Morgan Stanley e Goldman Sachs destacam-se de Wall Street afundada na crise

Instituições vêm conseguindo manter seus caixas no positivo; mas nem tudo é favorável e projeções vêm sendo reduzidas

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SÃO PAULO – Bear Stearns, Lehman Brothers, Merrill Lynch. A lista de instituições financeiras afetadas pela crise do subprime ganha cada vez mais corpo. Nesta segunda-feira (15), o Lehman Brothers – quarto maior banco de investimentos dos EUA – entrou com aquele que é o maior pedido de concordata da história norte-americana.

Embora não seja exatamente uma surpresa, a notícia tem efeito devastador sobre as bolsas nesta “segunda-feira sangrenta e memorável”, nas palavras dos analistas do Saxobank. A possibilidade de falência da firma revela uma Wall Street significativamente mais deteriorada do que cogitavam os mais pessimistas em agosto do ano passado, período tido como marco do estouro da bolha imobiliária norte-americana sobre os mercados.

Com tantas instituições em apuros, fica difícil enxergar qualquer ponto positivo que se sobressaia em tal cenário. Todavia, dois bancos de investimentos vêm se destacando justamente pela admirável capacidade de manterem a lucratividade em seus balanços, em um oceano de prejuízos bilionários e perdas contábeis a perder de vista: Goldman Sachs e Morgan Stanley.

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Cenários antagônicos

No segundo trimestre desse ano, o Goldman Sachs somou um lucro líquido de US$ 2,09 bilhões, resultado notável frente ao apresentado por seus pares no mesmo período, ainda que abaixo do desempenho contabilizado em 2007. No mesmo sentido, o Morgan Stanley conseguiu manter seus balanços no positivo, ao ter lucrado US$ 1,03 bilhão entre os meses de abril e junho de 2008.

Quadro diametralmente oposto foi pintado pela Merrill Lynch e pelo Lehman Brothers, por exemplo. O primeiro trouxe uma perda de US$ 4,6 bilhões, ao passo que o prejuízo do Lehman – agora sob a égide do capítulo 11 do código de falências dos EUA – foi de US$ 2,8 bilhões. A razão para cenários tão antagônicos, dizem analistas, é simples: o peso do mercado imobiliário norte-americano em cada instituição.

O que leva Merrill Lynch, Lehman Brothers, Citi – e que levou também a Bear Stearns – a apresentarem-se similares no que concerne aos vultosos prejuízos registrados é que todos expuseram grande parte de seus portfólios nos títulos hipotecários dos EUA, ignorando os alertas crescentes de muitos analistas, temerosos quanto à formação de uma perigosa bolha no mercado de imóveis do país.

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Ainda que a crise tenha afetado todo o mercado financeiro, principalmente por conta da criação de mecanismos altamente complexos que mascaravam os reais riscos a que os bancos estavam expostos, o Goldman Sachs e o Morgan Stanley “identificaram as tendências do mercado e reposicionaram-se mais cedo do que seus pares”, nas palavras da equipe de análise do Citi.

Mas nem tudo são flores

Ainda que as duas instituições devam trazer lucro no terceiro trimestre deste ano, as projeções dos analistas revelam-se cada vez menos otimistas. Um mês atrás, a estimativa para o resultado do Goldman no período era de ganhos de US$ 3,33 por ação. Agora, o esperado é de US$ 1,87 por ação.

Concomitantemente, o Morgan Stanley deve registrar entre julho e setembro deste ano um lucro de US$ 0,78 por ação, abaixo do US$ 0,94 estimado anteriormente pelo mercado. Os analistas do Citi são uns dos que reduziram suas projeções. Menos devido a um pessimismo quanto às instituições em si, e mais por uma preocupação quanto ao agravamento das turbulências.

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“Enquanto acreditamos que a firma esteja bem posicionada, em nossa visão, o ambiente permanecerá desafiador no curto prazo”, afirma a equipe, em relação ao Goldman Sachs. Isto porque, embora a exposição aos créditos hipotecários podres seja relativamente baixa, as duas instituições devem ser indiretamente afetadas pela crise por meio dos solavancos na renda variável e da sensível queda nas atividades corporativas, como processos de abertura de capital e aquisições.

Fortes e leves perdas

Entre as principais desvalorizações do dia, o destaque ficou por conta dos ativos do Lehman Brothers, que no início do ano valiam US$ 65,44, fechando cotados a US$ 0,21. Somente em relação ao fechamento de sexta-feira, a retração foi de 94,25%.

Os papéis do Bank of America, por sua vez, amargaram forte recuo de 21,31%, valendo US$ 26,55, seguidos pelas ações do Citi, que retraíram 15,14%, para US$ 15,24.

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Na mesma linha, porém, com desvalorizações menos expressivas, as ações do Morgan Stanley tiveram queda de 13,54%, a US$ 32,19, enquanto os ativos Goldman Sachs fecharam com recuo de 12,13%, a US$ 135,50.

A exceção ficou mesmo por conta da Merrill Lynch. Os papéis da instituição, que chegaram na máxima do dia a US$ 22,68 com valorização de 33%, perderam fôlego fechando com tímido avanço de 0,06%, cotados a US$ 17,06.

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