Mesmo com pressão de alta, dólar recua com mercado “forçando” ajuste da Ptax

Moeda chegou a abrir em alta, mas passou a cair com agentes de mercado derrubando as cotações para manter a taxa do BC em valor baixo

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O dólar passa por uma sessão de queda após iniciar a terça-feira (31) com forte alta, em um dia que promete ser de volatilidade enquanto os grandes players do mercado tentam derrubar o valor de divisa em momento da formação da taxa Ptax do trimestre. Porém, após o resultado da Ptax, que ficou em R$ 3,2074 na compra e R$ 3,2080 na venda, a moeda norte-americana voltou a ganhar força, praticamente zerando as perdas vistas no resto da sessão.

Às 15h30 (horário de Brasília), a moeda norte-americana tinha perdas de 0,33%, cotada a R$ 3,2186 na compra e R$ 3,2211 na venda. Com isso, a divisa caminha para encerrar o trimestre com valorização de aproximadamente 21%.

Mais cedo, o dólar chegou a recuar 1,5% enquanto grandes agentes, como alguns bancos, puxavam a cotação para baixo na tentativa de levar a Ptax (taxa de câmbio calculada pelo BC e que serve de referência para a liquidação dos contratos futuros e outros derivativos) para baixo. Nas operações de venda de swap cambial, os investidores que compram esses contratos ganham a variação cambial do período, e por isso, o interesse de comprarem o dólar a uma taxa baixa.

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A Ptax é uma média das taxas informadas pelos dealers de dólar ao BC e serve como referencia para o valor do contrato futuro de dólar. As pesquisas da autoridade monetária ocorrem de forma eletrônica em 4 janelas: entre 10h00 e 10h10 para a primeira, 11h00 às 11h10 para a segunda, 12h00 às 12h10 para a terceira e 13h00 às 13h10 para a última.

Cada janela de consulta dura 2 minutos e as taxas de câmbio de compra e de venda referentes a cada consulta correspondem, respectivamente, às médias das cotações de compra e de venda efetivamente fornecidas pelos dealers, excluídas, em cada caso, as duas maiores e as duas menores.

No noticiário doméstico, investidores ainda ficam atentos ao resultado do governo central (Tesouro, Banco Central e Previdência Social), que registrou déficit primário de R$ 7,358 bilhões em fevereiro, segundo informou o Tesouro Nacional. Já as contas de todo o setor público consolidado – que englobam o governo, estados, municípios e empresas estatais – registraram déficit primário (receitas menos despesas, sem contar os juros), de R$ 2,3 bilhões em fevereiro, segundo dados divulgados pelo Banco Central.

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Nesta manhã, o BC realizou a última intervenção diária no mercado de câmbio válida pelo programa de swaps. Foram ofertados até 2 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólar, com vencimentos em 1º de dezembro de 2015 e 1º de março de 2016. Como anunciado na semana passada, a partir desta quarta-feira (1) não ocorrerão mais os leilões diários, sendo que o BC tomará novas medidas apenas quando julgar necessário.

O Banco Central fará ainda nesta sessão dois leilões de venda de até 2,5 bilhões de dólares ao todo com compromisso de recompra. A taxa de corte fixada no primeiro leilão ficou em R$ 3,324480, com data de recompra em 4 de agosto de 2015. No segundo leilão, a taxa ficou em R$ 3,355420 com data de recompra em 2 de setembro.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.