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SÃO PAULO – As expectativas do governo e mercado sobre a visita da Moody’s ao Brasil são grandes, em meio à possibilidade de um rebaixamento de rating. Para Alexandre Schwartsman, ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, o rebaixamento já ocorreu.
“Já estamos pagando por não termos mais grau de investimentos. Politicamente falando, pode ser que não, mas o rebaixamento de rating já ocorreu na prática”, disse Schuwartsman, citando que o CDS (credit default swap, na sigla em inglês), uma das principais medidas de risco, está atualmente em 260 pontos, contra 150 pontos em meados de 2014. O economista falou nesta quarta-feira (15) em palestra realizada na 17º edição do Encontro Nacional de Relações com Investidores e Mercados de Capitais, promovido pelo IBRI e pela ABRASCA.
A questão agora, segundo ele, é o que o Brasil vai fazer para recuperá-lo. “A discussão agora não é retomar o crescimento, isso ainda vai demorar, mas colocar a casa em ordem”, disse. “E o primeiro caminho a ser tomado será por meio do ajuste fiscal”.
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Segundo ele, o governo deve perder a meta do superávit fiscal, mas esse não é o grande problema. “Perder a meta [dos atuais 1,1% do PIB] é feio, mas não é o fim do mundo. O importante é termos uma continuidade, um progresso”, comentou.
O ex-BC enfatizou que a recessão que o Brasil passa é profunda e que os ajustes terão que ser feitos pelo menos até 2017. “Fizemos um exercício de quanto terá que ser o superávit primário ano que vem, usando como base as estimativas do relatório Focus, e ele teria que ser entre 3,5% a 4% se quisermos equilibrar a relação dívida sobre o PIB. Mas atualmente o governo ainda trabalha com uma meta de 2% para 2016”, ressaltou.
Para ele, será difícil o Brasil ter um crescimento nos próximos anos, estimando um PIB inferior a 2% em 2015. “O País terá uma dificuldade muito grande de retomar o crescimento nos próximos anos”.
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“O problema é que nos últimos cinco anos andamos para trás, enquanto as perspectivas para as reformas necessárias são ruins porque o governo não tem uma agenda, e se tivesse, ainda assim sofreria porque o governo está a reboque do Congresso”, complementou.
Schuwartsman ressaltou também a importância do governo tirar o peso do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), cujos empréstimos hoje passam de 12% do PIB, contra 6% em meados de 2008. Os altos empréstimos via BNDES foram apontados como um dos grandes problemas para a baixa expansão do mercado de capitais brasileiro.