Netflix tem boas perspectivas com anúncios, mas há riscos de execução no longo prazo, dizem analistas

Resultados e "guidance" ficaram dentro do esperado, sugerindo estabilização no número de assinantes

Felipe Moreira

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A big tech Netflix (NFLX34) registrou lucro de US$ 1,44 bilhão no segundo trimestre de 2022, desempenho acima do esperado. O lucro por ação da companhia veio em US$ 3,20, superando a média das projeções dos economistas consultados pela Refinitiv (US$ 2,94 por ação).

O dado que mais chamou atenção, no entanto, foi o número de assinantes. A Netflix reportou perda de 970 mil assinaturas no segundo trimestre, o que é um número abaixo do previsto pela companhia. A gigante do streaming havia projetado uma perda de 2 milhões de assinantes para o período. Analistas acreditavam em 1,8 milhão de inscritos a menos.

O banco UBS escreveu que os resultados da Netflix foram mistos, mas ligeiramente melhores em termos de assinantes.

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Ao contrário dos dois últimos trimestres, quando os resultados da empresa ficaram aquém das expectativas do mercado (com as ações caindo mais de 25% e 40%, respectivamente, no pregão seguinte à divulgação), o mercado acolheu os números divulgados na noite de ontem, conforme evidenciado pelo ganho de 7% registrado no after market.

Além disso, o guidance para o 3T22 de adição de mais 1 milhão de assinantes na base trimestral “reverteria a tendência negativa dos dois trimestres anteriores”, destaca BBA. “A carta aos investidores não levantava preocupações quanto à concorrência, como a anterior, que foi citada na época como o motivo do desempenho negativo da ação.”

Analistas do Goldman Sachs também destacaram que a big tech saiu de um relatório de ganhos decepcionantes no 1T22, para resultados no 2T22 melhores que o previsto. As perdas de assinantes foram menores do que o guidance, e as perspectivas do 3T22 apontam para um retorno às adições líquidas positivas – embora modestas.

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O time de alto escalão da Netflix forneceu mais detalhes sobre suas iniciativas para revigorar o crescimento da receita, incluindo a introdução de um nível mais barato e suportado por anúncios e monetização por compartilhamento de contas. No entanto, o Goldman Sachs ressalta que os riscos de execução de longo prazo em torno dessas iniciativas permanecem.

Para o Morgan Stanley, as perspectivas para companhia são cada vez melhores por três razões. Primeiro, tendências de assinantes parecem estar se estabilizando e os resultados do 2T22 e guidance para o 3T22 ficaram dentro da zona de expectativas sugerindo uma base de assinantes pelo menos estável.

Em segundo lugar, o plano para impulsionar o crescimento da receita, margem, e o fluxo de caixa é “mais claro hoje do que no início do ano e parece haver ser sinais reais de sucesso inicial nos testes de compartilhamento de senha que estão sendo executados na América Latina”, escreveram analistas.

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Além disso, a Netflix está se concentrando na redução de custos e em gastos específicos com conteúdo em dinheiro, levando a um aumento saudável da perspectiva do fluxo de caixa no curto prazo apesar de uma perspectiva de lucro mais baixa (orientada pelo câmbio).

Dessa forma, Morgan Stanley tem recomendação de neutra para a gigante do streaming e preço-alvo de US$ 230, um potencial de valorização de 14,1% em relação ao fechamento de terça-feira (19) de R$ 201,63.

O UBS também mantém recomendação neutra para Netflix, pois novas iniciativas de crescimento e maior pressão cambial/ reestruturação deve manter as margens operacionais estagnadas. O preço-alvo é de US$ 198,00, o que representa uma potencial desvalorização de 6% frente o fechamento da véspera.

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