ 19,5 bilhões no 2T23), com alavancagem de 3,2 vezes a relação entre dívida líquida/Ebitda (ante 2,6 vezes no 2T23). A companhia também anunciou a distribuição de Juros sobre Capital Próprio no valor de R$ 319 milhões, R$ 0,29 por unit KLBN11 (ou 1,3% de dividend yield e 5,2% de dividend yield anualizado) a ser pago em 14 de novembro e negociado ex-JCP a partir de 30 de outubro”, explica a XP.

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Apesar de considerar os resultados melhores que o esperado, segundo o Itaú BBA, a análise do balanço divulgado hoje mostra aumento da alavancagem financeira para 3,2 vezes (comparação com 2,6 vezes no 2T23), principalmente devido a um Ebitda dos últimos 12 meses (LTM) mais baixo.

O Morgan Stanley, por sua vez, destacou que, embora em linha com o consenso Bloomberg que o estimava em R$ 1,36 bilhão, o Ebitda foi 4% acima das expectativas do banco.

“Em relação ao nosso modelo, os custos operacionais mais baixos compensaram mais do que suficientemente a queda nas receitas e os maiores gastos com vendas, gerais e administrativos, bem como outras despesas”, considerou o Morgan Stanley.

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Perspectivas

A XP considera que o próximo trimestre poderá ser desafiador, em especial para a já pressionada divisão de papel.

“Apesar dos resultados gerais positivos do 3T23, acreditamos que os investidores estão olhando mais de perto para o 4T23, que prevemos ser um trimestre desafiador, especialmente para a divisão de papel e embalagens (com perspectivas de melhoria para celulose)”, destacam o head Lucas Laghi e analistas Guilherme Nippes e Fernanda Urbano.

O Goldman Sachs tem o mesmo entendimento.  “Para o futuro, esperamos que a melhoria nos ganhos seja moderada no 4T23, já que a inflação de custos em andamento e a recuperação marginal dos preços da celulose e kraftliner na Europa contrabalançam os preços mais altos da celulose na China”, considera.

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O banco considera o nome como “neutro”. Sobre o mercado de papel e celulose, destaca que é necessário observar a possibilidade de a recuperação deve ser limitada pelo excesso de oferta contínuo resultante das recentes adições de capacidade (para celulose, kraftliner e papel cartão).

Já a Órama aponta que a sua perspectiva para o setor como um todo é positiva. “O preço da celulose vem se recuperando nos últimos meses, com dois aumentos de preço já colocados para o mercado chinês. O patamar atual de preço não é sustentável, e nós acreditamos que haverá uma continuidade desta tendência de alta para o preço da commodity”, analisa.

A Eleven, por sua vez, destaca que o lucro destoou das suas projeções devido a um menor resultado da variação do valor justo dos ativos biológicos, mas considerou os resultados neutros, em linha com as estimativas. Os números, segundo a casa, sinalizam melhoras no mercado de celulose, principalmente na China e uma estabilização no mercado de containerboard. “Continuamos com nossa recomendação de compra”, aponta.