Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3): macro deve seguir pressionando balanços, mas qual se sairá melhor no 2º trimestre?

Juros altos e endividamento das famílias devem continuar pressionando faturamento, mas empresas podem se beneficiar de melhor posição de capital

Vitor Azevedo

(Foto: Germano Lüders
(Foto: Germano Lüders

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A Via (VIIA3) publica nesta quinta-feira (10) seu resultado do segundo trimestre de 2023 (2T23), abrindo a temporada para as varejistas de e-commerce, que devem continuar pressionadas apesar de analistas divergirem sobre uma leve melhora ou uma deterioração dos números. O Magazine Luiza (MGLU3) divulga seus números na próxima segunda (14).

Apesar do consenso de que o cenário macroeconômico, com juros altos e famílias endividadas, continuará pressionando as vendas, o esperado por alguns analistas – os mais otimistas – é que as margens melhorarão. Analistas também destacam que a posição de caixa e a alavancagem operacional farão diferença.

Confira as projeções da Refinitiv para Via e Magazine Luiza:

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Receita líquida Ebitda Lucro líquido
Magazine Luiza R$ 8,9 bilhões R$ 526,5 milhões -R$ 186,5 milhões
Via R$ 7,4 bilhões R$ 451 milhões -R$ 432 milhões

“O ambiente competitivo mais benigno no espaço do e-commerce tem levado os players a priorizar a rentabilidade em detrimento do crescimento, especialmente considerando que os dois maiores players, Magazine Luiza e Via, estão alavancados”, comenta o time do JP Morgan, chefiado por Joseph Giordano.

Na receita, contudo, o banco americano expõe que vê uma pausa na expansão por conta de todo o contexto macroeconômico.

Alavancagem pesa para Via

O time também chama a atenção para o fato de que ambas empresas estão bastante alavancadas, principalmente a Via.

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“Nesse sentido, vemos que a empresa tem navegado bem dadas as restrições do balanço, e deve impulsionar iniciativas de eficiência, enquanto a gestão também está revisando categorias de baixo desempenho para focar nas mais rentáveis”, comenta o JP. “Não nos surpreenderíamos se algumas fossem potencialmente descontinuadas para focar seu capital de giro naquelas que maximizam o fluxo de caixa e os retornos para a empresa”.

No primeiro trimestre, a Via queimou R$ 1,1 bilhão em caixa, tendo uma posição consolidada de R$ 3,5 bilhões e uma dívida bruta de R$ 5,5 bilhões. O Magazine Luiza tem um caixa de R$ 7,1 bilhões, sendo que queimou R$ 3,4 bilhões no período e que tem uma dívida bruta de R$ 359,6 milhões.

“O Magazine Luiza deve ser o destaque na melhoria das margens e geração de fluxo de caixa livre, enquanto Via deve ser o ponto negativo”, fala o time da XP Investimentos, encabeçado por Danniela Eiger. “Esperamos ver no comércio eletrônico um crescimento tímido da receita, devido a um ambiente macro ainda desafiador, enquanto as margens devem permanecer pressionadas pelo impacto do DIFAL e pela mistura de canais”.

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O Santander Brasil vai no mesmo sentido, falando que a Via deve trazer queda de vendas mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês) e do volume total de vendas (GMV, na sigla em inglês).

O banco projeta, contudo, ao contrário, dos demais, que a rentabilidade irá cair por conta da menor contribuição dos serviços financeiros, por efeitos limitados dos esforços de redução de gastos e por uma desalavancagem operacional – em parte por conta da pior situação de caixa.

O Magazine Luiza, na ponta oposta, pode surfar do recuo da concorrente. Alguns analistas projetam que a empresa pode trazer um aumento discreto nas receitas e no seu GMV.

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“Esperamos que o GMV online cresça 7% no ano, para R$ 10,7 bilhões, impulsionado por taxas de adesão aumentadas em fevereiro. A passagem do imposto DIFAL reintroduzido provavelmente evoluirá gradualmente à medida que a empresa equilibra ganhos de participação de mercado e rentabilidade. É provável que as receitas líquidas cresçam 1,7% anualmente, para R$  8,7 bilhões”, menciona o time do Itaú BBA, encabeçado por Thiago Macruz.

Por fim, parte dos analistas também falam que o resultado do Mercado Livre, divulgado nos primeiros dias de agosto, elevou a barra para as duas varejistas brasileiras. A companhia argentina viu seu GMV crescer consideravelmente após abocanhar parte da demanda da Americanas (AMER3).