OPCT3: com ações em queda de 60% desde a estreia na Bolsa, vale a pena comprar OceanPact?

Analistas do Itaú BBA acreditam que sim e reiteraram recomendação de compra, enquanto BBI reduziu recomendação para neutra no começo do mês

Lara Rizério

(Divulgação/Imprensa OceanPact)
(Divulgação/Imprensa OceanPact)

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SÃO PAULO – Com perspectivas positivas do mercado após a abertura de capital, com as ações estreando em fevereiro, a prestadora de serviços em ambiente marinho OceanPact (OPCT3) tem decepcionado, com os ativos caindo cerca de 60% desde o seu primeiro pregão na Bolsa (até o fechamento da última quarta-feira).

Conforme destaca o Itaú BBA, os principais motivos para a forte queda desde então são o atraso no início de contratos para novas embarcações – que afetou as expectativas de o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) para 2021 – e um acordo de reajuste salarial firmado com o Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha Mercante, que gera um impacto permanente de aproximadamente R$ 32,4 milhões nos custos com pessoal.

Além disso, também houve influência dos atrasos em investimentos de exploração e produção de petróleo em função da pandemia do Covid-19, que afetaram as taxas de utilização das embarcações, além de postergarem a demanda por serviços marítimos.

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Porém, em meio a essa forte queda, vale a pena comprar as ações da companhia?

O Itaú BBA acredita que sim, ainda que destacando as premissas mais conservadoras para a empresa. Os analistas estabeleceram um novo preço-alvo para o papel, de R$ 9 ao fim de 2022, inferior ao preço-alvo estabelecido anteriormente, de R$ 16 ao fim de 2021.

Porém, seguiram com recomendação de compra para OPCT3 dado o elevado potencial de valorização do papel (upside de 103% frente o fechamento de quarta) e com a visão otimista para o setor de exploração e produção de petróleo e gás no Brasil. Com isso, as ações sobem forte nesta quinta-feira (26), chegando a uma alta de até 7,01%, a R$ 4,73, na sessão.

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Na revisão dos números, o BBA incorporou a piora das projeções (ou guidance) para Ebitda em 2021 e 2022 divulgadas pela OceanPact recentemente, além dos resultados referentes ao segundo trimestre.

Na avaliação do banco, o preço do papel está ligado apenas ao backlog de projetos já contratados da empresa, como se ela não fosse capaz de fechar novos contratos ou de renovar contratos correntes.

“A precificação atual das ações ignora as grandes expectativas de investimento no setor de exploração e produção de petróleo e gás e o sólido histórico da companhia de entregar novos contratos e renovações”, avalia.

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Segundo os analistas, a OceanPact apresentou sólido crescimento desde sua concepção, mesmo em tempos difíceis para o setor de óleo e gás. Para eles, apesar de a indústria brasileira de exploração e produção offshore não ter se desenvolvido durante a última década, a empresa alcançou uma taxa de crescimento anual (CAGR) de 23%, contra 4% da produção de petróleo marítima.

Além disso, apontam ainda que o setor de exploração e produção de petróleo deve receber mais de R$ 250 bilhões em investimentos, o que cria um panorama favorável para recuperação da ação. “Nos últimos anos, o governo brasileiro tem melhorado o quadro regulatório para o setor, como exemplo: reduzindo royalties e obrigações de conteúdo local. O pré-sal também tem ganhado destaque internacional, atraindo os maiores players do mundo”, apontam.

O grande número de projetos que devem entrar em fase de descomissionamento também deve ser outro fator positivo para o setor de serviços de suporte a empresas de óleo e gás.

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Olhando para frente, o principal objetivo da OceanPact deve ser transformar sua competência de assinar e renovar contratos em geração de caixa. Desde o IPO, a empresa elevou seu backlog de projetos em 46%, para R$ 3,5 bilhões. “Porém, com altos investimentos em 2021 e resultados abaixo do estabelecido durante o processo de IPO, houve pouca materialização em termos de retornos financeiros”, apontam.

Cabe destacar que, no início do mês, o Bradesco BBI reduziu a recomendação da OceanPact de compra para neutra, com aumento da percepção de risco após a a notícia sobre o acordo trabalhista que fez a ação desabar. O preço-alvo atual para a ação é de R$ 5,50, alta de 24,4% em relação ao último fechamento.

“Por baixo de tudo, reconhecemos que existe um negócio sólido e a avaliação pode parecer tentadora. No entanto, enquanto a capacidade de execução da empresa permanece intacta, no médio prazo, o desempenho das ações deve ser limitado por um múltiplo inferior. Assim, reduzimos nossa recomendação”, apontaram os analistas do BBI.

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Os analistas apontaram que a Oceanpact não merecia um desconto de avaliação para a Tidewater (seu par internacional mais próximo com cobertura de analista e projeções publicadas). No entanto, com base nos eventos recentes, avaliam que um desconto é justo.

“Em nossa opinião, para que as ações da Oceanpact tenham uma melhor performance, os potenciais gatilhos poderiam vir dos seguintes pontos: (i) uma reclassificação múltipla mais perto de seu setor / pares (mas que achamos que levará algum tempo); e (ii) a capacidade de execução da empresa (que permanece intacta) para entregar além das atuais expectativas de crescimento. Sobre este último ponto, atualmente não vemos gatilhos importantes no curto prazo”, apontaram.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.