Publicidade
SÃO PAULO – Na próxima terça-feira, os mercados estarão com todos os olhos voltados para a eleição nos EUA. Os últimos dias foram mais positivos para a candidata Hillary Clinton após o diretor do FBI James Comey anunciar que não a indiciará por conta dos novos e-mails investigados, além da democrata ter apresentado uma dianteira um pouco mais confortável nas pesquisas eleitorais.
Contudo, a disputa segue acirrada e os mercados seguem de olho nas pesquisas eleitorais e em qualquer notícia que possa mexer com o pleito. Além disso, também há quem considere um resultado que parece um tanto improvável: um empate no colégio eleitoral.
Nos Estados Unidos, os candidatos são eleitos por um colégio eleitoral. Os votos dos eleitores de cada estado (ainda que dados para candidatos específicos) servem para eleger delegados no Colégio Eleitoral. São estes os responsáveis pela escolha final do futuro presidente. Os 50 estados norte-americanos e mais a capital Washington têm um número definido de delegados no colégio eleitoral, que é proporcional ao tamanho de cada unidade territorial. A Califórnia, por exemplo, o estado mais populoso do país com mais de 37 milhões de habitantes, tem 55 votos no colégio eleitoral. O estado de Wyoming, pouco povoado, e a capital Washington, têm três delegados cada. Como há 538 delegados, para que um candidato ganhe as eleições presidenciais é preciso alcançar metade do total mais um. Ou seja, precisa ter 270 votos.
Continua depois da publicidade
Nos últimos dias, a possibilidade de um empate passou a ganhar forças. “Imagine: os EUA acordam em 9 de novembro – e nenhum vencedor foi declarado na corrida presidencial. Parece impossível? Não é. Com Hillary Clinton e Donald Trump encostando de forma impressionante nas pesquisas de estados-chave, os analistas estão começando a considerar a possibilidade de relatos que atrasariam o resultado”, afirma o Market Watch.
O Market Watch aponta que, em muitos estados, – mas não todos -, uma opção seria a recontagem: 43 estados permitem que um candidato perdedor ou outras partes interessadas solicitem uma recontagem, de acordo com a Conferência Nacional de Legislaturas Estaduais. Em certos estados, se a disputa foi ferrenha, a recontagem é automática: um desses estados é a Flórida, que foi lar da disputa entre o republicano George W. Bush e o democrata Al Gore em 2000. A Suprema Corte resolveu a controvérsia, dando a Bush a maioria de votos no Colégio Eleitoral e a presidência.
Nate Silver, famoso estatístico do site FiveThirtyEight, atribuiu uma baixa chance – embora ela exista -, de uma recontagem em um estado que decide o Colégio Eleitoral.
Continua depois da publicidade
Neste sentido, os mercados podem ficar nervosos com uma demora na decisão, conforme alertou Greg Valliere, da Horizon Investments. “O que os mercados não querem passar é por um resultado que não está claro por dias ou mesmo semanas após a eleição – um cenário que não pode ser totalmente descartado”.
Um candidato teria tempo limitado para contestar a votação: este ano, o Colégio Eleitoral deverá se reunir em 19 de dezembro. Há pelo menos mais um cenário a considerar: um empate no Colégio Eleitoral. Se um candidato não obtiver 270 ou mais votos de delegados, cabe à Câmara dos Deputados decidir a presidência. A delegação de cada estado recebe um voto. Com a Casa em mãos republicanas, isso favorece Trump.
Neste cenário, a chapa de presidente e vice é dividida: a Câmara vota no presidente ou entre os três candidatos mais votados, no caso de haver um candidato independente com votos. O Senado, por sua vez, escolhe o vice, entre os dois candidatos à vice-presidência mais votados. No caso da Câmara, cada Estado tem um voto, enquanto no Senado todos os 100 membros têm direito a voto.
Continua depois da publicidade
A Câmara deve fazer a votação “imediatamente”; contudo, como o pleito só será definido quando um candidato atingir mais da metade dos votos, os deputados têm que realizar quantas votações forem necessárias até que algum candidato tenha mais da metade dos votos. Caso isso não aconteça até 20 de janeiro, dia da Posse, o vice eleito no Senado (assumindo que ele seja eleito no Senado) assume.
Se houver um caso de indefinição tanto na Câmara quanto no Senado o Congresso definiria, por lei, quem seria o presidente interino ou o modo de seleção dele, para governar até que as votações “desempatem”. Até se conseguir uma maioria para eleger o presidente, quem poderia assumir é o presidente da Câmara.
(Com Agência Brasil)