Lehman Brothers: preocupação sobre situação do banco pressiona papéis

Fluxo de notícias negativas se sobrepõe a otimismo em relação à investigação da SEC; Merrill Lynch prevê mais prejuízos

Giulia Santos Camillo

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SÃO PAULO – Enquanto os mercados norte-americanos ensaiam uma recuperação, as atenções se voltam para o quarto maior banco de investimento do país, Lehman Brothers, cujos papéis abriram com alta de mais de 8% neste pregão. Apesar do fôlego inicial, o movimento das ações se inverteu, sendo negociadas agora com desvalorização de 0,6%.

O fluxo de notícias está longe de ser positivo para a instituição, mas um fato se destacou entre os demais no início da sessão: de acordo com reportagem do The Wall Street Journal, a SEC (Securities and Exchange Comission) está investigando rumores que podem ter pressionado o desempenho dos papéis do Lehman nos últimos meses.

Citando fontes ligadas ao assunto, o jornal afirmou que a SEC intimou dezenas de hedge funds e outros investidores, pedindo transcrições de telefonas e mensagens à procura de rumores de que parceiros como Pimco e SAC Capital estariam diminuindo as operações com o banco.

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Novo Bear Stearns?

A preocupação da SEC e do mercado em geral é que aconteça com o Lehman o mesmo que se sucedeu com a Bear Stearns em março, quando em poucos dias a instituição enfrentou queda da posição de liquidez e dificuldade de financiamento, o que forçou a intervenção do Fed e a venda ao JPMorgan.

Desde então, especulações apontam o Lehman Brothers como o próximo banco a enfrentar tal situação. Cabe lembrar que, desde que começaram os rumores acerca dos problemas do Bear Stearns, as ações do Lehman Brothers apresentaram desvalorização de mais de 60%.

Prejuízos maiores

Apesar do otimismo dos investidores por conta da posição da SEC, o noticiário aponta que seus problemas não se devem somente a rumores. A mídia local também traz informações de que a Merrill Lynch cortou as estimativas de lucro do banco para o terceiro trimestre. As projeções agora apontam para prejuízos de US$ 1,59 por ação, frente a ganhos de US$ 0,37.

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Para o analista da instituição, Guy Moszkowski, o Lehman Brothers deve reportar mais US$ 2,5 bilhões de baixas contábeis neste trimestre, relativas ao crédito imobiliário. De acordo com Moszkowski, o banco quer vender 20% de seus ativos não cobertos, o que deve levar a novas baixas contábeis.

Contudo, o analista afirmou que os negócios centrais do banco continuam intactos. Apesar de ter reduzido o preço-alvo dos papéis do Lehman, de US$ 28 para US$ 25, a Merrill Lynch manteve a recomendação neutra.

Outra notícia negativa para o banco é o aumento do custo de financiamento. De acordo com dados da Bloomberg, os custos de empréstimo dos seus títulos de cinco anos aumentaram de 5,2% para 7,7% nos últimos seis meses, a maior alta dentre os principais bancos de investimento de Wall Street.

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