Minerva (BEEF3): indústria mais racional e super ciclo de carne devem manter margens altas, destacam analistas

Companhia realizou evento em Barretos com analistas e levou mensagem positiva ao mercado

Felipe Moreira

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Na última sexta-feira (19), a Minerva (BEEF3) realizou evento em sua fábrica de Barretos para discutir a atual situação do setor e fornecer uma atualização sobre as perspectivas e caminhos de crescimento da empresa. No evento, que fez parte das comemorações dos 30 anos do frigorífico, a “administração mostrou otimismo em relação ao momento da empresa”, comentou Itaú BBA. “A dinâmica acretiva do ciclo do gado colocou o empresa em posição de investir confortavelmente em eficiência e expandir sua presença, mantendo uma estrutura de capital equilibrada.”

De forma geral, os analistas consideraram a mensagem transmitida pela administração da empresa como positiva, endossando a tese de aumento de disponibilidade de gado e a melhora nas margens da carne bovina brasileira. Além disso, a administração da Minerva acrescentou que a indústria agora parece ser mais racional, com players buscando melhorar as margens em vez de ganhar participação de mercado.

Essa tendência, na opinião do BBA, é um fator positivo para o Minerva. Historicamente, a indústria brasileira tem conseguido ajustar sua produção rapidamente para acomodar aumentos na disponibilidade de gado – mas não parece ser o caso desta vez, segundo a gestão da Minerva, o que pode significar que o momento positivo vai durar mais tempo agora do que em ciclos anteriores.

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“Em meio a um ambiente de preços mais elevados dos grãos por mais tempo (frango/suíno custos de insumos mais a demanda adicional por biocombustíveis), inflação de alimentos elevada globalmente, menor produção de carne bovina dos EUA, demanda consistente da Ásia, e com muitos países tentando garantir o abastecimento de alimentos, os players de carne do hemisfério sul estão muito bem posicionados para se beneficiarem preços mais altos da carne bovina por mais tempo”, aponta Morgan Stanley.

Margens resilientes

O time de research do Morgan Stanley destaca a resiliência das margens operacionais da Minerva nos últimos anos, considerando a alta natureza cíclica deste negócio. Resultado da estratégia bem executada e operações eficientes, bem como ao seu sofisticado sistema quantitativo para comprar gado e triangular diferentes mercados para avaliar o melhor originador possível de matéria-prima (preços de gado mais baixos) com o melhor destino possível (preços mais altos da carne bovina). Outras melhorias nessas frentes de inteligência artificial e análise quantitativa foram alcançados nos últimos 12 meses em parceria com uma consultoria.

Para BofA, a Minerva destacou-se na mitigação de riscos dos mercados de exportação com sua plataforma diversificada na América Latina e conseguiu passar por um período desafiador. “Esperamos que o ciclo do gado no Brasil comece a se recuperar no segundo semestre de 2022, o que deve permitir expansão de margem no próximo ano. No entanto, os desafios na Argentina permanecem e encontramos valuations mais atraentes em outros lugares.”

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“Por mais que ainda haja capacidade ociosa no Brasil para capturar a maior disponibilidade de animais que chegam ao mercado, a Minerva não vê cenário de competição acirrada, pois a maior parte da oferta está sendo desviada para as exportações, onde há alguma consolidação com um número limitado players agindo de forma mais racional, o que deve manter as margens altas durante as condições de melhoria do ciclo”, apontam analistas do BofA.

Alocação de capital

Segundo relatório do BBA, a Minverva reiterou que poderia realizar fusões e aquisições (M&A) na Austrália e na Colômbia. “Embora por enquanto um crescimento inorgânico significativo não é a prioridade para a Minerva, a administração tem falado sobre possíveis M&A na Austrália e na Colômbia, já que esses mercados se deterioraram recentemente devido a duras dinâmicas locais e pode haver boas oportunidades para comprar players a preços convidativos.”

“A Minerva disse que continuará muito disciplinada e respeitando um nível confortável de alavancagem na tomada de eventuais decisões nessas frentes”, destacam analistas do Morgan Stanley.

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A administração vê o atual índice de alavancagem de 2,5 vezes (x) ou mais como saudável, enquanto no longo prazo seria confortável em torno do nível de 2,0-2,5x.

Ainda na frente de alocação de capital, a empresa não mira proteínas vegetais neste momento, embora provavelmente sejam um impulsionador para nichos de mercado. Na visão da Minerva, proteínas à base de plantas são produtos de nicho que provavelmente não substituirão ou reduzirão a demanda por carne bovina.

Assim, embora reconhecendo o potencial do mercado, a administração prefere manter-se consistente com sua estratégia de crescimento no setor de carne bovina e provavelmente ficará de fora das proteínas vegetais no curto prazo.

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Morgan Stanley e BBA estão otimistas com Minerva

O Morgan Stanley reitera avaliação overweight (equivalente à compra) para Minerva, com preço-alvo de R$ 21, o que implica em potencial de valorização de 44,5% em relação a cotação de fechamento de segunda-feira (22) de R$ 14,53. Segundo o banco, a Minerva é o nome sob sua cobertura mais exposto a tese de um super ciclo de carne.

O Itaú BBA também mantém recomendação equivalente à compra para o ativo e preço-alvo de R$ 16, um potencial de alta de 10,5%.

Por outro lado, o BofA é mais cético em relação ao frigorífico e reitera classificação neutra, com preço-alvo de R$ 16.

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