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SÃO PAULO – Na véspera, enquanto o Ibovespa fechou em queda de 3,98% repercutindo o noticiário político, as ações da Marfrig (MRFG3) saltaram mais de 4%, sendo a única a registrar ganhos expressivos dentro do índice. Os investidores buscaram antecipar mais um novo resultado positivo para o frigorífico, que veio, levando inclusive a companhia a antecipar o pagamento de dividendos previsto para 2022.
A Marfrig teve um lucro líquido recorde de R$ 3,3 bilhões em 2020, salto de 1.413,76%, ou de 15 vezes, ante os R$ 218 milhões registrados no ano anterior, com forte participação da operação da empresa na América do Norte, informou a companhia na noite de segunda-feira.
No quarto trimestre de 2020, o lucro líquido da Marfrig foi de R$ 1,171 bilhão, por volta de 43 vezes acima do desempenho do mesmo período de 2019. Enquanto isso, o Ebitda ajustado teve alta de 30,3% no comparativo anual, a R$ 2,1 bilhões e o fluxo de caixa operacional livre cresceu saltou 165% na base de comparação anual, a R$ 1,5 bilhão.
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Conforme apontam os analistas da XP, o momento positivo nos EUA compensou os desafios na América do Sul, levando a companhia a registrar bons números no quarto trimestre. Com isso, a recomendação foi reiterada em compra para a ação.
Já a Levante Ideias de Investimentos destaca que, em ambas as operações, os números foram positivos. Na operação da América do Norte o spread da carne (diferença entre custo do gado e preço de venda da carne) aumentou em 2% na comparação anual, com o preço de venda subindo mais que o custo nos mercados mais premium (países desenvolvidos), com demanda aquecida.
Já na América do Sul, a receita líquida trimestral veio com recorde alcançando R$ 5,6 bilhões, crescimento de 23% na comparação anual, puxado pelo maior volume de exportações e desvalorização do real de 31,1% em relação ao quarto trimestre de 2019.
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Por outro lado, cabe pontuar, as margens bruta e de Ebitda começam a ser pressionadas na América do Sul, mesmo com receita forte, devido ao aumento do custo do gado comprado pela companhia no Brasil que cresceu cerca de 41% na comparação anual e 17% em relação ao terceiro trimestre, chegando a R$ 272,03 por arroba, traduzindo em menor volume de abate de gado e reduzindo a taxa de utilização das plantas.
Vale destacar que o Conselho de Administração da Marfrig propôs à Assembleia Geral Ordinária, marcada para 8 de abril, a distribuição de R$ 141 milhões em dividendos, ou R$ 0,20 por ação –equivalente a 50% do lucro líquido distribuível aos acionistas.
Segundo o Credit Suisse, os números fortes podem ser justificados por uma margem recorde (13,1% de margem Ebitda ajustada), que foi beneficiada pelos preços da arroba mais baixos no mercado americano e também por uma margem positiva na América do Sul (8,6%).
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“A tendência favorável para a National Beef deve continuar, dado que tudo indica que teremos spreads [diferença entre custo do gado e preço de venda da carne] favoráveis nos EUA. Já a divisão de América do Sul deve se beneficiar das exportações e da depreciação do real. As iniciativas da gestão para ganhar eficiência também devem começar a aparecer de forma mais clara nos números. Acreditamos que a Marfrig pode ser um papel interessante para um momento de maior incerteza e reforçamos MRFG3 como nosso top pick”, apontam os analistas do banco suíço, que possuem preço-alvo de R$ 23 para o papel.
Olhando para frente, Leonardo Alencar e Larissa Pérez, analistas da XP, avaliam que os resultados da Marfrig em 2021 devem sofrer uma acomodação em relação aos resultados estelares alcançados ao longo de 2020. Dito isso, ainda assim, eles reiteram a recomendação de compra para as ações, com base em quatro argumentos: i) a visão otimista quanto à operação na América do Norte; ii) continuidade das fortes exportações vindas da América do Sul; iii) redução do custo da dívida deve ser bem vista pelo mercado e iv) pioneirismo da Marfrig na frente ESG, sobretudo do lado Ambiental.
Segundo compilação feita pela Refinitiv, de 13 casas que cobrem o papel, 9 recomendam compra, 3 têm recomendação neutra e 1 tem recomendação de venda. O preço-alvo médio é de R$ 19,12, cerca de 19% maior do que os R$ 16 em que a ação da companhia opera nesta terça-feira. Mesmo se os números não forem tão positivos como em 2020, a expectativa é de alta para as ações em 2021.
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