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A Bolsa brasileira repercute a última decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que manteve os juros básicos da economia no atual patamar, de 13,75% ao ano. O Banco Central não deu sinais de quando a Selic vai voltar a cair e, em um tom considerado mais duro, sinalizou que poderia até mesmo voltar a subir a taxa, caso a inflação não responda de maneira adequada.
A expectativa de juros mais altos por mais tempo afeta um grupo de empresas em particular, que depende de um corte na Selic para voltar a ganhar fôlego.
Varejistas e construtoras são as companhias que mais sofrem hoje na Bolsa após os últimos sinais do Copom. Além de um consumidor que teve seu poder de compra reduzido pela inflação e pelo crédito mais caro, as empresas também viram uma piora na situação de endividamento com os juros mais altos.
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Além da decisão em si, os ruídos políticos após a decisão em meio à pressão do governo para baixar os juros seguem impactando o mercado. Nesta quinta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a “história julgará” as decisões do Banco Central de manter a taxa de juros em 13,75%. “Como presidente da República não posso ficar criticando cada relatório do Copom. Eles que paguem o preço do que estão fazendo. A história julgará cada um de nós”, apontou, ajudando a azedar ainda mais o mercado.
Magazine Luiza (MGLU3) encabeçou as perdas do Ibovespa. As ações da varejista recuaram 13,37%, a R$ 3,11.
As ações da Via (VIIA3) também caíram forte, cedendo 7,04%, a R$ 1,85.
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Até mesmo as varejistas consideradas mais resilientes são impactadas hoje. Lojas Renner (LREN3) caiu 4,46%, a R$ 16,49. Grupo Soma (SOMA3) recuou 2,61%, a R$ 16,82.
A lista de maiores baixas segue com as duas companhias aéreas listadas na Bolsa. Gol (GOLL4) recuou 10,08%, a R$ 5,98. Azul (AZUL4) caiu 8,88%, a R$ 11,19. As duas empresas vinham em um movimento de recuperação de preço desde que anunciaram acordos com credores para renegociar suas dívidas.
Contudo, as aéreas são companhias que dependem da demanda de passageiros por viagens para manter seus números operacionais aquecidos, como vem ocorrendo desde que as restrições da pandemia foram suspensas. A perspectiva de juros mais altos por mais tempo, porém, pode frear a demanda por tíquetes – cujos preços estão elevados para compensar os altos custos com combustível a aluguel de aeronaves. A sessão também é de alta para o dólar com a visão de risco político em meio às críticas do governo ao BC e pressão para baixar os juros, o que impacta as aéreas, com bastante endividamento na moeda americana.
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Outra empresa que aparece entre as maiores baixas do Ibovespa hoje é a MRV (MRVE3). As ações da construtora chegaram a abrir em alta, repercutindo as notícias sobre os resultados do leilão do programa habitacional “Pode Entrar”, da Prefeitura de São Paulo, anunciados hoje. Mas logo cederam à conjuntura desfavorável de juros. Os papéis recuaram 6,8%, a R$ 6,99.
Tenda (TEND3) caiu mais de 15% – no caso dela, o resultado do “Pode Entrar” foi decepcionante, segundo analistas – enquanto Direcional (DIRR3) caiu cerca de 4%. Já Cyrela (CYRE3) teve baixa de mais de 6%.