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SÃO PAULO – Entre a noite de ontem (29) e a manhã desta sexta-feira (30), algumas companhias divulgaram resultados, com muitas delas surpreendendo ao apresentarem fortes aumento dos lucros.
Mais precisamente, neste período, cinco companhias divulgaram que seus lucros dispararam ao menos 100% no primeiro trimestre de 2021 na base de comparação anual. São elas: Duratex (DTEX3), Fleury (FLRY3), Unidas (LCAM3), Grendene (GRND3) e Irani (RANI3).
Mas isso quer dizer que os resultados foram tão positivos assim? Confira outros destaques do balanço e algumas análises de balanços das empresas:
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Duratex (DTEX3)
A Duratex teve lucro líquido de R$ 172,699 milhões no período, alta de 232,2% frente os três primeiros meses do ano passado.
“Este resultado foi influenciado pelos benefícios capturados nos projetos de eficiência, assim como o desempenho financeiro favorável, sobretudo devido à queda no patamar da taxa de juros e variação cambial. Vale ressaltar ainda que, no 1T20, o lucro líquido foi favorecido pela maior variação do ativo biológico, devido à apuração de inventário do ativo florestal aportado na joint venture de Celulose Solúvel”, explica a companhia.
A receita líquida consolidada foi de R$ 1,768 bilhão no trimestre, alta de 52,2% na comparação anual. Enquanto isso, o Ebitda somou R$ 464, 610 milhões, 74,4% superior em comparação com igual período do ano passado.
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Assim, a companhia teve o melhor primeiro trimestre da sua história em lucro líquido, receita líquida, Ebitda ajustado recorrente e geração de caixa.
O Credit Suisse classificou o resultado como forte. O Ebitda ficou 15% acima de sua estimativa e 25% acima daquela do consenso do mercado.
O banco mantém recomendação outperform para a Duratex, já que espera que a empresa se beneficie de um ciclo de vários anos de crescimento da atividade de construção no Brasil, impulsionada por taxas de juros mais baixas, retomada da confiança do consumidor e estoques baixos de unidades residenciais. O preço-alvo é de R$ 25, frente aos R$ 21,96 de fechamento na quinta pelos papéis da empresa.
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O Bradesco BBI destaca que o Ebitda com painéis de madeira subiu 158% em comparação com o patamar de um ano antes, devido a preços realizados mais altos e volumes fortes. A margem Ebitda da Deca caiu de 23% no trimestre anterior para 14%, mas fica acima daquela do mesmo período de 2020. A queda se deve a volumes mais baixos e a preços mais altos. O banco tem recomendação neutra para a Duratex, com preço-alvo de R$ 23.
Unidas (LCAM3)
O grupo de aluguel de veículos e gestão de frotas Unidas teve lucro líquido recorde de R$ 231,4 milhões no primeiro trimestre, quase três vezes (alta de 190,9%) acima do resultado obtido no mesmo período de 2020, apesar da incidência de novas medidas de isolamento social no trimestre.
O resultado veio com crescimentos nas diárias de aluguel de veículos (3,1%) e também na tarifa média (3,5%), enquanto na área de terceirização de frotas houve aumentos de 16% no número de diárias e de 17,4% na tarifa mensal. Em seminovos, a empresa registrou expansão de 47,5% no preço médio e alta de 1,3% no número de veículos vendidos.
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A geração de caixa da Unidas, que está aguardando aval do Cade para a oferta de aquisição feita pela rival Localiza, medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) saltou 68,6%, para R$ 528 milhões. A margem disparou de 52,5% para 75,1%.
“Com a oferta de veículos zero quilômetro km ainda baixa e o aumento significativo dos preços, a demanda por veículos seminovos continua crescendo e os resultados só não foram ainda mais robustos por conta da necessidade de manter a operação de locação coberta”, afirmou a Unidas no balanço.
A receita líquida consolidada atingiu R$ 1,6 bilhão no período, alta de 33% em relação aos três meses encerrados no fim de março.
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A companhia terminou o trimestre passado com uma frota 166.125 veículos, dos quais 95.745 na área de terceirização e 66.900 em aluguel de carros. Um ano antes, divisão de gestão de frotas tinha 84.334 veículos e a de aluguel de carros 80.815.
A Unidas investiu R$ 1,1 bilhão em frota no primeiro trimestre, correspondendo à compra de 15,9 mil carros. As vendas de veículos foram maiores: 16.683 carros.
O Bradesco BBI destacou que o Ebitda ficou 11% acima da estimativa do banco e 17% acima do consenso do mercado.
As receitas fortes foram impulsionadas pela alta na receita com aluguéis, aumento dos preços médios de aluguel. A receita de gestão de frotas subiu 35,2%. E o preço médio por carro vendido subiu 48% na comparação anual, para R$ 55.100. A performance operacional positiva da empresa e o mercado de carros usados forte fez com que a margem Ebitda se expandisse.
O banco mantém sua avaliação outperform (expectativa de valorização dentro da média do mercado) para a empresa, com preço-alvo de R$ 39, devido à demanda por aluguéis de carros e liquidez de caixa. O banco diz que a empresa está sendo negociada por 11% abaixo do preço implícito pela proposta de fusão com a Localiza.
O Credit Suisse classificou os resultados como sólidos, com Ebitda 6% acima de suas estimativa, e a receita líquida em linha, impulsionadas pelo Ebitda de vendas de carros usados, com margem de 14%. O banco mantém recomendação outperform para a empresa, com preço-alvo de R$ 33.
Grendene (GRND3)
A Grendene teve um lucro líquido de R$ 129,2 milhões no primeiro trimestre de 2021, valor 334% acima do registrado em igual período de 2020, impulsionado pela alta nas vendas no exterior e no mercado interno, enquanto houve maior eficiência nas despesas operacionais.
O Ebitda teve alta de 109%, a R$ 127,1 milhões. A margem Ebitda foi a 24,3%, alta de 8 pontos percentuais, uma vez que a receita líquida da companhia subiu 41%, totalizando R$ 523,3 milhões.
As vendas tiveram alta de 37% em receita no mercado interno e 33,9% em volume. A receita com exportações teve alta de 61%, enquanto o volume subiu 44,6%.
Já as despesas operacionais tiveram alta de 16,5%, inferior ao incremento das vendas no período.
Após um trimestre forte, em teleconferência, Alceu Albuquerque, diretor de RI da companhia, afirmou que o segundo trimestre deverá ser o pior do ano em meio ao fechamento do comércio. Contudo, ressaltou: “Esperamos que o segundo trimestre seja o mais fraco do ano, mas é o melhor trimestre para isso, pois é o que costuma ser o mais fraco sazonalmente”.
Irani (RANI3)
A Irani Papel e Embalagem lucrou R$ 56,70 milhões no primeiro trimestre de 2021, um montante 215% acima do obtido em igual período do ano passado
A receita líquida subiu 50,7% no primeiro trimestre na comparação anual, a R$ 356,16 milhões. A alta ocorre em função da alta nos preços dos produtos nos segmentos embalagem de papelão ondulado e papel para embalagens, além do real desvalorizado, que favorece a exportação. Houve também o aumento do volume e de preços do segmento florestal RS e resinas.
O Ebitda ajustado subiu 92% no primeiro trimestre, a R$ 100,34 milhões.
Yuri Pereira e Thales Carmo apontam que a Irani reportou resultado operacional bem mais forte do que o esperado, com Ebitda 53% acima da estimativa da XP e 35% acima do consenso.
“O principal motivo para o resultado foi o preço realizado mais forte compensando a alta no preço das aparas. Outro destaque foi o volume de papelão ondulado de 41 mil toneladas (queda de 4% na base trimestral)”, apontam os analistas.
Os analistas da XP veem a Irani sendo negociada a 7,4 vezes o múltiplo do valor da firma sobre o Ebitda (EV/Ebitda) esperado para 2021, abaixo de seus pares (que negociam acima de 8,0 vezes) e 4,8 vezes o EV/Ebitda esperado para 2025, como consequência de seus projetos de expansão.
“Acreditamos que a empresa esteja bem posicionada para aproveitar os benefícios de seu plano de expansão. Reiteramos nossa recomendação de compra para Irani, com preço-alvo de R$ 8,50 por ação”, aponta a XP.
Fleury (FLRY3)
A rede de laboratórios registrou um lucro líquido de R$ 118,6 milhões no primeiro trimestre de 2021, valor 102% superior ao do mesmo período do ano passado. O número também bateu a média das expectativas dos analistas segundo a Refinitiv, que apontava para um lucro de R$ 97,31 milhões no período.
Já o Ebitda do Fleury foi de R$ 285,5 milhões, um crescimento de 45,7% ante o primeiro trimestre de 2020 e maior que os R$ 251,77 milhões esperados pelos analistas.
A receita líquida, por sua vez, foi de R$ 893,8 milhões, número 25,2% acima do registrado nos primeiros três meses do ano passado e superior aos R$ 855,3 milhões que o mercado projetava.
O Morgan Stanley destacou que a recuperação das receitas continua, apoiada por mais procedimentos eletivos e exames de Covid, que representaram 10% da receita. Os negócios B2B tiveram desempenho forte, positivos em relação a Rede D’Or e Hermes Pardini, mas negativos em relação a Notre Dame e Hapvida.
A receita líquida subiu em linha com as estimativas, devido a uma recuperação de procedimentos eletivos e uma base comparativa menor, já que o desempenho de março de 2020 foi afetado por medidas de isolamento. As marcas do Rio de Janeiro foram um destaque.
O Ebitda ajustado ficou 7% acima da expectativa do Morgan Stanley e 13% acima do consenso do mercado. A margem Ebitda ajustada ficou 0,9 ponto percentual acima da expectativa do Morgan Stanley. Se ajustada em R$ 2,5 milhões por receitas não recorrentes, ficaria 0,7 ponto percentual acima.
O banco destaca que a plataforma Saúde ID gerou R$ 6 milhões em receitas adicionais, ganhando tração. De 1,1 milhão de clientes atendidos, 9,8% vieram por meio da plataforma no primeiro trimestre, duas vezes mais do que no quarto trimestre de 2020. Além disso, a telemedicina ganha espaço, com 40% dos clientes em cidades onde o Fleury não tem unidades físicas.
O banco prefere a Rede D’Or em uma aposta para a reabertura do mercado de saúde, destacando que a Covid tem levado a uma ocupação extremamente alta dos hospitais e, potencialmente, a receitas mais altas. O Morgan Stanley mantém avaliação underweight para o Fleury, com preço-alvo de R$ 28.
O Credit Suisse, por sua vez, destacou que os dados indicam crescimento expressivo da receita líquida na comparação anual, com contribuição expressiva dos testes para Covid, frente a resultados anteriores impactados pelas medidas de isolamento físico. O banco ressalta que a empresa foi capaz de manter seus custos e gastos em linha com aqueles do quarto trimestre de 2020, o que levou a lucratividade mais alta do que os níveis pré-Covid.
O banco avalia que a atual situação atual da pandemia não permite ter uma visibilidade boa sobre a demanda, já que as pressões podem tanto trazer resultados positivos, como mais exames de PCR, quanto impactar negativamente, reduzindo exames de rotina.
Mas o banco ressalta que a empresa continua a trabalhar com diversificação. Sob a nova gestão, a empresa começou a publicar novos indicadores sobre sua base de usuários, que o banco define como “essenciais” para demonstrar sua habilidade para vender serviços ambulatoriais. O banco mantém cautela ao considerar valor adicional pelas novas linhas de negócios. O Credit mantém avaliação neutra, e preço-alvo de R$ 28.
(com Reuters e Estadão Conteúdo)
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