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Apesar da alta de 100% das ações da Moura Dubeux (MDNE3) no acumulado do ano, o Itaú BBA e o Santander reiteraram classificação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) e elevaram preço-alvo para o papel da construtora. O Santander elevou o preço-alvo de R$ 11,50 para R$ 16,50, enquanto a meta de preço do BBA passou de R$ 9 para R$ 16.
Segundo relatório de ambos, as ações da construtora continuando negociando a múltiplos atrativos de Preço /Lucro e Preço/ Valor Patrimonial.
Para o BBA, a Moura Dubeux está negociando a um Preço /Lucro estimado de 4,8 vezes para 2024 e um Preço/ Valor Patrimonial de 0,8 vez, com retorno sobre patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) de 15% para 2024.
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Já o Santander avalia as ações a um P/L estimado de 4,6 vezes para 2024 e um P/BV estimado de 0,6 vez para 2024, apesar da melhoria da lucratividade com um ROE estimado de 14,8% para 2024.
Com relação a concorrência, segundo relatório do BBA, a empresa não prevê um aumento na concorrência no Nordeste, pois seus concorrentes são principalmente players locais pequenos, operando em poucas cidades, não em vários estados (a Moura Dubeux está presente em sete estados). Com isso, a administração está confiante em sua liderança na região e vê as divisões de Condomínio e Mood como caminhos importantes de crescimento.
Ainda de acordo com a administração da Moura Dubeux, as empresas do Sudeste enfrentam obstáculos relacionados à força de trabalho ao entrar no Nordeste, devido às diferenças no mercado de prestação de serviços nessas regiões. “No Nordeste, as empresas usam sua própria mão de obra de construção e raramente terceirizam.”
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Para a divisão de condomínio, a administração espera um aumento na participação da divisão nos resultados da empresa, dada a menor exposição ao risco e melhores margens da operação. Além disso, o limite para o segmento não é a capacidade operacional das empresas, mas o tamanho do mercado e a absorção. Condomínios exigem clientes com renda mais alta e disponibilidade de caixa a curto prazo.
A empresa reiterou seus planos pós-IPO de acelerar o pipeline de lançamentos e queimar caixa em 2023 e 2024, o que reverterá sua posição líquida de caixa atual para um aumento gradual da alavancagem, esperando atingir 20% no final de 2024, no máximo. Com maiores receitas após a construção, a administração espera gerar caixa e estabilizar sua dívida líquida/patrimônio líquido entre 15% e 20%. A distribuição de dividendos provavelmente será retomada no início de 2025.
A administração afirmou para o BBA que a operação Mood (voltada para segmentos de renda média) continuará a lançar fora do programa MCMV (unidades com preços entre R$ 350.000 e 500.000, para clientes com faixa de renda mensal de R$ 12.000 a 15.000). “A empresa não tem interesse em aderir ao programa habitacional do governo, apesar de usar o mesmo método de construção para melhor monetização”, destaca relatório. “Os materiais no segmento Mood são os mesmos usados na operação tradicional de alta renda da Moura, e o principal modelo de financiamento é o crédito associativo (transferências para a CEF).”
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Em termos de rentabilidade, a meta de margem bruta para a divisão de incorporação é de 30%, provavelmente impulsionada pela entrega de lançamentos mais antigos. “A longo prazo, a empresa estima um aumento de 200 pontos-base nas margens de incorporação devido à operação Mood e de 100-150 pontos-base nas margens consolidadas (incluindo a divisão de Condomínio)”, comenta BBA.
Já as preocupações com liquidez das ações da construtora provavelmente serão dissipadas (volume médio diário negociado em cerca de R$ 3 milhões) à medida que as condições macroeconômicas melhorarem.
O Santander, por sua vez, justificou a manutenção da recomendação para a Moura Dubeux, “com base em: (i) sua posição competitiva sólida em mercados minimamente concorrenciais localizados no Nordeste; (ii) avaliação atrativa, com as ações sendo negociadas atualmente a um P/E estimado de 4,6x para 2024 e um P/BV estimado de 0,6x para 2024; e (iii) atraente taxa de crescimento anual composta (CAGR) estimado de lucro por ação de 33% para o período de 2022 a 2025”.
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De acordo com o Santander, o aumento de preço-alvo reflete principalmente taxas de desconto mais baixas ao incorporar os resultados do 1º trimestre de 2023 e do 2º trimestre de 2023 em suas estimativas e aumentar a receita da Moura Dubeux para 2023 e 2024 em 7% e 3%.
Por outro lado, o banco reduziu ligeiramente a margem bruta estimada para 2023 para refletir margens menores do que o esperado na divisão de condomínios relatadas durante o 2º trimestre de 2023.
O Santander ainda manteve praticamente inalteradas as estimativas de despesas gerais e administrativas em comparação com o modelo anterior e ajustou um pouco suas previsões em relação às necessidades de capital de giro da empresa, para refletir a eficiência melhor do que o esperado relatada nos últimos trimestres.
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“Apesar da dinâmica positiva do mercado no Nordeste, a Moura Dubeux planeja lançar R$ 1,8 bilhão em 2023 (abaixo de seu potencial total de R$ 2,5 bilhões), como forma de preservar o caixa e garantir entregas de alta qualidade a partir do pipeline atual de projetos em construção”, explica Santander, em relatório.
O banco também acredita que a cautela da empresa está parcialmente associada à menor confiança do consumidor e às altas taxas de juros do financiamento imobiliário, à medida que os bancos atingem tetos regulatórios de financiamento do FGTS e passam a depender mais de fontes de mercado para financiamento.
Nesse sentindo, melhorias na acessibilidade podem representar um risco positivo para a marca Mood: o banco avalia que um financiamento maior disponível pelo pró-cotista (linha de crédito especial do FGTS com taxas de juros de 8,16%) poderia mitigar os pontos mencionados anteriormente para a marca Mood.
O Santander acredita que a Mood também poderia incluir alguns de seus projetos no programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), já que o limite de preço para todas as cidades do Brasil foi recentemente aumentado para R$ 350 mil. Os preços da Mood variam de R$ 350 mil a R$ 500 mil por unidade.
Em resumo, agora analistas do Santander esperam um lucro líquido de R$ 174,5 milhões para 2023 e R$ 216,5 milhões para 2024, um aumento de 6% e 2% em relação às estimativas anteriores. Além disso, para refletir a recente queda nos CDS de cinco anos do Brasil e uma liquidez ligeiramente melhor das ações, eles reduzira a estimativa de Custo Médio Ponderado de Capital (WACC) para 17,7% (de 20,7%).