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(Bloomberg) — Sim, Donald Trump foi eleito 45º presidente dos EUA.
Primeiramente, as pesquisas de opinião estavam erradas – não muito, mas por aproximadamente 3 por cento (o dado final só será conhecido após a contabilização nos próximos dias de votos da Califórnia e outros Estados que permitem voto por correspondência, a maioria deles com forte tendência democrata). Sim, muitos personagens famosos pelas previsões ou posições e políticos também erraram.
Eu não sei o motivo. Ninguém sabe.
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Não sabemos se o motivo da derrota de Hillary Clinton foi o surgimento na reta final da questão dos e-mails, a decisão do diretor do FBI, James Comey, ou a reação da mídia. Ou se foi a estratégia dela. Será que ela colocou as fichas nos Estados errados ou alocou mal seu tempo e seus recursos? Talvez tenha sido a estratégia de Trump.
Não sabemos se foi a incerteza econômica ou os candidatos de partidos minúsculos. Não sabemos se foi o efeito combinado dos ataques republicanos a sindicatos em Wisconsin ou ao voto dos negros na Carolina do Norte. Não, não sabemos se foi “racismo”. Sim, há racistas bem barulhentos entre os defensores de Trump, mas nós não sabemos se mais deles votaram para Trump do que para John McCain e Mitt Romney, os candidatos republicanos das duas eleições presidenciais anteriores.
A única coisa que posso defender a esta altura — e talvez até isso precise de mais estudo — é a inutilidade dos investimentos antecipados em anúncios de televisão. Hillary atacou Trump por meses e é difícil acreditar que a eleição teria sido remotamente tão concorrida se esses anúncios – que pareciam ótimos – tivessem algum efeito.
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Além disso? Compreender resultados eleitorais leva tempo. Não acredite em quem diz que já tem as respostas, independentemente do que eles previam antes da votação.
Uma certeza é que o fato de os republicanos terem ganhado controle unificado do Congresso e da Casa Branca é um desastre para os democratas e todas as políticas que eles apoiam. É um desastre para a democracia nos EUA? Isso depende, acima de tudo, do Partido Republicano.
Trump é imprevisível. Os aspectos realmente assustadores da candidatura dele – preconceito, machismo e o aparente autoritarismo – podem ser fundamentais para sua postura como presidente.
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Se for o caso, os democratas farão oposição (como farão a qualquer medida republicana “normal” proposta por Trump e pelos republicanos no Congresso), mas não terão capacidade para brecá-lo. Os republicanos terão essa capacidade e não só no Congresso. Trump precisará de gente na Casa Branca, de uma equipe ministerial e dos nomeados por ele a cargos executivos. De modo geral, ele buscará preencher esses cargos com nomes republicanos, pelo menos além da Casa Branca.
Se esses republicanos e os republicanos na Câmara de Deputados e no Senado apoiarem os desejos de Trump — especialmente medidas repressivas para prejudicar os democratas e ajudar os republicanos em eleições futuras —, então os EUA podem estar em posição perigosa.
A presidência é a posição de maior poder no governo americano. Mas o presidente faz pouco sozinho. Será que os republicanos — no Congresso, nos departamentos e agências do poder executivo e até na Casa Branca – terão peito para enfrentá-lo?
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Espero nunca descobrir isso. Espero que as opiniões mais assustadoras de Trump se mostrem fogo de palha e que ele fique satisfeito em cantar de galo de vez em quando, mas se mantenha fiel às normas e tradições da República. Se há uma esperança é a escolha dele de um governador conservador tradicional como vice na chapa. Sim, Mike Pence é bastante conservador, mas não é um dos defensores mais bombásticos ou irresponsáveis de Trump.
Além de tudo isso, o presidente eleito aparentemente não sabe nada de economia, de política externa ou de qualquer outro tema. Então, mesmo quando se comportar da melhor forma, vai ser difícil ele se dar bem.
Sim, a percepção é de um momento perigoso para os EUA e para a democracia. Mas, em eleições passadas, o lado perdedor sempre sentiu mais medo imediatamente após a eleição. No longo prazo, muitas das políticas mais apavorantes nunca foram implementadas e as próximas eleições levaram a uma guinada. Isso não é um esforço para minimizar a possibilidade de os próximos anos serem destrutivos e desestabilizadores. Por enquanto esta é só uma possibilidade.
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Esta coluna não necessariamente reflete a opinião do conselho editorial da Bloomberg LP e seus proprietários.