Marfrig (MRFG3): ação sobe 5,58% após BofA elevar recomendação para compra

O banco considera que venda de ativos é positiva para empresa e motiva elevação de projeções; a compra foi feita pela Minerva, que teve preço-alvo cortado

Camille Bocanegra

Preço da carne bovina foi destaque de alta no mês
Preço da carne bovina foi destaque de alta no mês

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O Bank of America (BofA) elevou a recomendação para as ações da Marfrig (MRFG3) de neutra para compra, com a visão de uma relação de risco e retorno mais favorável.

Com isso, as ações da companhia apresentaram alta de 5,58%, cotados a R$ 8,90, na sessão desta quarta-feira (22). As concorrentes Minerva (BEEF3) e BRF (BRFS3) também apresentam avanços, com alta de 0,72%, a R$ 7,01, e 2,26%, a R$ 14,48, respectivamente.

Em análise publicada nesta quarta, o banco considera que os papéis da Marfrig não refletiram a venda de 40% das operações de carne bovina na companhia na América do Sul para a concorrente, Minerva (BEEF3). A iniciativa deve desbloquear valor significativo, de acordo com o BofA, e poderia aumentar o desconto que os papéis oferecem em relação à soma das partes.

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“Em nossa opinião, o desconto parece alto e poderia diminuir ainda mais, pois: 1) acreditamos que a Marfrig pode estar mais próxima de atingir sua participação final na BRF dada sua posição de alavancagem, reduzindo assim a incerteza sobre alocação de capital; e 2) a venda de ativos da Marfrig e o fluxo de caixa recorrente devem ajudar na desalavancagem e desbloquear valor patrimonial; 3) a MRFG está sendo mais ativa na recompra de ações, com um novo programa anunciado“, observa o banco.

O BofA considera, ainda, que a venda de ativos garante a concentração dos esforços da companhia em produtos industriais de carne bovina de margem mais alta. Além disso, a operação já garantiu pagamento inicial de R$ 1,5 bilhão para a Marfrig e será concluída no segundo trimestre de 2024.

A venda foi incorporada ao modelo utilizado pelo BofA e adicionou R$ 3,00 por ação ao preço-alvo da companhia, que saiu de R$ 8,5 para R$ 13,00. A transação reduziu também a alavancagem da Marfrig, que caiu para 4,3 vezes a dívida líquida sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês). O patamar anterior era 5,3 vezes a relação da dívida líquida com Ebitda.

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Para os demais players do mercado sob cobertura do banco, o BofA considera Minerva como neutra, com preço-alvo reduzido para R$ 9,3 dos R$ 12,00 considerados anteriormente. A redução é motivada pela aquisição das plantas da Marfrig e pelo maior custo de capital.

“Reiteramos nossa classificação neutra, pois acreditamos que o acordo foi caro e não vemos sinergias comerciais claras, apesar da maior escala. Além disso, a transação provavelmente manterá a relação dívida líquida/Ebitda da Minerva acima de 3 vezes até 2025”, observa.

Para BRF (BRFS3), a classificação segue como underperform (desempenho abaixo da referência, similar à venda), com meta de preço ligeiramente elevada para R$ 11,60 dos R$ 11,00 anteriores, ao contabilizar os resultados do terceiro trimestre de 2023. De acordo com o BofA, não há potencial de valorização em relação aos níveis atuais e os riscos inerentes aos preços internacionais para o frango e custo da ração seguem presentes em 2024.