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Preço das commodities em elevação e aumento de inflação seguem preocupando a M. Dias Branco (MDIA3) e a empresa ainda não sabe se terá que tomar mais medidas para mitigar a alta dos custos.
Na apresentação dos resultados do quarto trimestre e 2021 a analistas de mercado, nesta segunda (21), Gustavo Theodozio, vice-presidente da companhia, disse que “é complicado olhar pra frente (os preços de commodities) face ao que está posto aí, com guerra entre a Rússia e a Ucrânia, que não estava em nosso radar”.
Ele explicou que “no ano passado, viu instabilidade, tendência de queda (das commodities) no segundo semestre, mas as peças (agora) foram todas embaralhadas (por conta do conflito Rússia-Ucrânia), sendo até difícil fazer previsões”.
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“Quando olhamos para o futuro, enxergamos um valor menor do que o atual (do trigo), mas ainda um patamar acima dos US$ 400 a tonelada”, afirmou Theodozio.
“Sobre a precificação, a gente tem ‘faseado’, para não causar aquele impacto que ocorreu no primeiro trimestre do ano passado”, disse. Naquela época, os volumes vendidos caíram em função das novas tabelas de preços de produtos que subiram dois dígitos.
“O que a gente está fazendo, não com as farinhas, mas com as massas, são tabelas faseadas por canal e por região abaixo de dois dígitos, juntamente com o programa de downsize da embalagem entre 10 a 15%”, complementou.
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No quarto trimestre, os números da companhia foram impactados pela alta dos insumos, o que afetou negativamente as margens. O lucro líquido foi de R$ 151,1 milhões no trimestre, queda de 27,7%. No acumulado do ano, a queda foi de 33,9%, fechando 2021 com um lucro de R$ 505 milhões.
Além dos fatores mencionados anteriormente, outros pontos que afetaram o lucro do ano foram: i) melhora nas despesas; ii) piora no resultado financeiro; iii) contribuição positiva do IR em R$ 127,8 milhões. A receita líquida do trimestre foi de R$ 2,2 bilhões, aumento de 27,2% em relação ao quarto trimestre de 2020. O resultado deste trimestre já leva em consideração os números da Latinex, companhia adquirida no fim do ano passado. No acumulado do ano, a receita foi de R$ 7,8 bilhões, alta de 7,7%.
“A M. Dias Branco apresentou um resultado com números mistos. Apesar de pontos positivos no resultado, acreditamos que a alta nos insumos (intensificada em 2022 por conta da guerra) seja maior do que a capacidade da empresa de repassar preço sem perder participação de mercado. No curto prazo, as ações MDIA3 devem responder de acordo com as expectativas de término da guerra”, avaliam os analistas da Levante Ideias de Investimentos. Os ativos fecharam em queda de 2,82%, a R$ 20,67.
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Precificação quase diária da farinha
Theodozio disse que, sobre a farinha de trigo, “a precificação é quase diária, com repasses bem superiores, chegando acima de 20%”.
A M. Dias Branco informou que o trigo está com uma alta acumulada de 30% em dólar nesse ano. A companhia esclareceu ainda que mantem quatro meses de estoque de trigo, o que lhe permite observar com “mais tranquilidade” o movimento do mercado.
Desde 2020, a empresa informa que vem fazendo hedge de câmbio; depois, passou a fazer também das commodities.
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Theodozio afirmou que “não enxerga risco de abastecimento de trigo” e o assunto não está na pauta na diretoria. Ele esclareceu que não compra trigo da Rússia nem da Ucrânia. Além do Brasil, a companhia adquire trigo para produção de farinha, massas e biscoitos principalmente da Argentina, Estados Unidos e Canadá.
Racionalização de portfólio para enfrentar alta das commodities
O executivo comentou com analistas que “a companhia, mesmo nesse momento desafiador, vem trabalhando de forma árdua no sentido de minimizar o seu efeito”.
Segundo o executivo, a empresa “continua com várias ações mitigadoras desses aumentos recorrentes de custos, tais como downsize de embalagem, precificação robusta, área de pricing pilotando os mercados quase que real time, racionalização de portfólio, priorizando marcas com margens mais atrativas, e expandindo marcas premium”.
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O vice-presidente da M. Dias Branco disse que os comitês de commodities de hedge da empresa estão trabalhando em conjunto com grandes instituições financeiras e trades globais, “contribuindo com as estratégias de proteção, seja de câmbio ou commodities”.
No balanço de 2021, a empresa relatou alguns efeitos desfavoráveis aos negócios em relação a 2020, como redução no volume de produção em 14,4%; aumento no custo médio (em reais) do trigo em 31,5%, do óleo em 61,4% e do açúcar em 35,0%; e inflação no ano de 10,1% (4,5% em 2020).
Como efeito favorável em 2021, a empresa cita a melhora no mix dos volumes vendidos, com destaque para biscoitos.
Redesenho organizacional e aquisições
Gustavo Theodozio reportou que há ainda em andamento na companhia programa de eficiência, racionalização de produção e corte de custos.
“Esse ano, dado a retração dos volumes, unificamos linha de massa. Mas tem muita coisa em andamento em ações de eficiência e produtividade”, disse.
“O impacto inflacionário será grande (esse ano). Ano passado, já foi grande. Mas mesmo assim, a companhia conseguiu reduzir as suas despesas com vendas e gerais. Se comparar 2020 com 2021, as despesas estão menores”, ressaltou.
“Esse ano, com a pressão inflacionária mais forte que 2021, não sei se o ganho de produtividade que tivemos serão suficientes diminuir a relação despesa/receita líquida”, declarou. Mas o executivo ressaltou que o caixa da companhia segue robusto.
Ano passado, a M. Dias Branco realizou unificação e eliminação de cargos de gerências e diretoria, num redesenho organizacional.
“O projeto envolveu uma discussão profunda de oportunidades de produtividade em todas as áreas da companhia, resultando em uma redução recorrente e estrutural superior a R$ 80 milhões de gastos com pessoal ao ano, englobando colaboradores próprios e terceiros. A maior parte das movimentações se concentrou no último semestre de 2021, razão pela qual a redução será integralmente capturada em 2022”, relatou a empresa no balanço.
Na teleconferência com analistas, executivos da M. Dias Branco informaram que a empresa segue com propostas de M&A (fusões e aquisições), com foco em produtos de maior valor agregado.
Em 2021, a M. Dias Branco adquiriu a Latinex, reforçando a presença da companhia em healthy food e snacks, além de marcar a entrada nos segmentos de temperos, molhos e condimentos.
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