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SÃO PAULO – A temporada de resultados do terceiro trimestre de 2021 começa com maior força nesta semana nos Estados Unidos e em relatório, o Bank of America destacou que, na comparação anual, a expectativa de consenso é de alta no lucro em 28,1% para as empresas que compõem o S&P500, mas em queda de 7,4% frente o segundo trimestre.
Com as expectativas de lucro por ação de empresas do S&P500 sendo superadas em 17% no trimestre anterior, as projeções para o terceiro trimestre foram elevadas em 3%, aponta o BofA. Contudo, os estrategistas veem um aumento de ventos contrários no período, principalmente impulsionado por problemas da cadeia de abastecimento, desaceleração impulsionada pela variante delta do coronavírus e pressão inflacionária contínua.
Além disso, as expectativas são mais pessimistas com relação ao guidance (projeções) feitas pelas companhias para 2022, o que deve chamar a atenção nessa temporada.
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“Embora as margens tenham expandido para recordes no segundo trimestre, as empresas já tinham destacado as dificuldades de repasse da inflação de custos”, apontam os estrategistas da instituição.
Segundo eles, desde então, os problemas pioraram, citando o aumento das taxas de frete da China, que subiram 20%, além de atrasos recordes nos Portos da Costa Oeste. No trimestre, também foi visto um número quase recorde de avisos de lucro (ou profit warning, quando uma empresa faz uma declaração oficial à Bolsa dizendo que irá reportar os lucros no ano materialmente abaixo das expectativas da administração ou do mercado), sendo o terceiro maior número desde 2011, principalmente devido às questões de oferta, com desafios na cadeia de suprimentos.
A demanda segue robusta, mas a alta da inflação representa riscos de queda, apontam. “Enquanto os analistas aumentaram a projeção de contração da margem neste trimestre (projeção de queda de 70 pontos-base na margem líquida excetuando empresas financeiras na base trimestral), vemos grandes riscos para os números de 2022, quando os analistas esperam
margens recordes”, apontam.
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Apesar do centro das atenções na cadeia de abastecimento, a inflação dos salários nos EUA também é apontada como grande obstáculo (se não o maior), avaliam os analistas, destacando dados oficiais que estimam que os salários cheguem a 40% dos custos totais do setor privado.
A desaceleração da China e suas questões do setor imobiliário também representam riscos para as multinacionais dos EUA. Enquanto isso, os preços mais altos do petróleo têm sido historicamente positivos para os lucros de empresas que compõem o S&P (cada movimento de 100 pontos-base de alta no contrato do petróleo WTI adicionou 50 pontos-base ao crescimento dos lucros do S&P), mas a disciplina de capital das empresas do setor pode se traduzir em um multiplicador de ganhos mais baixo (ou seja, menos receita para beneficiários de investimentos no segmento petroleiro).
Além disso, o aumento dos preços do gás também aumenta a pressão por produtos químicos e e de energia. “O preço do petróleo mais alto pode ser um vento contrário ao invés de um vento de cauda neste momento”, avaliam.
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Os estrategistas do banco americano lembram que o lucro por ação do segundo trimestre ficou em US$ 52,58 (alta de 88% na base anual e superando as estimativas em 17%). No entanto, o sentimento das empresas piorou desde o seu pico no primeiro trimestre em meio à pressão de custo acelerada, enquanto o otimismo das empresas também caiu de níveis recordes nos dois trimestres anteriores. O capex (investimento em capital) subiu 17% na base anual, mas ficou praticamente estável na comparação com o segundo trimestre de 2019.
Com base em indicadores importantes, os estrategistas avaliam que os setores de tecnologia, imóveis e de petróleo e gás devem apresentar bons resultados, enquanto setores que são prejudicados pelo aumento dos preços de commodities, serviços públicos e setores de consumo (também prejudicado pela inflação dos salários), devem ter um desempenho relativamente negativo nesta temporada. Para o setor financeiro, a expectativa é de alta dos lucros de 16,5% na base anual, mas queda de 21,9% na comparação trimestral.
Além do impacto no mercado brasileiro em geral, a temporada de resultados deve afetar papéis específicos, principalmente dos BDRs – Brazilian Depositary Receipts são certificados de depósito de valores mobiliários emitidos no Brasil que representam valores mobiliários de emissão de companhias abertas com sede no exterior – que negociam na B3.
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A XP Investimentos destacou as datas de divulgação dos BDRs mais líquidos e que pertencem ao S&P 500, além de outras grandes empresas estrangeiras. Confira abaixo as principais datas:
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