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SÃO PAULO – Após os áudios terem sido divulgados e repercutirem avaliações menos dramáticas do acontecido entre o presidente Michel Temer e o dono da JBS, Joesley Batista, o mercado viveu dia de recuperação nesta sexta-feira (19). O índice fechou em alta de 2,14%, a 62.914 pontos, com apenas 8 das 58 ações que compõem a carteira teórica no negativo. Ontem, o benchmark fechou em queda de 8,80%, a 61.579 pontos, no pior pregão desde 22 de outubro (veja aqui).
Já hoje, em dia de alívio, 12 ações fecharam em ganhos entre 4% e 12%, com destaque para as siderúrgicas, que figuraram entre maiores altas do Ibovespa. Entre elas, chamou atenção também para as ações da Cemig (CMIG4, R$ 7,32, +4,42%), que chegaram a cair 42% na mínima de quinta-feira e tiveram recuperação parcial nesta sessão.
Bancos
No setor financeiro, o Banco do Brasil (BBAS3, R$ 27,98, +3,32%), que foi o mais penalizado entre os 4 grandes bancos da bolsa, subiu 3% hoje. As demais instituições também fecharam em alta, com Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 35,58, +2,60%), Bradesco (BBDC3, R$ 26,90, +3,07%; BBDC4, R$ 27,75, +1,65%) e Santander (SANB11, R$ 25,36, +2,30%).
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Petrobras
As ações da Petrobras (PETR3, R$ 13,62, +3,57%; PETR4, R$ 14,41, +0,98%) também tiveram um dia positivo hoje. Ontem, os papéis ONs da estatal caíram 10,68%, enquanto os PNs afundaram 15,05%. O sentimento positivo também teve contribuição nesta sessão dos preços do petróleo no mercado internacional. Os contratos futuros do Brent subiam 2,15%, a US$ 53,64 o barril, enquanto os do WTI avançavam 2,05%, a US$ 50,36 o barril.
No radar, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, disse estar disposto a concluir mandato na Petrobras, que termine em 2019, mesmo que haja uma mudança no governo, disse ele a repórteres em Nova York. A companhia continuará trabalhando no plano de negócios em meio à incerteza política, disse Parente, de acordo com uma gravação de seus comentários disponibilizados à Bloomberg. Segundo ele, não há nenhuma razão para ele sair se houver um novo governo que mantenha a mesma direção política. Parente disse que só sairá sob um cenário hipotético onde há uma mudança no governo e uma mudança na direção da política.
Parente ainda falou que uma alta do dólar é, de forma geral, positiva para a Petrobras, ao comentar a disparada da moeda norte-americana na esteira das denúncias de corrupção contra o presidente Michel Temer. “O que realmente nos importa é o impacto do dólar sobre a totalidade das contas da companhia. Uma depreciação do real tem um valor no consolidado, no conjunto de tudo, um impacto positivo pra empresa”, declarou Parente, ao ser questionado por jornalistas.
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Papel e celulose
As exportadoras, que se salvaram do dia de “sell off” na véspera, conseguiram se manter no positivo nesta sessão. Os papéis do setor de papel e celulose – Fibria (FIBR3, R$ 32,90, +2,02%) e Suzano (SUZB5, R$ 14,10, +1,22%) – seguiram em alta, após valorização de mais de 10% ontem. A Fibria teve sua recomendação elevada de neutra para outperform pelo Credit Suisse, com o preço-alvo sendo revisado de R$ 31,00 para R$ 40,00. Já o BTG Pactual comentou, em relatório a clientes, que as exportadoras de papel e celulose são “claras vencedoras” desse cenário.
Apesar da alta desses papéis, o dólar corrigiu a escalada de 8,15% na quinta-feira, quando teve seu melhor pregão desde 5 de março de 2003. Hoje, o dólar comercial fechou em baixa de 3,89%, a R$ 3,2571 na venda e R$ 3,2536 na compra.
Vale e siderúrgicas
Ainda entre o grupo das ações conseguiram se manter no positivo ontem e seguiram em alta, destaque para a Vale (VALE3, R$ 27,63, +2,87%; VALE5, R$ 26,05, +2,00%).
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Em relatório, o BTG Pactual disse hoje que a Vale permanece com os fundamentos mais isolados da crise política do Brasil e deve ter desempenho melhor com o câmbio reforçando o Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da mineradora. Para as siderúrgicas, os analistas comentaram que o impacto líquido via demanda doméstica e câmbio é negativo. Eles comentam que duvidam que as siderúrgicas consigam repassar a depreciação da moeda para os preços finais do aço em meio ao ambiente turbulento.
Vale menção também que o maior investidor pessoa física da bolsa, Luiz Barsi, contou ontem que aproveitou o pânico do mercado, que levou na abertura do pregão as ações da mineradora para queda de 7%, para voltar a comprar as ações ONs da Vale (veja aqui).
Ainda entre as empresas de commodities, Bradespar (BRAP4, R$ 18,57, +1,48%) – holding que detém participação na Vale – e as siderúrgicas registraram fortes ganhos hoje. Gerdau (GGBR4, R$ 9,56, +6,22%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 4,42, +12,47%), CSN (CSNA3, R$ 6,90, +7,14%) e Usiminas (USIM5, R$ 3,90, +5,69%) dispararam queda de cerca de 10% ontem.
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JBS (JBSS3, R$ 8,71, +1,52%)
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu uma investigação sobre os negócios de câmbio e ações feitos por executivos da JBS após a divulgação de conversa gravada com o presidente Michel Temer como parte de um acordo de delação premiada. Os depoimentos dos irmãos Joesley e Wesley Batista, que são presidente do conselho e presidente-executivo da JBS, puxaram a bolsa brasileira e o real para baixo na quinta-feira, em meio a temores de que as revelações poderiam derrubar Temer. O presidente negou irregularidades e se recusou a renunciar em pronunciamento. Além disso, executivos da JBS e da controladora J&F anunciaram nesta quinta-feira acordo de delação premiada, enquanto o sócio do grupo Joesley Batista admitiu pagamento de propina para obter facilidades para o conglomerado. O acordo de delação firmado com o Ministério Público Federal (MPF) e homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), envolve sete executivos da processadora de carnes e da J&F, e prevê pagamento de uma multa total de 225 milhões de reais. Elétricas BTG (BBTG11, R$ 17,50, +2,94%)
O conselho de administração do BTG Pactual aprovou novo programa de recompra de até 16.500.000 units emitidas pelo banco, com prazo de até 18 meses, informou o banco em fato relevante. Segundo o documento, as units adquiridas serão, a princípio, mantidas em tesouraria. O conselho do banco aprovou, ainda, o cancelamento de 16.071.680 ações ordinárias e 32.143.360 ações preferenciais classe A adquiridas no âmbito do atual programa de recompra. Paralelamente, o BTG Participations cancelará 15.846.080 ações classe A e 31.692.160 ações classe B recompradas sob a forma de units, informou a empresa em fato relevante. Randon (RAPT4, R$ 4,62, +6,21%)
A Randon informou que sua receita líquida consolidada no mês de abril de 2017 atingiu R$ 237,5 milhões ou 6,5% menor que a registrada em abril de 2016. No acumulado de janeiro a abril, a receita líquida consolidada totalizou R$ 817,3 milhões ou queda de 17,3%.
Diante das incertezas políticas, os analistas do BTG Pactual testaram algumas variáveis macroeconômicas nos modelos das empresas que cobrimos no setor. A variável PIB (Produto Interno Bruto) não foi alterada nesse “teste de stress”, uma vez que o modelo já contemplava um número baixo, e a maior parte das empresas não tem uma exposição tão direta com a recuperação econômica. Por ora, eles decidiram manter os preços-alvos e recomendações das ações do setor, sendo a Equatorial (EQTL3, R$ 51,48, +1,16%) e Light (LIGT3, R$ 20,06, +8,43%) suas top picks.