Mais diesel russo entra nas regiões Norte e Nordeste do Brasil: quais impactos para as distribuidoras listadas na B3?

Analistas do Citi destacam um impacto negativo e mais forte para Vibra, sendo seguida por Raízen e Ipiranga

Lara Rizério

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De acordo com dados da dados do ComexStat, órgão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), as importações brasileiras de diesel atingiram cerca de 1.362 quilômetros cúbicos (km³) em maio de 2023, uma alta mensal de 46%, ainda que em queda de 6% na base anual.

O diesel dos EUA representou 39% das importações e o da Índia ficou em 2%. Já o diesel russo seguiu na dianteira alcançada no mês passado e liderou o ranking, respondendo por 48% das importações brasileiras.

O Citi lembra que Petrobras (PETR3;PETR4) anunciou a redução em 12,8% dos preços do diesel em meados de maio (no mesmo dia do anúncio da nova política de preços de combustíveis) fazendo com que, atualmente, o combustível esteja negociando 2% abaixo dos pares internacionais. Contudo, os analistas do banco avaliam que ainda existe um desconto entre o diesel russo e o diesel das refinarias da Petrobras, mas inferior ao de março e abril deste ano.

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Em maio de 2023, aponta o banco, houve um maior volume de diesel russo que chegou ao Norte e ao Nordeste do Brasil, com cerca de 54% das importações do combustível do país sendo destinadas aos portos das duas regiões, contra 35% no mês passado.

Na visão dos analistas da casa, o maior volume de diesel russo nessas regiões impactará negativamente mais o volume de vendas da Vibra (VBBR3), detentora dos direitos da marca BR, do que os volumes da Ipiranga (da Ultrapar UGPA3) e Raízen (RAIZ4). Isso porque, entre as três maiores distribuidoras, a Vibra tem maior presença nessas regiões.

“Durante o último mês, a Ultrapar e e a Raízen foram mais impactadas do que a Vibra, devido à maior entrada de diesel russo pelos portos de Paranaguá e de Santos, o que impactou os volumes de diesel spot (B2B,  ou venda para empresas, e TRR, que compreende a aquisição de combustíveis a granel e sua revenda ao varejo com entrega ao consumidor)”, apontam os analistas.

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Segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), a Raízen e a Ipiranga tiveram queda de volume de 9,3% e 6,6% na base anual, respectivamente, no Ciclo Diesel+Otto em abril de 2023, enquanto a Vibra aumentou seu volume em 2,0% ao ano, no mesmo período.

“As importações russas de diesel terão um efeito limitado (mas significativo) no setor brasileiro de distribuição de combustíveis devido à limitada capacidade de armazenagem no Brasil. Vemos 500-700km³ como o limite de volume de importação para players independentes. Acreditamos que as importações russas impactam mais Vibra, Raízen e Ipiranga, nesta ordem”, finalizam os analistas.

Vencedoras?

Cabe destacar que as distribuidoras de combustíveis têm sido apontadas como as grandes vencedoras da nova política de preços da Petrobras, instituída no mês passado.

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Na ocasião, a estatal apontou a saída do modelo do PPI (paridade de preços de importação) em favor de um novo sistema de precificação que não abandona completamente o benchmark baseado em preços de mercado, mas que vai em busca de maior participação.

“Acreditamos que o principal resultado disso é que a Petrobras ganhará participação no fornecimento de combustíveis
derivados de petróleo do Brasil, embora ainda seja incerto até que ponto a Petrobras está disposta a fazer isso. Este é o cenário em que acreditamos que as empresas de distribuição de combustíveis, principalmente as grandes que desfrutam de uma maior participação no fornecimento de Petrobras, serão beneficiadas”, apontou o BTG Pactual em relatório na época.

Isso porque, à medida que os preços da Petrobras se tornam mais competitivos, as importações de terceiros e outros fornecedores privados provavelmente podem perder participação no mercado de fornecimento de derivados de petróleo.

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“À medida que a Petrobras aumenta seu domínio no mercado, grandes empresas de distribuição de combustível, que normalmente obtêm uma parcela maior do fornecimento da Petrobras em comparação com os chamados ‘bandeiras brancas’, são os principais beneficiários”, apontam. Neste momento, as distribuidoras não aparecem ainda como grandes beneficiadas, mas há expectativa do mercado de que elas ganhem espaço com essa política da estatal.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.