Limitado por Wall Street e Petrobras, Ibovespa deve se deslocar de lado no mês

Analistas pintam cenário difícil para o principal índice acionário brasileiro em setembro, com destaque para a capitalização

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Observando o horizonte do mercado internacional e doméstico, analistas veem um cenário complicado para o Ibovespa em setembro. Amarrado ao desempenho da economia norte-americana e limitado pelo processo de capitalização da Petrobras (PETR3, PETR4), que deve concentrar as atenções dos investidores no período, as expectativas são de que o benchmark da bolsa brasileira se movimente de lado. 

“Ainda vivemos uma situação onde os maiores riscos advém do mercado externo”, aponta Kelly Trentin, analista chefe da Spinelli Corretora. Frente ao panorama positivo da economia brasileira, recentemente reforçado pela divulgação do PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre, ela afirma que o destino do principal índice brasileiro está atrelado ao fluxo de notícias positivas dos EUA, com destaque para a reunião do Fomc (Federal Open Market Committee) no fim do mês. 

Dependência
“Após o não cumprimento de uma série de expectativas de indicadores de atividade econômica nos Estados Unidos, e após os episódios da crise dos déficits fiscais de países da zona do euro e desaceleração chinesa, os investidores, assim como nós, concluíram que as condições de recuperação econômica são isoladas, como no Brasil, que sofrem com o panorama internacional e, como não poderiam deixar de ser, não são suficientes para garantir rentabilidade sustentável ao Ibovespa”, explica Ricardo Tadeu Martins, head de pesquisa da Planner. 

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Esta correlação com o mercado norte-americano, contudo, não é a única do Ibovespa. Há quem veja espaço para China atuar como driver positivo para o Brasil neste mês à frente, como José Maurício Pereira Coelho, da BB Investimentos. Para ele, frente a permanência de um cenário externo incerto, os dados da economia chinesa podem acabar ditando o ritmo do mercado nacional – mas sem deixar de lado a influência do mercado dos EUA. 

O Banif, por sua vez, classifica a China como um possível vetor negativo para a bolsa brasileira. “A única surpresa negativa esse mês poderia vir da China, que ultimamente vem divulgando dados heterogêneos e inconclusivos”, afirma Oswaldo Alcântara Telles Filho, analista da corretora.

Petrobras, Petrobras, Petrobras
Entretanto, nem só de influências externas vive o mercado brasileiro. Este mês, um dos principais focos dos investidores é doméstico – a tão esperada capitalização da Petrobras, que vem mexendo com o Ibovespa há meses. A operação, que pode ser uma das maiores deste tipo da história, é esperada para o final do mês, e deve ter seus efeitos no benchmark brasileiro, onde as ações da estatal já têm forte peso. 

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“Além dos “ruídos” ainda esperados sobre as cotações do papel, consideramos que tal operação, por seu porte, deve trazer impactos de curto prazo no mercado de forma geral, deslocando liquidez de outros papéis e consequentemente, provocando possíveis pressões nos preços de alguns ativos no transcorrer do mês”, escreve em relatório Adriano Blanco D´Ercole, analista do banco Fator. 

Kelly Trentin, da Spinelli, também coloca a capitalização da estatal como um desafio de curto prazo para a bolsa brasileira, ao lado das eleições presidenciais do início de outubro. “Apesar da companhia ter perdido mais participação na carteira teórica do Ibovespa que vigorará entre setembro e dezembro, a empresa ainda tem grande liquidez e está num setor importante quando se considera o parâmetro de alocação setorial mundialmente”, escreve a analista. 

Para Kelly, a conclusão do processo retiraria “enorme” pressão sobre as ações, permitindo melhores avaliações sobre seu desempenho e o reposicionamento no papel, “resultando em melhor desempenho para o Ibovespa como um todo”. Telles Filho, do Banif, é da mesma opinião, focando-se somente na Petrobras como driver para o índice e colocando de lado as eleições – que, em sua visão, são “sem brilho”, com a candidata do PT, Dilma Rousseff, mostrando ampla vantagem nas pesquisas “sem reação alguma dos mercados”. 

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Volatilidade
Considerando o cenário acima, a expectativa dos analistas é que setembro seja mais um mês de 2010 marcado pela volatilidade. “Os mercados deverão permanecer relativamente acomodados”, escreve o Banco Fator em relatório. A Planner também trabalha com a expectativa de maior volatilidade, trazida por crescimentos mais modestos das economias globais após a retirada dos estímulos.

“No momento, não conseguimos visualizar movimentos direcionais de longo prazo para as bolsas, mas apenas movimentos laterais, privilegiando apostos em operações de volatilidade”, aponta o analista do Banco Fator em relatório. Já o analista do Banif, apesar de também esperar que o mercado ande de lado no mês, espera que a volatilidade seja reduzida em setembro. 

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