Méliuz (CASH3): “dinheiro de venda do Bankly deve virar proventos para os acionistas”, dizem executivos; ações fecham em alta de 14%

Indicação é de que banco digital será tocado por BV enquanto Méliuz focará no cartão e na experiência dos usuários dentro da plataforma

Vitor Azevedo

Cartão Méliuz (Foto: Divulgação)
Cartão Méliuz (Foto: Divulgação)

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Os executivos do Méliuz (CASH3) afirmaram na manhã desta quarta-feira (15), em teleconferência após a divulgação do resultado do quarto trimestre de 2022, que o capital levantado pela venda do Bankly ao BV (antigo Banco Votorantim), de cerca de R$ 210 milhões, deve se transformar em proventos para os acionistas das empresas.

“Estamos na fase final da venda. Ainda estamos em fase de aprovações internas, mas tudo indica que o valor recebido pela venda do Bankly o Méliuz vai se distribuir na forma de proventos para seus acionistas”, disse Marcio Penna, diretor de relações com investidores.

As ações da companhia de cashback fecharam em alta de 14,44%, a R$ 1,03. Vale ressaltar, contudo, o baixo valor de face dos ativos CASH3: ou seja, qualquer variação de centavos dos ativos leva a uma forte variação percentual.

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O resultado do 4T22 foi considerado um pouco negativo por analistas, mas analistas seguem de olho nos próximos passos da companhia.

“Acreditamos que os resultados devem ser considerados marginalmente negativos para as ações, pois o momento operacional continua muito desafiador. No entanto, em nossa visão, o principal gatilho para o preço das ações daqui para frente deve ser a evolução futura do potencial exercício da opção de compra do BV”, diz a equipe de analistas do Bradesco BBI, chefiada por Otavio Tanganelli.

O Méliuz trouxe, entre outubro e dezembro do ano passado, uma queda anual de 17% do seu volume bruto de vendas (GMV, na sigla em inglês), que foi de R$ 1,56 bilhão, o que os executivos atribuíram à queda do mercado de vendas online, no geral.

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A receita da companhia chegou a subir 3% no ano, para R$ 101,2 milhões, com maior GMV no Shopping Brasil e incorporação dos resultados do Bankly. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) foi negativo em R$ 18,4 milhões, ante prejuízo operacional de R$ 40,3 milhões no quarto trimestre de 2022.

Analistas da Morgan Stanley destacaram que a receita ficou 26% abaixo do seu consenso, embora o Ebitda tenha ficado em linha “em termos de cash-back e disciplina de despesas e em meio a um equilíbrio contínuo de margem de vendas”.

Contudo, o destaque, como já mencionado, ficou para a operação conjunta do Méliuz e do BV, divulgada em dezembro do ano passado. A XP, em relatório, afirmou que vê a operação evoluindo e como positiva para a Méliuz, mas disse que espera mais detalhes sobre o desdobramento da operação.

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Além do provento da venda de 100% do Bankly, os executivos deram, na teleconferência, alguns detalhes de como será a parceria.

“Na parceria com o BV, há mudanças de valores. O principal efeito positivo, tanto para nós quanto para nossos sócios, é o fato de que cada um focará naquilo que é melhor. É a cerne da nossa triangulação, com a venda do Bankly. A rentabilidade dos usuários com produtos financeiros, iniciando com conta e cartão, virá do fato de que cada sócio trabalhará com aquilo que é melhor. É algo transformacional”, comentou André Ribeiro, diretor de estratégia de shopping e dados do Méliuz.

Os diretores mencionaram que mais detalhes e guidances da parceria serão dados no Méliuz Day, que deve acontecer entre o final de abril e começo de maio – bem como outras mudanças a serem realizadas na companhia.

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“Iremos falar um percentual atrelado ao custo, sobre como enxugamos e enxugaremos mais o quadro de pessoas. Vou pedir um pouco de paciência”, disse Márcio Penna, head de relação com investidores. “Os esforços de eficiência operacional, desde o segundo semestre do ano passado, estamos fazendo comitês e tentando ver, em todas as linhas, como podemos otimizar o negócio. Falamos com fornecedores, reestruturamos nosso time em janeiro, e por ai vai”, complementou Gabriel Loures, diretor de Growth.

A companhia reduziu seu quadro de pessoal entre novembro e fevereiro em quase 100 pessoas, para 357 funcionários, recentemente.

Quanto à Americanas (AMER3), no passado um dos principais parceiros do Méliuz no sistema de cashback, os executivos afirmaram que já provisionaram quase tudo que a varejista os deve e pausaram as ofertas.

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“Provisionamos tudo relacionado ao passado. Os R$ 4,7 milhões é cerca de 90% do total”, comentou Marcio Penna. “Apesar da parceria histórica, desde 2011, a relevância da Americanas dentro do nosso resultado já vinha caindo bastante ao longo de 2022, por conta dos resultados da própria companhia. A partir do momento em que pausamos a parceria, percebemos que houve fluxo das compras desses parceiros para outros. Isso deve ficar mais claro a partir do primeiro resultado de 2023”, completou Loures.

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